• Percival Puggina
  • 16/11/2018
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O MISTERIOSO CASO DE CERTO SÍTIO EM ATIBAIA

 

O rapaz, de nome Fernando, acalentava o sonho de possuir um sítio na aprazível Serra de Itapetinga para ali reunir amigos e familiares em momentos de convívio. Como não dispusesse dos meios necessários, juntou-os entre pessoas de suas relações e adquiriu, após muita busca,  no município de Atibaia, uma propriedade com as características almejadas.

Vencida essa etapa, cuidou, então, de dar jeito nas benfeitorias existentes. Tanto a moradia quanto as demais construções e áreas de lazer precisavam de reformas que seriam custosas. Mas nenhuma dificuldade ou restrição financeira afastava o proprietário de seu objetivo. Fernando, como se verá, era robustecido pela têmpera dos vencedores. Se havia obra a ser feita no seu sítio, nada melhor do que confiá-la à maior empreiteira do Brasil.

Marcelo Odebrecht, requisitado, deslocou gente de suas hidrelétricas, portos e plataformas de petróleo, subiu a serra e assumiu a encrenca: casa, alojamento, garagem, adega, piscina, laguinho, campinho de futebol. Tudo coisa grande, já se vê. Vencida essa etapa, o ambicioso proprietário se deu conta de que as instalações da velha cozinha remanescente não eram compatíveis com os festejos que ansiava por proporcionar aos seus convidados. Para manter o elevado padrão, Fernando não deixou por menos. Deu uma folga à primeira e convocou a segunda maior empreiteira do Brasil, a OAS. E o pessoal de Leo Pinheiro para lá se tocou, prontamente, a cuidar da sofisticada engenharia culinária do importantíssimo sítio. Afinal, uma obra desse porte não aparece todo dia.

Opa! Problemas de telefonia. Como habitar e receber amigos em local com tão precárias comunicações? Inconveniente, sim, mas de fácil solução. Afinal, todos nós somos conhecedores da cuidadosa atenção que a OI dispensa a seus clientes. Certo? Bastou comunicar-lhe o problema e uma nova torre alteou-se, bem ali, no meio da serra.

Concluídas as empreitadas, chaves na mão, a surpresa! Quem surge, de mala e cuia como dizemos cá no Sul, para se instalar no sítio do Fernando? Recém-egressa da Granja do Torto, a família Lula da Silva veio e tomou conta. Veio com tudo. Com adega, santinha de devoção, estoque de DVD, fotos de família e promoveu a invasão dos sonhos de qualquer militante do MST. Lula e os seus se instalaram para ficar e permaneceram durante cinco anos, até o caso chegar ao conhecimento público. Quando a Polícia Federal fez a perícia no local não encontrou um palito de fósforos que pudesse ser atribuído ao desafortunado Fernando. Do pedalinho ao xarope para tosse, era tudo Lula da Silva.

Eu não acredito que você acredite nessa história. Aliás, contada, a PF não acreditou, o MPF não acreditou e eu duvido que algum juiz a leve a sério. Mas há quem creia, talvez para não admitir que, por inconfessáveis motivos, concede a Lula permissão para condutas que reprovaria em qualquer outro ser humano.
 

 


* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 



 


João Carlos Biagini -   21/11/2018 23:50:05

HAHAHAHAHA Não sei como ainda acreditam no condenado.

DANIEL JOSE CARAMORI -   18/11/2018 22:54:41

Claríssimo e verdadeiro! Parabéns!

Decio Antônio Damin -   18/11/2018 16:35:38

Não há documentos assinados, não há recibos nem escritura, pagamentos não foram feitos às empreiteiras e etc. Tudo isto caracteriza a ocultação de patrimônio! Penso até que, desconfiado, com medo de perder a propriedade, pois a posse já tinha, Lula teria pensado em montar uma promessa de compra e venda que não teve coragem de assinar porque teve a intuição que era atitude descarada e perigosa demais! Se tivesse escritura e pagamentos das melhorias comprovados por recibos, o problema seria muito menor! Cumprimentos, Puggina, pela estorinha rápida, simples, objetiva e conclusiva!

