Percival Puggina
Presidente, pense eleitoralmente, mas pense, também, politicamente.
Acho que já referi que falei com Bolsonaro uma única vez na vida. Não sou próximo e não tenho interesse em ser próximo aos espaços de poder. De qualquer poder. Este cantinho do mundo onde vivo me dá um bom ângulo de visão sobre o que acontece em meu país e isso me basta para seguir fazendo o que gosto junto à parcela da opinião pública com interesse em saber o que penso sobre o que vemos.
Por isso escrevo estas linhas sem a pretensão de ser lido pelo presidente da República. Dirijo-me aos meus leitores.
Segundo muitos, Bolsonaro teria, na real, obtido votos para vencer a eleição de 2018 no primeiro turno. Disso nada sei, mas não duvido que pesquisas eleitorais honestas, não elaboradas com o intuito de manter viva a disputa no primeiro turno, talvez tivessem produzido essa consequência. Vi acontecer o mesmo no segundo turno, quando as pesquisas apresentaram margens de erro tão descomunais que pareciam elaboradas no aconchego de algum comitê eleitoral adversário.
O fenômeno já está novamente em curso, favorecido pelas reiteradas negativas no sentido da adoção do voto impresso auditável. Repete-se o cenário. O presidente só tem o apoio que falta aos outros – o apoio do povo. E poderia dizer, bem sinteticamente – do povão. Como em 2018, partidos e meios de comunicação trabalham para derrotá-lo, com ainda maior afinco.
O presidente precisa lembrar-se de que naquela eleição o candidato Geraldo Alckmin foi apoiado por 9 partidos de peso. Suas bancadas na Câmara dos Deputados representavam mais da metade das cadeiras. Ele tinha em tese, um exército de congressistas para agir por si. E fez menos de 5% dos votos. A maior parte daqueles parlamentares migrou em apoio a Bolsonaro e o abandonou após a eleição como havia abandonado Alckmin na campanha de primeiro turno.
Com isso, estou querendo dizer que não se pode amarrar cachorro com linguiça. Ele não pode correr o risco de enfrentar mais quatro anos com as mesmas dificuldades com que convive hoje. O modelo precisa de correções. Se não ainda constitucionais, ao menos que o sejam de negociação política e não ao sabor dos abraços. O presidente precisa de um partido forte, de acordos sólidos com outros partidos fortes. Para uma campanha feita com segurança e que inspire confiança.
O presidente está fazendo um bom governo; só os desajuizados da política, em suas “narrativas”, afirmam o inverso. No entanto, a impressão deixada pela falta de uma base partidária e parlamentar sólida é de instabilidade política a inspirar desabafos presidenciais, necessários, mas pouco produtivos. Os adversários baterão nessa tecla, pisarão nesse calo. E ele dói. O xadrez da construção da estabilidade é mais difícil, mas bem mais eficiente.
A política é como essas modernas “plataformas” tecnológicas que a toda hora precisam de atualizações. E nós estamos desatualizadíssimos. Será um erro enfrentar tudo e todos confiando, ali na frente, que os melhores chegarão ao Congresso em número suficiente para, com eles, formar uma sólida maioria. Não vai funcionar. Política, presidente. E o Supremo é tóxico demais para o senhor fazer política.
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
JOSE ROBERTO DE LIMA MACHADO - 12/07/2021 12:28:49
O "nosso exército" ou "o meu exército" é uma maneira afetiva e positiva de denotar patriotismo e dedicação a força. Que "todo militar do EB" se acostuma a proclamar; constantemente e oportunamente. Quase um "grito de guerra": um hábito adquirido desde a Academia Militar. Sou militar contemporâneo do Bolsonaro na AMAN. O Bolsonaro, na minha modesta ótica, é a única opção do momento, em condições de nos proporcionar alguma chance frente a tsunami cooperativista que desconstrói a Civilização Ocidental (judaico-cristã).Ronaldo Tenorio - 12/07/2021 10:33:39
Importantíssimo o que diz Puggina ao Presidente, mas que Partido grande ele pode se encostar, todos estão corrompidos pela pecha da corrupção.Décio Antônio Damin - 12/07/2021 10:04:26
Diga ao Presidente que não se esquive das respostas que deve à nação! Explique, com a simplicidade das respostas verdadeiras, o seu relacionamento com o Queiroz, a proteção instintiva dos seus filhos e amigos, os depósitos obscuros na conta de sua mulher, o porquê do negacionismo opiniático e mortal à Covid 19...! Explique as ameaças que faz à Democracia se perder as eleições, e até a não realização das mesmas, se a sua idéia "ditatorial" de impedí-las se a sua sugestão de voto impresso não for acatada...! Que pare de dizer que "o meu exército" vai evitar que o mal maior aconteça, porque ele não é "seu". Seja sincero, verdadeiro, simples e direto...! A verdade é fácil de explicar... Difícil é explicar a mentira...!JOSE ROBERTO DE LIMA MACHADO - 12/07/2021 09:02:59
