• Percival Puggina
  • 14/08/2016
  • Compartilhe:

O SILÊNCIO DE MARISA LETÍCIA E FÁBIO LUIS

 


 A esposa de Lula e o filho Fábio Luis foram convocados para depor sobre aquele sítio que dizem não lhes pertencer. Como se sabe, a família usava o local como proprietária, atuou nas obras e reformas como se fosse dona, mas tudo era custeado por empreiteiras que trabalhavam para o governo Lula. Por seus advogados, mãe e filho afirmaram nada terem a declarar. Se intimados, permaneceriam em silêncio. O delegado não abriu mão da convocação e os advertiu sobre uma possível condução coercitiva.

 Situação constrangedora! Imagine dona Marisa Letícia acompanhando a obra, escolhendo materiais, dispondo sobre detalhes, aceitando isto, recusando aquilo, dando ordens e recebendo mesuras dos engenheiros e arquitetos, gerando despesas vultosas numa propriedade alheia. Por que estava ela ali? Porque o marido assim determinou. De repente, ela e o filho são chamados à delegacia para dar explicações sobre algo tão indecifrável.

Fico a imaginar com quanta diligência qualquer leitor destas linhas se apressaria a comparecer espontaneamente perante a autoridade policial e a tudo esclarecer - fatos, relatos, documentos e testemunhas - para que nenhuma dúvida pairasse sobre sua honestidade pessoal, para que mácula alguma sombreasse sua família.

Se assim agiriam pessoas de bem, de que se pode cogitar quando o silêncio é a resposta possível, quando o chão é o lugar certo para esconder o olhar e quando a imobilidade facial é a única expressão que alguém se permite?

O homem por trás desse constrangimento todo é o chefe daquela família, o ex-presidente da República, o senhor Luis Inácio Lula da Silva. Sua ascensão ao poder foi encarada como oportunidade de enriquecimento familiar e assim levada de modo tão minucioso quanto amplo. Sei que é duro escrever sobre ele e sobre isso num dia como o Dia dos Pais. Mas o constrangimento de Marisa Letícia e do filho Fábio Luis, que ocupam o noticiário deste fim de semana, têm tudo a ver com o sentido de honra que o marido, que o pai, não soube preservar. Ao ceder em dignidade, perdeu alguns amigos e granjeou muitos outros. Nasceu a maior organização criminosa de que se tem notícia. Creio que pelos amigos antigos falou José Carlos Bumlai, com as palavras que li nos jornais de hoje, 14 de agosto. Bumlai era tão ligado ao ex-presidente que a recepção do gabinete presidencial mantinha ativo um cartaz com sua foto assegurando total prioridade de acesso a Lula. E o que disse Bumlai sobre suas relações com o ex-presidente e seu partido? - "Fui o trouxa perfeito do PT"! Em fevereiro, ao depor, Lula tentou empurrar a reforma do sítio para Bumlai. Seria um presente do trouxa perfeito. O advogado do pecuarista, contudo, refutou a afirmação: "Só se a Odebrecht for propriedade de Bumlai, o que não me consta".

O anunciado silêncio de Marisa Letícia e Fábio Luis certificam o precipício moral em que a cobiça, a arrogância e a vaidade lançaram o chefe da família Lula da Silva.

___________________________________
* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Genaro Faria -   16/08/2016 03:12:11

Imagem Comentada - Não faça isso comigo, meu querido professor Puggina. Eu não tenho mais idade para esse tranco. Mais um desses e eu acabo na horizontal, florido como um jardim na primavera. Peça ao carteiro para não lhe entregar mais cartas de marcianos. E se essa providência não for suficiente, decrete um controle social da mídia. Só passa por ele quem mostrar a carteirinha do PT. No meu caso, afirmo que receio esse vírus ideológico. Quem me garante que não vou sofrer um surto psicótico e sair por aí berrando Fora Temer? Como disse o poeta romano Publio Terencio: - Sou humano; nada que seja humano pode me ser estranho". Que o matuto traduz por "pau que dá em Chico dá em Francisco". Mas eu sei que você não brindou seus leitores com esse desatino para os divertir. Ao contrário, você o fez para os advertir, pois toda insanidade que ela evoca não tem uma só linha extraordinária. Cada sentença dela, ao contrário, expõe a essência da enfermidade do seu autor. Por isso eu me referi ao vírus, agente bacteriológico que, estranhamente, infecta até povos orgulhosos de sua cultura. Ou melhor, principalmente estes, caoazes de fazer de um Hitler, Mussolini ou Lula deuses com trono no Olimpo da estado totalitário.

jorge -   16/08/2016 01:18:42

O QUE ME DEIXA ESTARRECIDO,É TANTOS MINISTROS DESCARADOS ACOBERTANDO ESSES BANDIDOS.

Carlos Edison Fernandes Domingues -   15/08/2016 12:09:01

PUGGINA ! O silêncio fala mais alto . Carlos Edison Domingues

Odilon Rocha -   15/08/2016 03:13:03

Caro Professor O que me impressiona nessas histórias todas é a total falta de caráter, um despudor doentio, uma frieza descomunal. Mas, impressionante mesmo é como ainda tem gente que tenta defender essa gente. Se não isso, ao menos nem se importa, nem sequer trata do assunto. Indiferença, lógico, que não pode ser tida como conivência, mas que tem o mesmo valor desse silêncio descrito no artigo.

Genaro Faria -   14/08/2016 22:11:56

A famiglia Corlulone está proclamando a verdade por um silêncio eloquente. Mantém o pacto da omertà com uma fidelidade comovente ao chefe. Como disse madame Dilmula (sem cabeça), delação premiada é traição. Cumpaêro é cumpaêro. O resto é ladrão.