• Percival Puggina
  • 09/09/2019
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O PODEROSO STF E A IMPOTENTE DEFESA DA INFÂNCIA


 Há anos venho apontando a deformidade que, aos poucos, foi atribuindo ao STF o atual aspecto suspeito e assustador. Ele perturba a nação, infunde sentimentos de revolta e já nem tenta dissimular seu viés totalitário. Essa deformidade levou ao que se lerá nas linhas a seguir: uma verdadeira repulsa aos padrões morais da sociedade.

 Não há, entre nossos ministros, um único conservador e um único liberal. Tamanha exclusão da divergência só vamos encontrar em tribunais constitucionais de países como Cuba, Venezuela e Coreia do Norte.

O prefeito do Rio de Janeiro mandou recolher a publicação de uma história de super-heróis destinada ao público infantil, na qual se insere um “beijo gay” entre os personagens. O autor do texto certamente considera esse conteúdo indispensável à narrativa. Afinal, parece que nenhum herói será suficientemente heróico e valente se não arrostar tais situações.

Seguiu-se uma série de marchas e contramarchas judiciais até que o assunto, numa velocidade que nem os advogados de Lula conseguiriam superar, foi bater no STF. A casa das grandes decisões nacionais não poderia ficar fora dessa. Parem as máquinas! Suspendam as audiências! Há um beijo gay a ser escrutinado à luz da “Carta Cidadã de Ulysses”. Dias Tóffoli, Gilmar Mendes, Celso de Mello vieram às falas, ouriçados em sua sensibilidade progressista. Naquela Corte, paradoxalmente, ninguém é mais “progressista” do que o decano, que saiu verberando: “Mentes retrógradas e cultoras do obscurantismo e apologistas de uma sociedade distópica erigem-se, por ilegítima autoproclamação, à inaceitável condição de sumos sacerdotes da ética e dos padrões morais e culturais que pretendem impor, com o apoio de seus acólitos, aos cidadãos da República!!!".

Curiosamente, é bem o que a sociedade pensa dele e de seus pares quando os vê empenhados em corrigir e reitorar as opiniões dos demais cidadãos.

Segundo Dias Toffoli, o ECA obriga o uso de advertência sobre o conteúdo quando ele envolve coisas como "bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições”. E acrescentou que os materiais destinados a crianças e adolescentes devem “respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família”. A imagem de dois homens se beijando não se enquadraria, segundo ele, em qualquer desses conceitos. Dito assim, claro que não. Contudo, criança, até segunda ordem, é uma pessoa, uma pessoa muito especial. E a preservação de sua inocência é um desses “valores éticos e sociais” de que fala a Constituição. Em que momento deixou de ser ? Quando trocamos a inocência das crianças pela retórica pretensiosa de Celso de Mello?

Doravante, qualquer conteúdo homossexual, mesmo que exclusivamente homossexual, fica liberado para venda ao público infantil, com o vigor e o atrativo dos super-heróis e dos superbandidos, e com as bênçãos do STF. Criatividade não faltará para quem quiser forçar ainda mais a barra.

 

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* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
 


Luiz Eduardo Paes Leme -   12/09/2019 18:19:52

Grande Puggina, durante o processo do mensalão, guardei na carteira o voto brilhante do decano, um verdadeiro chicote a desferir chibatadas nos corruptos. O meu orgulho de então tornou-se em frustração por conferir o estofo de imoralidade que os membros daquela casa de tolerância. para dizer o mínimo, a nos deixar com vergonha dos ocupantes daquelas cadeiras, inclusive o decano.

Sônia Simões -   11/09/2019 13:21:07

Não diz a constituição que ministros do supremo, devem ter conhecimento de leis, moral e conduta ilibada?. Sugestão: que seja distribuído dicionário de língua portuguesa para os próximos indicados e indicadores.

Constatação -   11/09/2019 09:09:19

Como não podem mudar o escrito "respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da familia", mudam o conceito de família, e está feita a lambança.

FERNANDO A O PRIETO -   11/09/2019 08:54:37

Mais um absurdo, entre tantos! Que erro enorme confundir TOLERÂNCIA, CIVILIDADE e mesmo MISERICÓRDIA para com os homossexuais (que é a postura correta) com APOIO, INCENTIVO e ELOGIO a suas atitudes (que nenhum cristão deve ter - essas atitudes são ERRADAS!). Mas que se pode esperar desse STF? Só mesmo decisões erradas,,, Tal questão não deveria nem mesmo ter chegado lá! O "bispo" Crivela, num gesto destinado a seu público, visando provàvelmente sua reeleição, fez isso para se promover,,, E onde estão os "representantes" dos valores cristãos, que não se manifestam, deixando claro que apoiam a liberdade de expressão, mas não a atitude exibicionista dos personagens da revista? Um beijo (mesmo que fosse entre homem e mulher) não deve ser objeto de exploração pública! É um ato íntimo, e a intimidade deve ser respeitada.