Celso Ollé Quintana -   18/11/2018 14:04:25

Bom dia Sr. Prof. Puggina. 1) Como SEMPRE , muito PROCEDENTE o Contéudo; 2) Há muito, me ENSINARAM, que o BICHO HOMEM, NÃO TEM CONDIÇÃO MORAL, para SUPORTAR A CONCENTRAÇÃO DE PODER; ELA CAUSA CORRUPÇÃO, SEMPRE; 3) A Soc. BRASILEIRA, vai continuar Passando Cheque em Branco para PREENCHIMENTO DESTE MODELO DE PODER PÚBLICO, INSTALADO, ATÉ QUANDO????? 4) Troca de Governo/Pessoas sem TROCA DE MODELO MORAL/SOCIAL= 000000000.... DE RESULTADO; 5) A PRÁTICA DIÁRIA COMPROVA ISSO; 6) A INÉRCIA DA SOCIEDADE, PERMISSIVA, TERCEIRIZADORA DE SUAS OBRIGAÇÕES, LEVA AOS CAOS INSTALADO, QUE BENEFICIA ÀS ELITES DO PODER PÚBLICO EM TODOS PODERES E NÍVEIS; PORTANTO, OU AGIMOS JÁ, DE FORMA PRÁTICA, OU FIQUEMOS CALADOS; É MAIS CÔMODO.....????

Luiz Fernando Martau -   18/11/2018 11:14:31

Brilhante como sempre Puggina!

Zergui Pfleger -   18/11/2018 09:20:01

Merecidos aplausos virtuais são devidos a esse esplêndido exercício de imaginação. Ainda que embasados em fatos noticiados, o modo conciso e claro com que foi explanada a narrativa nos conduz ao local, como se fôssemos expectadores dessa ardilosa trama. Ouso lançar a observação de um detalhe, ressalvando que desconheço a região; provavelmente o próximo "acerto de contas", leia-se propina, seria "convidar" outra grande empreiteira a "generosamente" melhorar o acesso rodoviário ao sítio. Parabéns, Puggina, pela lucidez de seus escritos.

Victor Ashkenazy -   18/11/2018 08:09:00

Imagino que sejam indispensáveis aos vereditos dos casos de assassinatos as provas materiais, mas não entendo porque provas materiais são exigidas como sine qua non em casos de enriquecimentos ilícitos por furtos ou tráficos de influência. Me parece que realmente a Receita Federal e a justiça no Brasil (por enquanto) são pagas para não ver e para soltar os culpados quando vê. Isto é lamentável e a comunidade internacional repudia esta prática brasileira.

Pedro Bordini -   18/11/2018 01:09:08

Que inveja tenho desse poder de síntese!

Angela Alves Lobão -   17/11/2018 23:53:39

Esse sitio é tão pouco perto do que ele nos roubou. Sim, não foi furto, mas sim um imenso assalto. E nós não reagimos.

Enio Sandler -   17/11/2018 21:24:23

Puggina Maravilhoso, adorei, agora me convenci de que o Lula está mentindo. Kkkk

Odilon Rocha -   17/11/2018 15:16:28

Caro Professor Não fosse o senhor, ...e eu acreditaria. Sensacional!

NELSON SANT ANNA FERREIRA DE AZAMBUJA -   17/11/2018 14:31:42

Meu prezado amigo Puggina: Eu, humilde e inocentemente, sugeriria o envio desta postagem aos excelentíssimos juízes (e juízas) que colhem os depoimentos do presidiário Lula da Silva. De tudo o que tenho ouvido sobre o assunto "Sítio de Atibaia", nada me parece tão claro, contundente e incontestável quanto essa tua fábula tão bem narrada, para convencer qualquer um que a leia! Acho que estarias prestando um excelente serviço aos que buscam a verdade para uma nova condenação do presidiário Lula da Silva.

José Carlos cunha -   17/11/2018 13:59:21

Mais doze anos de cadeia pro apedeuta-mor

Luís Roberto Paiva -   16/11/2018 23:01:59

Está é uma obra fictícia, muito embora nada houve ou aconteceu naquele sítio sem a aprovação da família tida como exemplar que torna possível qualquer filme policial uma fábula mal contada.

Eliana Mendes -   16/11/2018 21:54:11

Brilhante! Fina ironia...