• Percival Puggina
  • 19/09/2016
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"O MAIS HONESTO" PRESIDENTE DO MAIS CORRUPTO GOVERNO

 

"Não tem neste país uma viva alma mais honesta do que eu. Nem mesmo na Polícia Federal. Nem mesmo no Ministério Público. Nem dentro da Igreja Católica, nem dentro da Igreja Evangélica, nem dentro dos sindicatos, nem no meio de vocês. Pode ter igual. Mais, eu duvido".

 Com essas palavras, há alguns meses, conversando com blogueiros da mídia amiga, Lula escalou por conta própria o topo do pódio da honestidade. Entregou medalha de ouro para si mesmo. Não duvido que enquanto mentalmente mordia o disco dourado soassem em seus ouvidos os acordes do Hino Nacional. Está ficando difícil ser petista. Semana passada caiu Luis Fernando Veríssimo, imaginem só! Em entrevista para Sônia Racy, do Estadão, LFV confessou ser um esquerdista desiludido com o PT. E a Velhinha de Taubaté desertou com ele.

Os desiludidos formam dispersa e contraditória multidão. Uns poucos caem atirando nos companheiros, como aconteceu há bom tempo como Hélio Bicudo e Eduardo Jorge. Outros tombam de joelhos, penitentes, como certamente aconteceu com a Velhinha de Taubaté. Outros, por fim, caem atirando nos adversários. Têm a nostalgia de quando podiam atacar tudo que ficasse à sua direita com a mais imaculada, tantas vezes beata e benta, demagogia. Chegaram ao poder para deixar o país desse jeito.

De algum lugar, senhores da CNBB, Deus está vendo tudo isso. O esforço dos remanescentes no sentido de desacreditar as denúncias do Ministério Público Federal tromba contra os fatos. Praticamente todos os corruptos e corruptores já confessaram e houve mais de uma centena de condenações. Bilhões já foram reavidos. Todos os participantes da Orcrim contam as mesmas histórias e relatam os mesmos esquemas. Há testemunhas e evidências para as acusações que incidem sobre os dois governos petistas. Não há compatibilidade entre o discurso do medalhista de ouro em honestidade e os bilhões drenados pelos esquemas do PT, PMDB e PP. Os agentes da força-tarefa da Lava Jato produziram dezenas de milhares de páginas de documentos. Boa parte delas, por envolverem personagens com prerrogativa de foro, estão sob sigilo naquela trincheira da morosidade e da impunidade que atende pela sigla STF.

Atribuir excelsas virtudes a Lula, reconhecer-lhe a medalha (e transferi-la depois a Dilma), significa colocar a ideologia e o partido no topo da escala dos valores morais tornando bom tudo que a eles convém e mau tudo que os confronta. Quem quiser conduzir-se assim que o faça, mas não há como o mais honesto dos homens presidir o mais corrupto dos governos.

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Genaro Faria -   20/09/2016 02:57:11

Acaba de encerrar-se a sessão da Câmara na qual os coveiros do Brasil decente tentavam aprovar uma lei de anistia do Caixa 2. Este é o próximo capítulo da infame novela dos governos do PT & Cia., que está longe de acabar. Michel Temer é refém desse cabo de guerra entre a democracia e a propinocracia e não se pode saber se ele vai, finalmente, deslanchar seu governo para reaprumar o país. O Brasil não está dividido, mas o poder está, com sua capital distante da realidade nacional e isolada do povo. Precisamos ficar vigilantes e rezar para que N. S. Aparecida possa ressurgir das águas do Paranoá e venha nos salvar.

maria-maria -   19/09/2016 23:48:05

Tens razão: o que caracteriza a ínfima corte, o desprezível STF e afins são a morosidade que faz, por exemplo, que um Calheiros colecione processos até que eles sejam "aposentados" por tempo de desserviço e a impunidade ainda que, para isso, as excelências tenham o despudor inaudito de rasgarem a Constituição que lhes caberia fazer respeitar. Os comprometidos togados, eternamente agradecidos aos que lhes outorgaram a benesse eterna imerecida, só encontram similar em democracias plenas, insuspeitas como a Venezuela .Aqui, como lá, há ladravazes a proteger das penas das leis, os mais iguais nesga republiqueta dos bananas pagadores da farra monumental.

Dalton C. Rocha -   19/09/2016 15:20:16

Qual deveria ser o hino do PT? Aquela música que diz: “Onde está o dinheiro? O gato comeu, o gato comeu. E ninguém viu. O gato fugiu, o gato fugiu. O seu paradeiro está no estrangeiro.” Quem quiser, que veja a música completa neste site: https://www.youtube.com/watch?v=92rr8EcDc90

Odilon Rocha -   19/09/2016 12:59:05

Caro Professor Só falta o Veríssimo entrar para o Pensar+!. Ignorância, falta de discernimento, a gente aceita. Falta de conhecimento da História, a gente até entende. Falso arrependimento, não! Se a mente genial de um arquiteto brasileiro, que fez fama pelo mundo, chegou a pôr em palavras que talvez aquelas milhões de mortes justificassem uma causa (sic), e nós sabemos a que mortes ele se referia, o que pensar das "Madalenas arrependidas"? Ou será que verba pública vale mais do que um divã?

Genaro Faria -   19/09/2016 10:28:25

Dizer-se desiludido com o PT - partido que fez orbitar à sua volta os satélites socialistas de menor massa - ou com este ou aquele líder flagrado em sua meliância ideológica pela polícia e desmoralizado como herói da legenda marxista, ó senhoras e senhoras, não é nenhum ato de contrição pela militância em prol de uma causa sinistra e perversa. Ou um mero reconhecimento dos equívocos que cometeu não por falta de consciência, mas por ignorância. É puro mimetismo de camaleão que não quer ser visto como impenitente nem, simplesmente, como um cretino fundamental, na expressão de Nelson Rodrigues. Com a redução da seita do culto à mentira a adoradores de presidiários, logo surgirão aos magotes esses arrependidos por conveniência. Poucos deles, pouquíssimos mesmos, no entanto, deixarão de ser marxistas. Os mitos revolucionários são facilmente substituíveis por outros que a propaganda enganosa irá vender em novas embalagens. Mas não se dá o mesmo quando se trata da ideologia que se impregnou na mente dos revolucionários. E no seu caráter.