• Paulo Rabello de Castro
  • 07/05/2009
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O RETORNO DA BOLHA - Folha de S?Paulo

A euforia, desta vez, ?limentada pelos bancos centrais com uma quantidade sem precedentes de moeda O SISTEMA de cr?to norte­americano ainda vai precisar de uma grande faxina de ativos desvalorizados antes de se ouvirem as trombetas da recupera? global. O an?o da concordata da Chrysler desmancha a profecia das autoridades e dos diversos porta­vozes do setor financeiro de que o balan?de lucros e perdas da crise j?eria virado o cabo da boa esperan? Os grandes bancos americanos ter?que contabilizar enormes perdas adicionais decorrentes da transforma? dos seus empr?imos ?montadoras GM e Chrysler em partes acion?as. Mas ?oss?l tamb?que, fora dos seus balan?, os bancos problem?cos carreguem mais alguns bilh?em opera?s de troca de riscos (ou swaps) de cr?to, tendo que arcar com o pagamento integral de d?das asseguradas, independentemente de as montadoras poderem ou n?saldar os valores originalmente devidos. Se isso se confirmar, mais socorro do governo americano aos bancos por meio do Tarp (Troubled Asset Relief Program) vai se tornar indispens?l. Desde o in?o da crise, cerca de US$ 2,7 trilh?(cerca de 20% do PIB) j?oram despendidos pelo governo em opera?s de socorro ou est?lo. Na absoluta contram? os mercados de renda vari?l continuaram a emitir sinais de euforia cada vez mais acentuados nas ?mas semanas e dias. A alta generalizada das Bolsas e das cota?s em mar? abril e nestes primeiros dias de maio (no Brasil, isso ocorre desde o fim de 2008) ?nterpretada por muitos como um sintoma inequ?co da virada, n?s? humor dos investidores como da pr?a retomada de compras pelos consumidores, mesmo nos pa?s hoje mais afetados pela retra? generalizada. Est?ais para retorno da bolha. A leitura alternativa ?ue essa recupera? recente das cota?s de Bolsa de Valores e de commodities, especialmente petr? e soja, foge aos padr?esperados de oferta e demanda, para se localizar, de novo, como no ano passado, na mesma febre especulativa que enfeiti? os especuladores com del?os de ganhos extraordin?os. E por que essa nova bolha acontece? A explica? ainda ? mesma que a de 2007 e a de 2008, s?e a euforia, desta vez, ?limentada pelas autoridades monet?as dos principais pa?s com uma quantidade sem precedentes de moeda, emitida para financiar as opera?s de socorro. Sem risco imediato de infla?, o Fed dos EUA, os bancos centrais da China e Jap? os bancos da Inglaterra e da Europa passaram a utilizar o expediente das emiss?sem lastro como recurso de ?ma inst?ia para financiar as interven?s de ajuda dos seus governos ao setor financeiro, ?empresas em apuros e ?ag?ias hipotec?as insolventes. A enorme liquidez adicional, neste primeiro momento, contorna o mercado de empr?imos a empresas, de cujos riscos de cr?to os bancos est?fugindo, para se alojar no circuito mais l?ido da compra e venda de ativos. Constitui atrativo permanente a especula? compradora em mercados de valores e commodities que permitem a entrada e a sa? a qualquer momento, embora extremante vol?is. S?esses movimentos de acomoda? da enorme massa monet?a adicional que, afinal, conduzem a est?los altistas nas Bolsas, como temos visto. Mesmo um n?especialista desconfiaria de que o apelo desesperado ?nje? de liquidez encontrar?mais ?rente, empresas e indiv?os ainda mais debilitados para prosseguir na rolagem de seus d?tos. Mas, at???ma festa dos comprados. * Professor de economia – paulo@rcconsultores.com.br