• Percival Puggina
  • 20/10/2017
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O SENADOR MAGNO MALTA ESTÁ FALANDO POR MIM

 

 É da natureza da tolerância a existência de limites. Questão de pura racionalidade: na ausência de quaisquer balizas, a tolerância que abrangesse o impossível de tolerar abraçaria, inclusive, a mais odienta intolerância, tornando-se autodestrutiva.

Por isso, é importante a construção de consensos mínimos, em torno de algumas verdades e direitos em torno dos quais se constroem leis e preceitos constitucionais. Com eles se elimina a subjetividade em relação a algumas determinações de certo e errado, justo e injusto, permitido e proibido. Conta-se que um professor, interpelado por aluno que afirmou ser subjetivo e relativo o conceito de justiça, apontou-lhe a porta e ordenou-lhe, em alta voz, que se retirasse da sala. Diante da surpresa de todos, o professor perguntou à classe: "O que estou fazendo lhes parece justo?" Como a resposta foi negativa, esclareceu: "Ele acha que é tudo relativo e que na minha perspectiva pode ser, sim."

Como lembra Alfonso Alguiló num interessante livrinho sobre tolerância, foram necessários milênios para que a humanidade, através dos pensadores gregos, alcançasse a capacidade de distinguir o bem do bem individual. Isso representou um enorme avanço no sentido da moral e o fato de que ainda hoje, em diferentes culturas, essa noção esteja dispersa, não significa que não existam concepções superiores e inferiores, embora nos tentem convencer de que é "politicamente incorreto" afirmá-lo. Opinem sobre isso as crianças emparedadas, os bebês abortados, os ladrões de mãos cortadas e os infiéis de cabeças decepadas... Os profetas do relativismo moral, os sacerdotes do "politicamente correto" vivem de convicções que negam a todos os demais. E ainda lograram convencer parcela expressiva das sociedades civilizadas de que não precisam respeitar a ninguém exceto a si mesmos.

Vamos ao ponto desta reflexão: o senador Magno Malta fala por mim nestes tempos marcados por inegável, inocultável, palpável e multiforme investida contra alguns daqueles limites além dos quais a tolerância ganha outro nome e passa a denominar-se lassidão, covardia. Não preciso descrever (até porque já cumpri a indigesta tarefa em texto anterior) os extremos a que chegam as agressões a duas dessas balizas: a inocência da infância e a sacralidade das manifestações de fé. Em diversos vídeos, entre os quais este, o senador Magno Malta aborda o tema de uma forma que representa meu pensamento e me dispenso de ampliá-lo aqui.

Minhas perguntas vão além. O que faz o governo Temer que não fecha a torneira da Lei Rouanet e da Lei do Audiovisual para eventos que atentam contra a infância e cometem vilipêndio religioso? O PPS apoia o disponibilização desses recursos através do ministério da Cultura sob seu comando? O que têm a dizer ou fazer os católicos do Congresso Nacional a esse respeito? Ou só cuidam de reeleição? O DEM apoia o aparelhamento do Ministério da Educação por pedagogos cujo objetivo de vida parece ser a implantação da ideologia de gênero no cérebro das nossas crianças? Por que não se conhecem ações expressivas da CNBB (como acontecem em certas pautas ideológicas) com relação a essas perniciosas políticas de cultura e educação?

Seremos tão poucos os que compreendemos o quanto deve ser maligno o objetivo de quem mobiliza, em todo o Ocidente, ações multiformes e sistemáticas contra o cristianismo, a instituição familiar a vida e a infância? Não se pode e não se deve tolerar o intolerável.


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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Fernando Prieto -   27/10/2017 07:49:56

Excelente artigo ! Onde estão nossos "representantes", nossos "líderes" religiosos, nossos "orientadores" que não falam por nós e não tem coragem de defender os princípios da classe média (que é a que constrói qualquer nação) ? Estão acovardados face ao pensamento "politicamente correto" imposto a nós, despejado em nossas mentes por grupos que só querem o poder, em todo o mundo? Triste Brasil, que só traz de fora o que não presta... Lutemos o quanto pudermos, no plano das palavras e ações, para preservar os princípios de moral judaico/cristãos, que juntamente com os fundamentos culturais greco/romanos edificaram a sociedade mais avançada que o mundo já conheceu, e que no momento está em perigo... A propósito, sugiro a todos a leitura do artigo "A janela de Overton", que consta deste mesmo blog, em Outros Autores (artigo de 23.10.2017, de autoria de Luciano Pires) sobre uma das maneiras de condicionar uma sociedade a mudar seu pensamento. Deus abençoe o autor e nos proteja!

Fernando Prieto -   26/10/2017 22:53:24

Será que temos alguém que represente de fato o modo de pensar da maioria da classe média brasileira, que trabalha duro , tenta educar os filhos, passar-lhes valores sólidos quanto à origem e consistência? Nossos políticos só pensam na própria permanência no cargo (seguramente estão entre os que são melhor pagos e tem mais "mordomias" do mundo); nossos "líderes" filosóficos e religiosos (???) só querem saber de expressar opiniões "politicamente corretas" (isto é, agradáveis aos modismos internacionais despejados sem quaisquer critérios sobre nossas cabeças)... Só copiamos os que se faz de errado no mundo desenvolvido; damos demasiado valor a coisas que desviam nossa atenção e nossos recursos de conceitos profundos e importantes, de atividades que nos melhorariam intelectualmente (por exemplo, a leitura de textos mais profundos). Enfim, como diz outro artigo (excelente) deste mesmo blog , do autor Luciano Pires 23.10.2017 ("A janela de Overton") está em pleno curso uma tentativa de modificação de conceitos e valores (queira Deus que não tenha sucesso).

ronaldo rego -   24/10/2017 02:12:48

Ouvir candidatos a um cargo em 2018 é de dar cólicas. Por que os mais sábios e mais nobres não se candidatam? Será que só temos isso que vemos na TV? Nessa caso, nosso governo é bem representativo do povo que temos. Melhor seria economizar, desfazer o Congresso e aquela multidão de gigolôs dos nossos impostos . Mas para isso só um governo forte, militarizado, capaz de enfrentar os inimigos da criminalidade e anular os inimigos que infestam os meios de comunicação. Isso que temos é democracia? Não serve. Temos que fabricar outra, em novo contexto . Com certeza teremos uma multidão de votos anulados.