Menelau Santos -   10/09/2019 20:53:11

O nosso STF é a personafiicação total do obscurantismo. Que ótimo texto Professor Puggina!

Dalton Catunda Rocha -   10/09/2019 19:36:33

Desde 1992, que o esquerdista Ulisses Guimarães está sepultado num helicóptero do empresário Jorge Chamas Neto. Ulisses Guimarães e centenas de outros esquerdistas fizeram esta cloaca de constituição de 1988, que em toda sua existência, teve como maior destaque, sentenciar todos os habitantes do Brasil, a viverem num país pobre.

Elton Faina -   10/09/2019 11:53:50

Armazenar, distribuir ou produzir fotos, conteúdos, com crianças, sobre crianças, envolvendo sexo, ou insinuando sexo, não é considerado PEDOFILIA? Quem incentiva, permite e/ou distribui conteúdos com crianças ou para crianças, é um pedófilo. Então, podemos concluir, que, TODOS os envolvidos em manter a distribuição destes materiais de pedofilia, são pedófilos. Que se cumpra a lei e estes pedófilos sejam acionados como tal! Ou eu não entendi nada?

Marie Porto -   09/09/2019 20:44:55

Definição perfeita de STF... “Ele perturba a nação, infunde sentimentos de revolta e já nem tenta dissimular seu viés totalitário.” Crianças não deveriam entrar nessa calamidade chamada de STF.

Maria Ivete Becker -   09/09/2019 17:42:34

Artigo mais do que perfeito! Parabéns Sr. Percival Puggina! Até quando, vamos tê-los a nos distorcer conteúdos, a Ordem instituída? O que será que o Decano Celso de Mello entende por obscurantismo? Para mim, é exatamente, a degradação humana, provocada por tudo o que lhe rouba a liberdade, a condição de sujeito de sua história! Licenciosidade e liberalidade nos vícios, fundamentalmente! Barbaridade, Tchê!

Luiz R. Vilela -   09/09/2019 14:04:06

Diz a constituição, que os poderes devem ser independentes e harmônicos, e que seus membros deverão ser eleitos por prazo determinado, sendo permitido a reeleição, coisa e tal. Isto no legislativo e no executivo, que são poderes diretamente envolvidos com a representação popular. Mas há também no estado moderno criado por Montesquieu, e por consequência democrático, um terceiro poder, que não é submetido diretamente a vontade popular, mas que é o que da a última palavra em tudo o que se relaciona a administração pública, o judiciário. Seus membros, os da base, a primeira instância, são os únicos que devem disputar uma vaga na magistratura, através de concurso público. Dali para cima, é tudo feito a base da vontade política, ou seja, nomeações. O poder que tem a última palavra em tudo, que inclusive a decisão monocrática de ministro do supremo, derruba leis aprovadas pelo congresso e sancionada pelo presidente da república, é compostos por nomeados, e o pior, tem até ministro que o "nomeador" esta peso por corrupção e lavagem de dinheiro. deve-se acreditar nos "bons propósitos" do nomeador, quando ele indicou o ministro? Porque estes ministros, que já tem tempo suficiente para a aposentadoria, não se aposentam? Ficam até a lei da "expulsória", aos 75 anos, são mandados embora, senão ficariam. É tão bom assim estes cargos, que chegam a sacrificar a própria vida, para permanecer nele? incompreensível. Muitos destes "juízes" que são a última palavra nos processos judiciais, foram nomeados justamente por políticos que respondem a processos onde eles atuam e muitos deles, sequer se dão por impedidos para julgar estes casos, dai a pergunta, é juiz ou tarefeiro do bem feitor? esta tudo errado.

léo guedes -   09/09/2019 11:45:42

Estamos perdendo espaço para a Escola de Frankfurt. A destruição dos valores ocidentais é um fato. No entanto, ainda não foi expurgada a relação de causa de efeito. O semear é livre, mas a colheita, obrigatória

Felipe L R Daiello -   09/09/2019 11:01:01

Mais um absurdo das togas negras?

Nívea -   09/09/2019 10:49:16

Ótima reflexão. Como diz cadê os “valores éticos e sociais” de que fala a Constituição. Em que momento deixou de ser ?