• Percival Puggina
  • 23/05/2020
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O FRUSTRADO VOYEURISMO MIDIÁTICO

 

 Se você levar em conta os galões de tinta de jornal, as toneladas de papel e as horas em rádio e TV gastas para gerar expectativa e excitar a clientela, a sessão de pornô político levada a cabo na noite de 22 de maio foi uma frustração. Entre a reunião filmada (22 de abril) e a exibição do filme rolaram inteiros trinta dias ao longo dos quais a publicidade do vídeo foi feita como num buraco de fechadura, divulgando silhuetas, fragmentos e flashes de partes íntimas.

Convenhamos, o fornecedor, depois de tanta propaganda, tinha obrigação de disponibilizar algo melhor. Filme pornô com tarjas pretas? Façam-me o favor!

Para quem aprecia palavrões, houve uma boa oferta de conteúdo, e comentá-lo foi o que, da fracassada sessão, restou à mídia. A droga do filme só conseguiu segurar a audiência de quem ainda acreditava que a parte boa haveria de chegar às últimas cenas, com o presidente saindo algemado do Palácio. Que fiasco! Registre-se, a propósito dessa frustração, o fato de o vídeo exibir uma reunião a portas fechadas, em relação à qual a obrigação de divulgar só ocorreu por determinação judicial. Quem reclama do vocabulário usado terá conhecido Bolsonaro como um gentleman que, subitamente, aprendeu a dizer nome feio aos imaculados ouvidos da nação brasileira? Não. Foi para a poltrona comendo pipoca e esperando a sessão começar.

Entende-se, hoje, o motivo pelo qual Sérgio Moro afirmou não haver acusado o presidente de crime algum. Em tese, a partir daquele momento, passado um mês inteiro, tudo mais foi política, ideologia e frustração do consumidor de más notícias. Apaga a luz do cinema e manda a moçada pra casa. O que temos de mais empolgante é um exercício retórico sobre as intenções do presidente. Trata-se, aqui, de espiar a fechadura mental do suspeito, sendo que este simplesmente quis exercer uma de suas prerrogativas constitucionais.

No sentido prático, há duas (surpresa!) perspectivas em relação à reunião, como ato de governo. Na minha avaliação, podendo a fala de Bolsonaro ser reduzida à metade, assisti a uma boa reunião, pela afirmação dos valores que movendo o presidente e seus eleitores, deveriam orientar, homogeneamente, toda a equipe de governo. Os alinhados com a banda oposta, desgostaram de tudo: do presidente, das pautas, dos ministros, e da falta de um crime.

A frustração da moçada da poltrona, que esperava um pornô político, busca consolar-se pegando o pé de Abraham Weintraub por uma frase proferida em desfavor dos ministros do STF. É o voyeurismo político com necessidade de consolo!

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* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


 


Fernando Monteiro -   28/05/2020 21:47:36

Já vale invadir quarto privado para escutar conversas? Não é um ato ignóbil de uma alta autoridade autorizar . Seria bom uma escuta clandestina dos "onze intocáveis" quando estivessem conspirando... E que se alastrasse pela rede social...

Donizetti Oliveira -   26/05/2020 14:42:49

Incrivelmente tem pessoas que ainda preferem reuniões onde somente há PROFISSIONAIS...do crime. Eu prefiro amadores honestos e decentes como todo o ministério do melhor presidente brasileiro de todos os tempos...depois do Governo Militar. É preciso acabar com as verdadeiras ditaduras como a do politicamente correto e a dos comunistas tupiniquins. Somente isso poderá levar o Brasil a caminhar para a frente. Sds.

Sidney -   25/05/2020 11:54:04

Um bando de muitos amadores reunidos ! Até qdo

Luiz R. Vilela -   24/05/2020 12:22:26

A palavra conhecida como "baixo calão", ou palavrão, são termos tidos como chulos, impróprios, rudes, obscenos e até agressivos, dependendo de quem as ouve. Os palavrões, hoje são usados como que quase uma maneira informal de se expressar em uma língua. Num local onde quase todos usam desse linguajar para se comunicar, dizer que fere sentimentos e que não condiz com a "nobreza" do local, parece ser argumento discutível. Que o Bolsonaro é usuário do palavreado conhecido como "baixo calão", é público e notório, e o fazia quando era deputado, quando era candidato e o faz como presidente da república. Até ai os acontecimentos estão dentro da normalidade. Agora, deixei de assistir a tal gravação, quando nas chamadas jornalísticas para a apresentação da matéria, só tinham como relevância o palavreado dos presentes. Crimes cometidos, não divulgaram, o que procuraram classificar como ingerência na PF, causa espanto, afinal o presidente é o chefe do poder executivo, e tudo que for pertinente a este poder, pode sim ser motivo da atenção do presidente da república, é para isto que foi eleito, e achar que poderá tirar vantagem de certas situações, é um exercício indevido de futurologia. Ninguém nunca foi condenado por intenção não manifesta de qualquer coisa. Só porque alguém acha que determinada situação, pode levar a cometer um crime. É um absurdo total. Outra coisa, não divulgam os gastos com cartões corporativos, porque dizem ser questão de "segurança nacional". Divulgar reunião ministerial, com a presença do presidente da república e seu vice, não expõe a tal segurança também? Acho que o ministro Celso de Melo, não deveria ter permitido a divulgação da tal reunião. Ficou esquisito o alarme feito, e como disse o vice presidente Mourão, a montanha pariu um rato. Foi o que aconteceu.