Marcus -   23/10/2017 12:52:22

Seu texto nos representa! Ontem, a maioria dos brasileiros era analfabeta. Um século depois aprendeu a escrever e ler, mas não a entender. Como nação temos ainda um longo caminho para superar essa deficiência intelectual das massas tão facilmente manipulada pelos meios de comunicação. Quanto mais ignorante o povo, mais influenciado pelos formadores de opinião. Infelizmente a politicamente manipulada classe artística ainda se ilude achando que são intelectuais.

Genaro Faria -   23/10/2017 11:42:47

Pela baixa ou baixíssima qualificação de seus adeptos em todas as instâncias da atividade humana nas quais se manifestam, bem como pelo raciocínio primitivo e tortuoso que expressam sem quaquer responsabilidade intelectual, para não dizer da absoluta falta de autoridade moral, eu só consigo concluir que o comunismo represente uma tão grande ameaça à humanidade em razão dele ser uma obra satânica. Só assim é que se explica o poder dessa "doutrina" em fazer do homem um títere dessa grande mentira, pois o demônio entende como poucos das fraquezas humanas e baixeza de caráter. Não é à toa que tantos homens medíocres estejam a dominar homens muito superiores a eles nestes tristes tempos de culto ao bizarro. Como disse o poeta português Antônio Aleixo: de tanto ver homens sem inteligência dirigir homens inteligentes, às vezes eu penso que a burrice é uma ciência".

Ricardo Sierban -   23/10/2017 06:29:12

Excelentes blog e conteudos. Cheguei aqui através do Prof. Olavo de Carvalho e o conteúdo é ótimo.

José Ismael Heinen -   23/10/2017 00:37:31

Parabéns Pugina, a nossa comunicação através GLOBO é monocrática e pela sua origem é anticristo o que comprova seu apoio maciço as exposocoes da pseudo arte divulgada às crianças com viés de chegar aos adultos!!!

Susana -   22/10/2017 21:50:58

Realmente, Sr. Puggina, nos espanta o silêncio dos representantes dos catolicos, entre outros , e termos somente a voz do Senador Magno Malta a denunicar esse vilipêndio.

André Ambrosio Abramczuk -   21/10/2017 18:12:11

Vai aqui um trecho de "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos", de Sir Karl Raimund Popper. Nestes tempos de livres pregações neo-fascistas e de ideologias da pior espécie, com ataques de evangélicos a terreiros de umbanda, Popper tem muito a dizer com seu Paradoxo da Intolerância: "A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estamos preparados para defender uma sociedade tolerante contra os ataques dos intolerantes, então, os tolerantes serão destruídos, e a tolerância juntamente com eles. Essa formulação não implica que devemos sempre suprimir as filosofias intolerantes, desde que tenhamos mecanismos para combatê-las com argumentos racionais, e que possamos mantê-las sob controle diante da opinião pública. [.......] Devemos, portanto, em nome da tolerância, reivindicar o direito de não tolerar os intolerantes. Devemos enfatizar que qualquer movimento que pregue a intolerância deva ser considerado fora da lei, e considerar a incitação à intolerância e perseguição devido a ela, como criminosa."

Ismael de Oliveira Façanha -   21/10/2017 03:01:38

Toda essa campanha pela "teoria de gênero", visa considerar a Homossexualidade um comportamento NORMAL e PERFEITAMENTE NATURAL. Assim, o que era considerado PERVERSÃO por psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, deveria ser tido e havido como perfeitamente aceitável e normal, como a HETEROSSEXUALIDADE o é. Então hoje assistimos nas famílias "esclarecidas" com filhas "sapatão", serem as "namoradas" chamadas de "NORAS" pelos senhores pais. É o que se vê aqui mesmo em Porto Alegre, tanto na classe pobre como na classe média. E como!!! Tenho visto jovens mulheres com dois ou três filhos, juntarem-se como "esposas" de uma machorra. Acham médicos para retirada de seios, para receitar testosterona e assim poderem fazer a barba! A classe médica aceita tranquilamente suas novas e AÉTICAS, PORÉM RENDOSAS, TAREFAS... A BÍBLIA é o único escudo e confiável armadura, que blinda as famílias contra esse e outros males do satânico mundo em que vivemos.

Odilon Rocha -   20/10/2017 22:58:44

Enquanto isso as propagandas partidárias prosperam em promessas e mais promessas, como sempre. Perderam aquele ar sério, cheias de inovações e moderninhas. Até parece para valer, ...meus Deus! As ouço seguramente há bem mais de 40 anos. Se o que dizem fazer pelo País tivesse sido cumprido sem eira nem beira, não estaríamos na lama, moral e econômica. Lassidão, descaso e mentira, muita mentira, embromação e pilantragem para com o povo e a Nação tem limite. Estamos com a corda esticada. Uma hora arrebenta. O Brasil é o pior aluno da face da Terra. Não estuda, não lê, não cria juízo, cola, gazeteia aula, prefere o menos, o baixo, foge de suas responsabilidades, parte para o crime, se degrada. Assim, não há Deus que ajude!