Sou de parecer, salvo outro juízo, que sob o estado de guerrilha cultural marxista-gramsciana. O qual estamos submetidos há décadas. Só restabeleceremos a liberdade do nosso modo de vida por meio da "ação de força profissional". Eles, foram muito longe e não retrocederão pacificamente.Roberto Carvalho - 11/07/2021 21:39:09
Parabéns Percival pelo brilhante texto. Não é preciso desenhar. Lucidez totalEduardo - 11/07/2021 16:13:52
A base de Bolsonaro é instável porque é feita de oportunistas. E quem os arregimenta tem responsabilidade sobre este cenário, Por ação ou omissão, pois as moscas só rodeiam a merda.Alfonso - 11/07/2021 15:46:11
Concordo em gênero, número e grau. Atualização em muitos pontos e evitar aquela toxicidade repugnante de algumas pessoas que não são, mas eles acreditam que foram colocados ali para legislar sem ser legisladoresJoão Régio Heitor - 11/07/2021 01:46:40
Percival, um bom disk jockei não é só aquele que leva a turma à pista de dança, mas principalmente aquele que segura aquela mesma turma em ação! Eu penso que nós patriotas temos o dever de não deixarmos a pista vazia! A nossa atitude é de lutarmos sempre coesos! "Eu quero o meu Brasil de volta"????????Virgínia Trigo - 10/07/2021 13:52:20
Concordo. Os mesmos problemas, se apresentam, e isso, requer objetividade, e estratégia, urgentemente.Maria LF Cauduro - 10/07/2021 13:16:13
Concordo inteiramente, Puggina. Falta uma base partidária sólida no CN. Falta tb organização e planejamento para defenderem o PR e baterem organizadamente na oposição .Martimiano Leme - 10/07/2021 13:08:35
Estimado Percival Sua reflexão é clara e transparente como Aqua! Estamos de pleno acordo.Luiz R. Vilela - 10/07/2021 09:16:25
O Bolsonaro foi a coisa mais diferente que apareceu na política brasileira, depois da tal de redemocratização. Uns dois anos antes das eleições, já se viam por todo o Brasil, placas a beira das ruas e estradas enaltecendo o dito cujo. Era uma propaganda feita por gente que não participava da política tradicional, mas sonhava em ver uma mudança no pais. Pois bem, o Bolsonaro foi no começo, acompanhado por uma gama de desconhecidos e muitos oportunistas que pensavam que o governo dele, seria uma espécie de governo lula da direita, com o devido e amplo loteamento dos cargos entre os apoiadores. No segundo turno, já com as chances reais de vitória, foi uma romaria de políticos para a sua candidatura, que inclusive venceram por esta estratégia. Após a posse, estavam todos com espírito preparado para a "farra administrativa", com a distribuição dos milhares de cargos públicos aos novos amigos. Não deu, o presidente resolveu seguir por caminho inverso e causou o maior descontentamento nos seus "apoiadores", que passaram a fazer oposição e boicotar o seu governo. Começou pelo presidente do partido pelo qual foi eleito, que achava que seria o dono do Brasil, como não foi agraciado com qualquer poder relevante, criou a primeira dissidência. Foi o inicio do "calvário" do Bolsonaro. Todos aqueles que estiveram com o presidente na eleição passada e o abandonaram, terão a próxima eleição para provar que tinham luz própria e que ajudaram a iluminar o candidato Bolsonaro, ou então voltarão escuridão em que viviam. Bolsonaro é destemperado, é de sua natureza não deixar nada sem resposta, porém não dá para negar-lhe sua força política, se não fosse os 57 milhões de voto que teve e que o garante no poder, certamente já teria sucumbido a essa avalanche de calúnias que lhes impingem a oposição raivosa e a imprensa venal, em crise de abstinência do dinheiro público.Suzete Dalchau - 10/07/2021 08:35:59
Este texto precisa chegar urgente ao Presidente . Não que ele não saiba, mas é importante saber que pessoas como o escritor deste texto, o está alertando e muito bem por sinal . Sou apenas uma Sra. De 69 anos e TB penso como o senhor Puggina.Vani - 09/07/2021 20:57:24
COMPLICADO ... MAS acho que vai depender mais de nós em darmos esse SUPORTE, teremos que encarar o inimigo com a força de uma argumentação orientada. NOS AJUDE.Alexandre Fleck - 09/07/2021 19:09:53
Bolsonaro e a terceira via. Não tem outra. O congresso nacional nunca será outro diferente deste. O STF será o mesmo, STJ será o mesmo. Os governos estaduais continuarão quebrados. A gasolina não vai baixar. O lula não volta pra cadeia. Sempre será assim. Caguei.Carlos Edison Fernandes Domingues - 09/07/2021 18:43:37
PUGGINA Que conversação pode um homem honesto e patriota manter com integrantes do Senado, que selecionam estes três "líderes " para direcionar esta C.P.I. de picadeiro ?DIRCEU LIMA BATISTA DE MELO - 09/07/2021 18:21:52
Tomara que o nosso presidente leia esse artigo.Antonio Bastos - 09/07/2021 17:19:17
Parabéns Puggina, concordo até nas vírgulas, com a vossa opinião.Marcos Palmeira - 09/07/2021 17:02:15
Boa tarde Puggina, ótima visão e análise futura. O PRESIDENTE necessita de um partido forte.