• Percival Puggina
  • 25/12/2016
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O POLITICAMENTE INCORRETO NATAL

 

 Pouco a pouco, a insânia do "politicamente correto" travestido de multiculturalismo vai passando verdadeira motoniveladora sobre o que não lhe convêm. Em nome de uma falsa reverência a todas as crenças, ele recusa existência pública ao credo cristão. E sufocou, por exemplo, o sentido do Natal. É por obra e efeito de sua produção intelectual e cultural que chegamos a este ponto: o Natal do Menino Jesus se tornou politicamente incorreto.

 Acompanhei ao vivo a firme determinação com que essa empreitada foi levada a cabo. Observei o processo iniciar e atingir seu objetivo em cerca de meio século. Gradualmente, certas palavras foram sumindo, certos assuntos se tornando tabus, certos temas saindo das mentes e, com isso certos fatos debandando do mundo das ideias. Hoje não se fala de Jesus entre pessoas educadas, como observou alguém, exceto se elas estiverem reunidas num salão paroquial. Nessa toada, em 2012, o Conselho da Magistratura do nosso Tribunal de Justiça determinou a retirada de todos os crucifixos porventura existentes nos prédios do Judiciário gaúcho. Os crucifixos seriam politicamente incorretos e ofenderiam elevadíssimos preceitos constitucionais. Na ocasião, escrevi neste espaço apelando para que se preservassem os pregos, como registro, às gerações vindouras, do serviço prestado à humanidade pelo douto Conselho de então (o CNJ, em junho passado, derrubou aquela determinação). Retornaram aos pregos os crucifixos?

 Mas é também dos saldos deixados por êxitos e fracassos que avança a militância cristofóbica, forçando toda expressão de religiosidade cristã a um recuo para a vida privada e impondo sua gradual interdição nos espaços públicos. Neles, pode-se exercer quaisquer atividades, do mais vadio vandalismo ao mais aparatoso poder político, pode-se emitir quaisquer opiniões como ateu, materialista, comunista, agnóstico, jurista, filósofo, antropólogo, consumidor, empreendedor, o que for. Pode-se dar palpites a propósito de temas morais e sociais sob qualquer fundamento e, mesmo, sem fundamento algum. Mas não se ouse abrir o bico se algo, naquilo que se diz, puder ser identificado como tendo semelhança ou raiz em algum princípio da moral cristã. Isso seria politicamente incorreto.

 Então, o Natal virou símbolo, também, de incorreção política. Papai Noel é politicamente correto. O Menino Jesus, não. E, por isso, sumiu do seu próprio Natal. O trenó (!) é politicamente correto. O presépio, não. A árvore da Natal é politicamente correta. A manjedoura, não. A ceia da noite de 24 de dezembro é politicamente correta. A Sagrada Família, não. E assim chegamos a um feriado cujo motivo não pode ser explicitado, a uma troca de lembrancinhas sem razão que lhe dê causa, oriunda de uma antiga tradição que subsiste apartada de suas raízes. O próprio feriado do dia 25 é apreciado pela folga ao trabalho, mas como celebração de Natal é atroz incorreção política em um Estado laico.
                                                                                                (...)
Vou além, desejando a meus leitores um bom e santo Natal do Menino Jesus. A reiteração através dos séculos da mais bela história de Natal transporta, no tempo, a extraordinária dádiva de Deus à humanidade. Pois que esse esplêndido presente, então, seja acolhido em nossos corações inspirando sentimentos, virtudes e valores que se traduzam em amor e felicidade pessoal e familiar ao longo de 2017.

Leia aqui a íntegra deste artigo, publicado na edição deste fim de semana de Zero Hora.
 


