Percival Puggina
O projeto de lei das Fake News é sintomático. A esquerda brasileira, à beira de um ataque de nervos com as últimas pesquisas, prepara um golpe para impor silêncio às redes sociais em pleno ano eleitoral.
Entre 1990 e 2015, inúmeros programas diários de debates políticos em rádio e televisão ocupavam a grade das principais emissoras de Porto Alegre. O pluralismo de ideias se valia daqueles espaços. Participei de centenas deles como convidado para representar o pensamento conservador e/ou liberal sobre temas sociais, políticos e econômicos. O tipo de produção era basicamente o mesmo: um tema da ocasião, discutido entre duplas, com moderação do apresentador.
De todos esses eventos – que subitamente foram silenciando e sumindo após um quarto de século de serviços prestados ao pluralismo – eu saí com a impressão de que o debate não se travara sobre o assunto proposto pelo apresentador, mas sobre os princípios e valores que se defrontavam. O tema do dia era apenas o mote para estarmos ali. Aquela janela, porém, se fechou quando a “barra sujou” para o lado dos governos esquerdistas.
A vitória de Bolsonaro em 2018, graças à ampla democratização do direito de opinião e expressão pluralista viabilizada pelas redes sociais, inverteu a tendência eleitoral que já durava um quarto de século. Simultaneamente, as novas mídias abalaram o caixa dos grandes grupos de comunicação e o seu poder de ungir presidentes.
Os prejudicados uniram-se para restaurar o “ancien régime”. Passaram a lançar sobre os usuários das plataformas os piores adjetivos. Eles eram acusados de propagar desinformação e de articular ações contra a democracia, o Estado de Direito e as instituições da República... Tias do Zap, gente perigosa! Visto tudo bem de perto, chega-se ao seguinte: a comunicação social precisava de uma restauração.
O toque de silêncio imposto às redes sociais em temas políticos e eleitorais, atende pelo apelido de Lei das Fake News, mas foi à pia batismal no protocolo do Senado com o nome vaporoso de “Lei brasileira da liberdade, responsabilidade e transparência na internet”. Bem fofo, não?
Mesmo que o projeto já aprovado pelo Senado não seja endossado em tempo pela Câmara, a imposição de silêncio às redes ao longo dos próximos meses é pauta das bancadas de esquerda no Legislativo e no Judiciário, sob intensos louvores da mídia militante.
Na miserável democracia à brasileira, a ninguém parece escandalizar o fato de que, salvo honrosas e escassas exceções, esse espaço já intensamente patrulhado seja o único onde conservadores e liberais podem dizer o que pensam.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Gustavo Monteiro - 19/04/2022 09:49:31
Será que eles conseguem calar a xerox e o mimeógrafo? Sempre haverá uma forma alternativa de sentar o malho nos partidos de esquerda, nem que seja com sinais de fumaça.Décio Antônio Damin - 18/04/2022 13:22:01
O historiador deveria ser um individuo equidistante em relação às ideologias extremistas...! Não sendo assim ele se torna participante e a sua narrativa fica comprometida...! Não quero a volta do Lula, o molusco que deveria, a rigor, em um país sério, estar preso...! Também não gosto do primarismo do atual Presidente da República. Votei nele para não votar no outro em 2018...A contenda com a Maria do Rosário foi o fato marcante que o trouxe à tona, mergulhado que estava na continuidade de mandatos medíocres. Agora, se tiver de escolher entre Lula e Bolsonaro confesso que estarei "num mato sem cachorro"! Quero ter uma possibilidade de votar porque quero e não por exclusão ou anular o meu voto...!!!João Jesuino Demilio - 15/04/2022 11:34:17
o STF, a mídia vendida e as esquerdas vão fazer o diabo para calar os conservadores.....e dizem abertamente isso alegando que estão defendendo a democracia! Ah democracia...Nunca uma palavra foi tão prostituída!Luiz R. Vilela - 15/04/2022 08:50:33
Hegemonia, essa é a palavra chave com a qual a esquerda deseja dominar a tudo e a todos, sem contestação. O poder hegemônico esta implantado na cabeça dos lideres esquerdistas de tal maneira, que só aceitam a democracia, mesmo capenga como a nossa, porque não tem forças suficientes para destrui-la, e é isso que nos tem salvado do totalitarismo deles. A expressão máxima dos que se dizem de esquerda no Brasil, é um ignorante semi alfabetizado, que por falta de erudição, sonha em ser o totalitário déspota brasileiro nos moldes do rei Luis XIV. Seria então o "presidente sol"? Há quem acredite que sim, porém nada do vem das "trevas", alcança algum sucesso, e ter "esperteza política", não é sinal de saber administrar um pais com justiça e sabedoria. O ignorante se acerca de "espertalhões", e nós já sabemos no isso vai dar. O Bolsonaro tem feito um governo, com "marcação cerrada" da oposição, e sem alguns exageros que tem ocorrido, isto é até salutar para a democracia, portanto devemos continuar no caminho, governo governando e a oposição fazendo seu papel. Taxam o Bolsonaro de protótipo de ditador, mas os muitos anos de Brasil, fazem-nos lembrar que nenhum outro presidente "apanhou" tanto da oposição política, e dos descontentes com a síndrome de abstinência do dinheiro público, mas continua sorrindo e trabalhando. Isto sim é democracia em todos os sentidos.ROGERIO POCEBON - 14/04/2022 12:34:37
retrato fiel descritivo da realidade ,parabens por retratar em a realidade dos fatos de nossa historia