• Percival Puggina
  • 24/08/2015
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O SENHOR DOS MARES E DAS MAROLAS

 

 No ano de 2007, o sucesso subira à cabeça de Lula. O hoje rejeitado filho de Garanhuns era aclamado nacional e internacionalmente como "o cara". Era o cara que teria acabado com a miséria no Brasil, o cara que projetara o país como o primeiro da fila de espera para ingressar no Primeiro Mundo, o cara que ansiava por uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, o cara que se julgava capaz de resolver qualquer encrenca internacional, o cara que tornava o Brasil autossuficiente em petróleo, o cara de quem Obama disse, textualmente: "I love this guy! The most popular politician on earth". Te mete! Lula podia tudo. Embora muitos ao seu redor tivessem tombado, saíra incólume do mensalão. Frustrando as expectativas dos que esperavam enfrentá-lo exangue em 2006, colocara no peito a segunda faixa presidencial.

Nesse jogo, porém, Lula tinha muito a agradecer e pouco a oferecer. A prosperidade da economia brasileira, que permitiu saltos na arrecadação, no mercado de trabalho, nas exportações tinha tudo a ver com o espetacular crescimento do mercado chinês, que elevou o preço das nossas commodities. E nada a ver com competência administrativa. O governo, sabe-se agora, era uma versão institucional do Gran Bazaar, lugar de muitos e rentáveis negócios, cuja alma, como sempre em tais arranjos, era a publicidade. O presidente não tinha qualquer das virtudes necessárias a um bom gestor. Sempre foi, isto sim, um político conversador, populista e oportunista. Deveria agradecer aos que, antes dele, assumiram o sacrifício político de colocar o país nos trilhos da responsabilidade fiscal. Mas não.

Ah, se Lula tivesse sido um bom gestor! Com os recursos de que dispôs, com o apoio popular que soube conquistar, com o carisma que Deus lhe deu, teria preparado as bases necessárias a um desenvolvimento sustentável. Nenhum outro presidente, em mais de um século de república, navegou em águas tão favoráveis. Contudo, do alto de sua vaidade, embora fosse apenas um mero e pouco esclarecido barqueiro, ele acreditou ser o senhor dos mares e das marolas. "Vaidade! Definitivamente meu pecado favorito", confessa o personagem representado por Al Pacino em O Advogado do Diabo. E a vaidade de Lula jogou o Brasil no inferno em que hoje ardemos sob o governo de Dilma.

É bom lembrar. Em 2007, tamanha era a euforia de Lula que ele importou, assim como Collor faz com carros esportivos, esse luxo extravagante que foi a Copa de 2014. Consumidor insaciável de manchetes, nesse mesmo ano começou a negociar a aquisição, para o Rio de Janeiro, da sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A Copa, na hora da bola rolar, se tornara algo tão fora do contexto, despesa tão despropositada, que ele sequer teve coragem de comparecer a qualquer dos jogos! E sua herdeira foi hostilizada de modo constrangedor na solenidade inaugural.

O jornal O Estado de São Paulo de ontem, 23 de agosto, divulgou um relatório de custos dos Jogos Olímpicos. O mais recente levantamento disponibilizado pela prefeitura do Rio informa que, faltando contabilizar algumas despesas de menor monta, os Jogos (que beneficiarão quase exclusivamente a capital carioca) custarão ao povo brasileiro R$ 38,67 bilhões. Se somarmos essas duas extravagâncias lulopetistas, chegaremos a R$ 66 bilhões e a um conjunto de elefantes brancos. Quantas aplicações mais úteis ao país seriam possíveis com tais recursos! Num ano em que o governo corta quase R$ 12 bilhões da área de Saúde e se agrava o caos do setor, corta R$ 9,42 bilhões da Educação e universidades fecham as portas por não disporem de recursos para dar continuidade ao ano letivo, a gestão temerária do lulopetismo continua jogando dinheiro fora para apresentar outro show ao mundo. Gestão temerária se caracteriza por conduta impetuosa, imponderada, irresponsável ou afoita. Não é uma descrição perfeita dos acontecimentos aqui mencionados? O prefeito de um pequeno município já foi condenado por isso.

* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

 

 


zeca -   29/08/2015 07:39:16

Análise econômica primorosa... o ponto forte do Puggina!!!

Carlos Flávio -   27/08/2015 15:25:49

Esta narrativa expõe a força da vaidade diante da fragilidade de um indivíduo, que a história aos poucos vai revelando. O povo de Garanhuns-PE, expos ao mundo esta triste figura, pedindo desculpas e sugerindo o local ideal para ele lá repousar (a cadeia). Sem duvida o momento da economia mundial em 2006/2007 foi de grandes oportunidades, mas de que adiantou se haviam cegos e embusteiros a frente do governo. Não foi pior devido a manutenção de certas diretrizes criadas no período FHC. Se o anão de nove dedos atendesse os xiitas do partido, seria infinitamente pior.

Gustavo Pereira dos Santos -   26/08/2015 09:08:06

O artigo me remete a 2007/2008. Tive discussões homéricas com alguns poucos colegas petistas. Eu frisava que o Brasil estava perdendo uma chance de ouro e eles tocavam flauta. Os colegas petistas sumiram e o fracasso da ANTA clareou a realidade. Lastimo pelos milhares de brasileiros que morreram vítimas da exagerada violência ou da Saúde precária e dos muitos que não se desenvolveram pela falta de educação.