Brenda Fernandes Aprigliano -   27/12/2016 16:13:27

Caro professor Puggina, Que o seu Natal e de sua família tenha sido abençoado e de muita paz e alegria! O correto entendimento do que significa um Estado laico demonstra a profunda ignorância e má fé dos defensores e ativistas do 'politicamente correto" que transformaram a laicidade em perseguição a todo e qualquer grupo que não compartilhe de suas ideias autoritárias. Os cristãos, pela força de sua presença na defesa dos valores morais, éticos e da família se tornaram o alvo preferido da violência desses "sábios benfeitores dos pobres e dos excluídos", trocando a dignidade humana pela vitimização. Por estar em trânsito, neste Natal, aguardando, o término de uma obra na casa em que vamos morar, fui obrigada a estar num local público, onde na ceia de Natal, tanto a decoração, a música e o comportamento dos presentes, deixaram muito claro que o aniversariante não fora convidado. Ficamos tristes, meu marido, eu e meus dois filhos, mas nos olhariam como se fossemos ETs se esboçássemos qualquer interferência no processo já tão assimilado. Que a esperança não nos abandone e que Jesus continue a ser a Luz do Mundo!

Verdade Seja dita -   27/12/2016 10:58:42

O Politicamente Correto é nova saída da esquerda e do comunismo, só um tolo não vê isso e eles acham que irão nos assustar e ainda terão o Islã como aliado. É incrível como essa gente que é tão rica e poderosa nem se quer lembram da "fábula do escorpião".

Leonardo Melanino -   26/12/2016 00:19:16

É óbvio que o Estado Democrático de Direito Brasileiro jamais pode adotar uma religião oficial. Ou seja, ele jamais pode ser ateu ou religioso. "LAICIDADE", constitucionalmente falando, significa "SECULARIDADE", ou seja, "NEUTRALIDADE EM ÂMBITO RELIGIOSO". O Estado Laico é regulamentado pelo Artigo 19 da CRFB de Mil Novecentos e Oitenta e Oito. Nem todo lugar é apropriado para evangelizações, como escolas, tribunais e outros. Igrejas não são lugares de afetos, gracejos, namoros, sensualidades e assim sucessivamente, mas de cultos. O Natal é um feriado internacional e o Basílio também. Nestas duas datas sequer há veiculações da Voz do Brasil. "PAPAI NOEL" é, na verdade, uma prosopopeia do bispo católico holandês São Nicolau. Dois mil e dezesseis está indo embora. Nós estamos em sua última semana. Seu Silvestre será um sábado diastólico. Dois mil e dezessete iniciará no próximo domingo, um Basílio, um domingo sistólico. Seu 1 de janeiro será um dia de cerimônias de posses de prefeitos e vereadores.

Clarissa -   25/12/2016 19:19:43

Caro Puggina, boa tarde! Gostaria de fazer uma inserção de um dado que não sei, de fato, se tem olfato para essa sensível percepção, acredito que sim!, mas vá lá: de todas as pessoas que já li, que são leigos, você é a única pessoa que falou aos meus olhos que AMA a Igreja, por isso, acredito, esteja a raiz de todo o seu transbordamento e, portanto, pessoa habilitada para falar dos meandros de tudo dito acima. Porque falar, todos podem, é claro!, mas nem todos convencem e como disse, você é o único leigo de quem já escutei com minhas 4 décadas de existência: Amo a Igreja! Para você e sua família, um FELIZ NATAL com a Presença do Menino Deus fortalecendo ainda mais toda a sua Fé e agraciando-o com Seus dons! Um Feliz 2017! PS.: senti sua falta na Plataforma do Brasil Paralelo (membros.brasilparalelo.com.br) e falei-lhes de sua ausência em uma mensagem, cutucando-os! Não comprei o pacote, porque não posso, ainda bem conheço o pensamento da maioria, mas você era figura indispensável, em especial, pela escola que fez nos bastidores da Igreja na pré-eleição do colocador de poste, se é que me entende! Um grande abraço,

Genaro Faria -   25/12/2016 15:28:23

Pois é, caríssimo professor Puggina, o "defeito" de Cristo foi ser judeu e ter oferecido seu corpo em sacrifício pela nossa redenção, deixando-nos como mandamento amar o próximo como a nós mesmos. Se, ao contrário, Ele nos tivesse determinado exterminar os "infiéis" e pregado o ódio em lugar do amor como virtude para estabelecer na terra o paraíso de um novo mundo, construído por um um novo homem, certamente os globalistas - novo nome do velho movimento comunista - glorificariam sua doutrina e pegariam em armas para defendê-Lo contra os hereges.

Cecilia -   25/12/2016 15:11:41

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o governo está sobre seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9:6)