• Percival Puggina
  • 21/12/2014
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O NASCIMENTO DE JESUS

"Eu honrarei o Natal em meu coração e tentarei guardá-lo ali o ano inteiro." Charles Dickens

 

 As coisas andam de tal modo que a palavra Natal, afastando-se do sentido original, passou a significar, principalmente, um dia festivo, uma pausa especial do calendário. Por isso adotei, no título deste artigo, a palavra Nascimento. Ela retira o Natal da autonomia que a pós-modernidade lhe concedeu. Não duvido de que, em breve, as crianças começarão a crer que o Natal e o que em torno dele se narra seja apenas uma história clássica, concebida por autores de contos de fada, e a merecer, ao lado da "A Branca de Neve" ou de "João e o Pé de Feijão", um filme dos estúdios Disney.

 A crítica ao que está acontecendo com o Natal não deve começar pelo consumismo natalino, que raramente é de consumo pessoal. Aliás, quem é contra o consumo precisa reconhecer que é, também, contra o emprego, contra o salário e contra a sobrevivência do trabalhador e do empreendedor. O crescimento da demanda é o primeiro sintoma de que uma economia sai da estagnação. Por outro lado, as comemorações natalinas são acompanhadas de gestos mais largos de generosidade, com aumento de doações aos materialmente carentes.

 O problema sobre o qual me detenho, à luz da fé cristã, supostamente ainda majoritária no Ocidente, é o desaparecimento do mistério da Encarnação e, com ele, o desapreço à intervenção de Deus na história humana. Ora, se o cristão vê o Menino do presépio apenas como um bebê que nasceu em circunstâncias incomuns, ele deixa de lado algo essencial à própria existência. A interrogação de Pietro Petrolini - "Somos apenas um pacote que a parteira entrega ao coveiro?" - não é respondida pelo burrico do presépio, mas pelo Menino que se tornará a figura central da História, aquela da qual mais se fala, sobre a qual mais se escreveram livros e pela qual tantos, passados dois mil anos, ainda dão a própria vida.

É claro que, o profundo respeito de Deus à nossa liberdade, nos deixa em perfeitas condições para dar-Lhe de ombros, considerar que o acaso seja o senhor da História ou confiar nossas inteiras existências ao pensar deste ou daquele filósofo. Cada vez que reflito sobre tal possibilidade eu firmo a convicção de que esse é um muito mau negócio. Ficar sem Deus, podendo ficar com Ele, é isso mesmo - mau negócio.

A você que me lê e a todos os seus, desejo um Natal muito feliz. E que o ano de 2015 seja bem melhor do que as condições atuais parecem sugerir. Acho que isso já estaria mais do que bom, não é mesmo?
 


Antônio Pereira Júnior -   29/12/2014 02:11:13

Feliz Natal, nobre Professor!

Alfrêdo Oliveira -   28/12/2014 10:39:37

Nesta semana natalina, circulei pelas ruas da cidade em que moro - Recife-PE - no intuito de ver as "luzes do natal". Percebi que elas praticamente não mais existem no âmbito público, pois as únicas luzes que vi estavam em propriedades privadas... havia uma praça iluminada, mas ela está em frente a uma das mais tradicionais igrejas da cidade, e é adotada pela empresa de um cristão. Alguns outros pontos isolados pude ver, mas o que chamou a atenção é que a iluminação das grandes avenidas, antes providenciadas pelo poder público, simplesmente desapareceu, e a bela veneza brasileira pareceu submersa em trevas. Feliz Nascimento, feliz natal!

Padre Carlos Maria de Aguiar -   27/12/2014 18:53:33

Um Santo, Feliz e Abençoado Natal. A Encarnação do Verbo de Deus é e será sempre um mistério. Só o fato d'Ele ter nascido numa manjedoura nos faz crer que Deus nos desafia a acreditar n'Ele: é a Fé. Somente pela Fé alcançaremos o verdadeiro sentido do Natal, ou do Nascimento de Cristo. Eu prefiro a palavra Natal, pois temos que resgatá-la das mãos dos usurpadores da Grande Festa divina. Que Deus nos abençoe. Feliz Natal.

longo -   27/12/2014 18:49:35

Feliz Natal e obrigado pela companhia dos seus textos

Ismael de Oliveira Façanha -   27/12/2014 18:29:24

Os dias santificados são memoriais que podem padecer de distorções mundanas; assim, o dia de São Valentino, lembrado dia 14 de fevereiro no hemisfério norte, por lá é o DIA DOS NAMORADOS...

Dagoberto -   27/12/2014 17:11:45

Bem-aventurados os que têm fé, como tu demonstras com um texto convincente. Feliz 2015, amigo Percival!

