• Percival Puggina
  • 07/02/2023
  • Compartilhe:

O navio fantasma

Percival Puggina

         Passei quatro anos apontando a coesão da velha imprensa na oposição ao governo Bolsonaro. Durante todo o período, de modo ininterrupto, essa mídia, o STF e o TSE protagonizaram a oposição. Sempre vi nisso um descomunal favorecimento a quem chegasse contra o governo na eleição presidencial. Em 15 de abril de 2021, por 8 votos a 3, o Supremo proporcionou a zebra e – surpresa! – em outubro, deu Lula.

Transcorrido apenas um mês de governo, o que assistimos é um cavalo-de-pau e a volta ao passado. Quem falar pelo governo – seja Lula, qualquer de seus ministros ou parlamentar, personagens do segundo escalão ou dirigentes do partido – gasta mais tempo atacando o governo que saiu do que promovendo o governo que entrou. No petismo isso é genético. Por definição, seu adversário não presta, tem que ser permanentemente atacado e ter sua reputação assassinada a sangue frio. Contudo, sublinhe-se a bem da inverdade: o PT é contra discurso de ódio e seus sucessos são vitórias do amor... Lula, Lula! De algum lugar Deus está te vendo.

Quando falam sobre temas de gestão, trabalhos de casa, tarefas a cumprir, daquilo, enfim, para o que são pagos, a situação fica ainda pior. As manifestações soam como estertores do passado: controle social da mídia, desarmamento, favorecimento do aborto, revogação da Lei do Teto de Gastos e ruptura com princípios básicos da estabilidade monetária, volta dos lesivos e escandalosos empréstimos internacionais pelo BNDES. Chegou? Não, tem mais. Fim da autonomia do Banco Central, guerra às privatizações, revogação dos preceitos da Lei das Estatais que impedem seu aproveitamento para fins políticos e partidários (o que barrou a corrupção e representou o retorno à lucratividade dessas instituições). E por aí vai o navio fantasma que, como um zumbi, emergiu de funduras abissais e estacionou, tenebroso, na Praça dos Três Poderes.

A mídia, mesmo a ativista, não está tão comprometida com a sandice como para passar recibo a esse futuro totalmente comprometido com o pretérito.  Pudera! Mesmo quem viaja nas cabines de luxo sabe que vai beber água salgada se o navio bater num iceberg ou nos rochedos de um arquipélago tropical. Então, em meio à intensa replicação das narrativas, começam as críticas feitas como se quem critica não tivesse qualquer responsabilidade com a escolha do comandante Lula para jogar o Brasil contra os rochedos, como o comandante Schettino fez com o navio de cruzeiro Costa Concórdia.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Alfredo Furtado -   13/02/2023 08:24:20

Quase um mês e meio nada a registrar de positivo. E os dados de inflação e desemprego nem saíram ainda. O aumento dos impostos já está à vista! Tragédia anunciada!

Viviane Pereira -   09/02/2023 16:08:39

Tenho rezado pelo Brasil, em minhas orações pergunto onde estão os bons, quem vai lutar por essa nação, textos como esse com certeza e quem mais, que as famílias se unam os pais prestem mais atenção aos seu filhos, que se levante homens de bem comprometidos com o futuro de seus filhos e netos, a guerra é também espiritual não durma.

onofre ribeiro da silva neto -   09/02/2023 07:56:18

Sempre perfeito

Manoel Luiz Candemil -   07/02/2023 17:20:58

Um mérito deve ser reconhecido ao PT: quando é oposição, impede a evolução do país; quando está no governo, age pela involução da nação! Nunca sai dessa linha!

Menelau Santos -   07/02/2023 15:24:22

Professor, o Sr. descreveu perfeitamente o governo PT. Não consigo achar uma noticia boa que venha deles. Tudo é desalentador. Parece aquele carro velho que a única coisa que não faz barulho é a buzina. Prefiro voltar minhas atenções para o governo de São Paulo, nosso querido Tarcísio de Freitas, ou um Zema, sopros de alguma lucidez que restou.