Jorge Klein -   23/05/2020 20:06:12

Houve um momento, antes de se demitir, em que o Moro pareceu, aos meus olhos, ser vítima de atitudes traiçoeiras por parte de Bolsonaro. Não poderia estar mais errado. O traíra era o Moro. O excelente trabalho como juiz nos levou a pensar que estávamos diante de um homem de direita, com eleição garantida para 2027. Ledo engano. Caiu, iludido por maus conselheiros e pela própria vaidade. E, pior, achou que os palavrões de Bolsonaro, muito mais do que a pretensa interferência, seriam decisivos para derrubá-lo. Sua insistência para tornar pública a íntegra da reunião mostra de maneira muito clara seu mau-caratismo. Surpreendente virada no enredo... O filme acaba com Bolsonaro assumindo seu papel de porta-voz da população, garantindo sua reeleição em 2022. E de quebra, Weintraub conquista de vez o eleitorado, dizendo o que a maior parte dos brasileiros gostaria de dizer. E o nosso herói da Lava-jato, melancolicamente, termina o filme como um simples cabo eleitoral do neo-cacique João Doria.

Vanderlei Zanetti -   23/05/2020 19:06:05

Para a ciência, falar palavrão é sinal de que você é mais honesto Quando uma pessoa usa um palavrão a chance dela estar sendo sincera é bem maior do que alguém que responde outra pessoa deforma polida e comportada. Parece óbvio? A ciência explica: pessoas que falam palavrão como uma maneira de expressar seus sentimentos são mais honestas. Isso acontece porque, de certa forma, essas pessoas se preocupam menos com regras sociais e com a possibilidade de machucar os outros ao dizer a verdade. Um estudo publicado no Journal Social Psycholagical and Personality Science avaliou pessoas que costumam falar palavrões e descobriu que elas mentem menos. Inclusive, pessoas que fazem isso nas redes sociais costumam mentir menos na internet para fingir ser aquilo que não são.David Stillwell, coautor do estudo e professor da Universidade de Cambridge, disse: “Você pode olhar para esse resultado de duas maneiras: achar que usar muitos palavrões é um indicador de comportamento social, o que te induz a acreditar que quem fala palavrão é uma pessoa ruim, ou entender que essas pessoas não estão filtrando suas palavras,então, provavelmente também não estão filtrando o que é verdade ou mentira no seu discurso”.Para Sitllwell, esse foi o objetivo do estudo:“Pessoas que usam esse tipo de linguajar provavelmente jogam menos com a sua mente e manipulam menos a realidade”. No filme Casablanca, um clássico de 1942,o personagem de Humphrey Bogart diz: “Frankly my dear, I don’t give adamn” – em tradução livre, algo como: “francamente, querida, eu não me importo”– causou um alvoroço e o estúdio teve que pagar uma multa de US$5.000 por violar o código da conduta do audiovisual em vigor no período. O problema? Apalavra “damn”. Em inglês, ela é equivalente a uma maldição.Mas os autores do estudo recente sobre o tema apoiam toda essa expressividade. Quando as 276 pessoas foram avaliadas na pesquisa, a maioria disse que não usa palavrão para ofender alguém. Na verdade, a escolha das palavras é apenas um jeito de relaxar e extravasar seus sentimentos. Várias pesquisas sobre o assunto estão disponíveis na internet.

Antonia -   23/05/2020 18:05:48

Ilustre, A sua fala é coerente. Alias, como a maioria delas. Porém, o que o Magistrado Moro se refirou foi provado. O Excelentíssimo Presidente mostrou toda a sua raiva e obstinação em ter o controle da Polícia Federal. Não vamos esquecer que era este o motivo para exposição do vídeo. Abraços fraternos

Fabio -   23/05/2020 16:11:35

As “putíneas” esquerdolas estão tirando as calçolas pela cabeça. Os monstrengos lacaios do Globalismo estão urrando qual vampiros borrifados com Água Benta. Trata-se de longo e penoso exorcismo.

Paulo -   23/05/2020 15:15:07

Moro precisa ser processado pelas falsas acusações feitas durante sua ridícula coletiva de demissão.

Davi A Carvalho -   23/05/2020 14:59:44

Diante da frustração daqueles que esperavam as algemas, uns ficaram tão desnorteados que, como se isso não fosse uma constante àqueles que querem um país melhor, até indo contra suas posições, pediram aos seus seguidores que orassem pelo Brasil!

Antonio Carlos Gomes -   23/05/2020 14:49:20

Análise perfeita. Digna de compartilhamento.

felipe luiz ribeiro daiello -   23/05/2020 14:48:15

Palavras de mestre na política.