Data Venia -   25/08/2015 17:36:12

Se os partidos aliados deste governo apodrecido continuarem ignorando a vontade da grande maioria dos brasileiros, salvando Dilma, Lula e o PT, vamos dar a resposta nas urnas. Eles fazem o acordão e nós fazemos o FAXINÃO!

Genaro Faria -   25/08/2015 12:37:15

Começo pelo fim e pretendo acabar pelo começo do seu artigo. "Não é uma descrição perfeita dos acontecimentos aqui mencionados? " Não. Não é mesmo. O que avaliza essa conclusão é a sua boa fé. Lula não foi um filho pródigo da herança que recebeu nem das circunstância mundiais que você resumiu, meu caríssimo professor Puggina. Duvida? Pergunte a ele. Ou a Zé Dirceu, cujo domicílio é sobejamente conhecido e suponho que esteja com a agenda livre. Ou então a qualquer "companheiro" do milagre brasileiro que eles prodigalizaram. Algum deles haverá de lhe conceder uma entrevista sob a condição de que você não conte "o nome do santo"? Nunca! Nem se for de jeito nenhum. Por quê? Porque desde as investigações que resultaram no julgamento do chamado mensalão, só os banqueiros, o marqueteiro e os publicitários "abriram o bico". E esse padrão se mantém até agora no chamado petrolão . Os executivos de estatais, doleiros e empreiteiros, ouvindo os conselhos de seus advogados, negociam os termos de uma delação premiada. E essa fila vai andar, com certeza. Mas que ninguém espere de um prócer do PT essa adesão. Por que não? Porque a lei que eles obedecem é outra. Bem diversa da que nos submete. A começar pelo órgão que a executa por um processo que não prevê o direito ao contraditório, a gradação da pena e, pior, sua individualização. Esta se estendo, como nos primórdios da civilização, a toda famílias, a todos que sejam caros ao "traidor". O que, é claro, do prêmio de uma delação em juízo um malefício muito maior do que qualquer benefício que a lei possa contemplar o réu. É por isso, querido Puggina, que nenhum dos iniciados nessa organização criminosa mascarada de partido político - o PT - prefere passar o resto da vida na cadeia a denunciar um "companheiro". E concluo pelo começo: Lula jamais cogitou escrever seu nome na história como um estadista. Nem mesmo depois que se sucessor, Zé Dirceu, foi cassado. Sua pretensão era muito maior. Ele queria ser um bilionário, com o ego inflado por títulos nobiliárquicos, diplomas emoldurados na parede e troféus a expungir os ressentimentos que tanto o torturaram desde a infância. Não e outro perfil que ele delineia em sua vida. Esta a conclusão a que cheguei desde que passei a observar esse fenômeno político ao ler uma entrevista dele à reviosta Playboy, antes que ele fosse eleito presidente. Cito de memória: Pergunta: Quem o senhor admira, seu ídolo? Resposta: Hitler. Pergunta: Hitler?! Por quê? Resposta: Porque ele sabia o que queria e lutou por seus objetivos. Ora, todos nós sabemos que Lula nunca leu nada. Ele mesmo declarou. E também sabemos que ele nunca estudou além do quarto ano primário (assim se chamava a primeira etapa de nossa educação escolar). Quem teria descoberto esse talento? Um dia saberemos. O de seu congênere nazista hoje sabemos que foi infiltrado no Partido dos Trabalhadores Alemães pelos von Krupp e von Thyessen, barões do aço, liga de ferro e carbono que até então balizava a independência dos países industrializados. Mas o rio Reno, indiferente a essa disputa, dividia o vale do Rhur, rico em ferro, do Lorena, rica em carvão. Não foi à toa que a união aduaneira entre a França e a Alemanha nasceu de acordo que extinguiu as barreiras alfandegárias entre esses países , que ficou conhecido como o acordo do ferro e do carvão. Dali surgiu a União Européia, formalizada na cidade holandesa de Maastricht. Lula, como Hitler, são títeres. E nessa galeria da história eles não estão sozinhos. Nosso Hitler só está encoberto. Mas "não há verdade que o tempo não revele". (Racine)

RICARDO MORIYA SOARES -   25/08/2015 11:23:31

"O que perturba a sua casa herdará o vento, e o tolo será servo do sábio de coração." "In Cachaça Veritas." "Eles fazem um deserto, e chama isso de paz!" "Os comunistas são pessoas que leram Marx e Lenin, os anticomunistas são aquelas que entenderam." "Não estuda p... nenhuma, mas acha que sabe tudo!"

Nararosangela -   25/08/2015 08:08:22

Se fossem pessoas decente, responsáveis e interessadas no bem público, os petistas poderiam ter feito maravilhas por nossa Nação. Estavam no lugar certo na hora certa, mas eram as pessoas erradas. Desperdiçaram uma chance, talvez única, para o Brasil. E não tem decência para reconhecer isso.

Odilon Rocha -   25/08/2015 01:27:49

Fato patente! Quem ainda pensa em defender, ou argumentar a favor, precisa se olhar no espelho, se conseguir!