Genaro Faria -   27/12/2014 14:49:13

A celebração religiosa da Natividade há muito se perdeu na penumbra de um tempo, nosso tempo, deste nosso país que festeja o carnaval como a grande apoteose da nacionalidade. O bom velhinho passou O Menino pra trás entre o templo e os bazares suntuosos dos shoppings. E o lançou no baú das vãs pieguices apagadas pelo brilho esfuziante das árvores de bolas douradas e embrulhos de presente que excitam as crianças de hoje. Que os comerciantes vendam muito. Nada contra, tudo a favor, como você disse muito, prezado Puggina. Mas que não sejam tão desonestos e oportunistas quanto os cambistas e vendedores do Templo. Aqui em casa nós combinamos o seguinte: 25 de dezembro é para O Menino. Exclusivamente, para não confundir as crianças. E em 6 de janeiro, quando os Reis Magos levaram presentes para O Menino, é o dia em que as crianças da família também são presenteadas... com mimos que custam quase a metade do preço de uma semana atrás.

MARIA CRISTINA HOFMEISTER MENEGHINI -   27/12/2014 14:18:22

É sempre um presente ler os artigos do professor. Somente com o sentido do sagrado é que o Natal tem sua verdadeira dimensão. Afinal, Natal é Cristo. Mas cabe uma consideração sobre a festa feita no gasômetro, com projeções pirotécnicas, que em momento algum trouxeram qualquer referência ao presépio. Ao contrário, até uma garra satânica foi concebida em uma das evoluções. Pois que os pagãos se apossem de outra data, e que o Natal volte a ter aquela profusão de presépios a nos lembrar da beleza da redenção e do aconchego das famílias.

Luiz Felipe Salomão -   23/12/2014 15:07:44

Caro Professor, Onde estão os presépios? Temos muitas árvores de natal, vários Papais Noel, mas os presépios, praticamente, só nas paróquias. Tudo isso me fez lembrar do comentário feito pelo Papa J. Paulo II quando de sua última visita ao Brasil. Ele afirmou: 'O brasileiro possui um sentimento religioso, mas não, a fé religiosa.' Um Feliz Natal!

ANTONIO CLAUDIO PEPINO -   23/12/2014 13:24:57

FELIZ NATAL PROFESSOR

Jotabe -   22/12/2014 21:36:04

A perda do sentido do sagrado não acontece só com o Natal. Percebe--se hoje que a humanidade, mais especificamente a ocidental, perdeu a noção do sagrado . Quando isso acontece, a alma humana fica em um vazio que é preenchido por um pseudo sagrado ou "sagrado profano" que cultua heróis, da TV, do futebol, da fórmula 1. Santa Catarina de Sena dizia que a alma humana une-se a DEUS ou ao mundo e se identifica com essa união. Mesmo a minguada solidariedade natalina dura exatamente umas duas semanas. Após isso, a rapidez do cotidiano impede até que se olhe para o próximo. Jesus, o Filho de Deus recebe, com o Pai e o Espírito Santo, toda a sorte desprezo e indiferença da maioria que se diz cristã. Lembram-se de Deus pronto-socorro só na hora das dificuldades. Os muçulmanos, pelo contrário, respeitam o nome do Profeta Maomé, indo às últimas consequências na sua defesa. Jesus pergunta aos seus apóstolos: "Quando o Filho do Homem voltar encontrará fé sobre a terra?" Não precisa responder. Professor, nosso agradecimento pelo seu trabalho que muitos nos enriquece. Feliz Natal, ano novo pleno de realizações e muita saúde. Jotabe

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   22/12/2014 16:50:12

Se o consumismo ofusca o verdadeiro Espírito Natalino (em parte, acredito nesta ideia), o que dizer, então, de uma ideologia que "ensina" que o próprio Cristo é uma "peça de marketing", criada pelas elites econômicas para enganar aos "incautos" em relação à própria condição de subserviência? E o que dizer de setores da igreja que utilizam toda sua autoridade religiosa para fazer com que esta ideologia anti-cristã se fortaleça no interior das comunidades? Parece que, em ambos os casos, o materialismo é que acaba dominando os corações e as mentes das pessoas! Um feliz e venturoso Natal a todos!

Nelson Pereira -   22/12/2014 03:18:08

Meus votos de um feliz natal e próspero ano novo e que o Deus Menino continue lhe dando inspiração para escrever seus artigos de que tanto gosto. Um fraternal abraço.

Cirley -   21/12/2014 23:13:13

Belo texto. Feliz natal para o senhor e toda sua família.

Odilon Rocha -   21/12/2014 22:47:57

Prezado professsor Puggina Muito obrigado pelas palavras e belo texto, como sempre. Uma noite de Natal maravilhosa com os seus, muita paz e alegrias, e que em 2015 possamos prosseguir em nossas lutas, sempre a do bom combate, no caminho que julgamos ser o melhor. Abraço

Mario -   21/12/2014 21:20:17

Feliz Natal, Percival!