• Percival Puggina
  • 09/08/2022
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O feroz mercado da educação e suas vítimas

Percival Puggina

 

         Li, recentemente, artigo criticando os que se aventuram a opinar sobre Educação sem o preparo acadêmico específico. Educação, a exemplo de outras ciências, segundo aquele texto, somente poderia ser abordada, com propriedade, por profissionais da área. Traduzindo: cada macaco no seu galho.

Como também eu, cá no meu canto do arvoredo, tenho dado pitacos, posso explicar perfeitamente o que leva tantos primatas a se imiscuírem nessa sofisticadíssima pauta: estamos todos apavorados com o que vemos acontecer na educação nacional. Não é que as coisas vão mal. Não, as coisas vão de mal a pior, numa decadência acelerada que acende sinais de alerta em todas as direções. Ou, se não em todas, ao menos na direção de quem atribui importância à sustentabilidade do nosso desenvolvimento através da maior riqueza de qualquer nação – o povo que a constitui. Se estivéssemos num conflito militar contra inimigo externo, gente de todas as áreas de conhecimento estaria escrevendo a respeito. E o fato inegável é que os generais da Educação conduziram o Brasil para a vitória de uma pedagogia que derrota a nação.

O que era perfeitamente previsível quando comecei a escrever sobre isso há quase trinta anos passou a ser constatado e medido. Os indicadores da educação nacional nos arrastam para constrangedoras companhias no ranking mundial. A despeito disso, os profissionais da área, os mestres dos educadores, em primeiríssimo plano, continuam acreditando nas teorias que deram causa ao desastre. São professores que tratam de fazer de seu espaço de trabalho um “coletivo” a serviço de uma “causa” e suas “narrativas”.  Veem a si mesmos como intelectuais orgânicos (Antonio Gramsci), trabalhadores em educação, torneiros de mentes vulneráveis com a tarefa essencial de promover a “formação para a cidadania”. Seguem teses segundo as quais, por exemplo, “não há saber mais ou saber menos:  há saberes diferentes” (Paulo Freire). Assim, alunos e professores bebem-se uns aos outros na fonte equivalente dos respectivos conteúdos! (Este parágrafo reproduz artigo que escrevi para Zero Hora em 5 de junho de 2011...)

Se o método de alfabetização é perfeito, mas só prepara semianalfabetos enquanto vai lançando as bases ideológicas para o que virá depois, que resposta os pais zelosos podem dar a essa prestação de serviços? O mercado em condições de “comprar” Educação para seus filhos vai em busca de alternativas em outros estabelecimentos do ramo, ou nas escolas cívico-militares, ou no homeschooling, tão odiado pelo sistema devorador que não aceita perder uma presa sequer.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


José Luiz -   15/08/2022 10:05:07

Obviamente, quem afirmou que a educação é restrita a "especialistas" possui mentalidade típica de regimes totalitários (leia-se, de esquerda). É um desavisado do que prega a Constituição: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

JOSE RUI SANDIM BENITES -   14/08/2022 11:21:53

Vou novamente dar minha humilde opinião. Mas como fui professor mais de trinta anos, desde, ensino fundamental, médio e superior. Tenho a experiência para os teus gabaritados leitores. Nem tudo é terra arrasada. Existem muitos educandários bons, e professores e professoras comprometidas com a educação. E tem muitas Escolas que não tem viés político. As Escolas privadas, principalmente, onde laborei. Escolas Franciscanas, que tem uma filosofia de pensamento crítico e de paz e bem. Não obstante, infelizmente, na formação de professores em Universidades públicas, criaram esta questão política. Notadamente, de que o Estado é o provedor de tudo. Não se dão conta que o Estado é financiado pelo trabalho da da população que é pagadora de tributos. E que a maioria dos empregos não é do Estado. Mas dos micros, médios e grandes empresários que financiam com o pagamento dos tributos os empregos do Estado. Todavia, esta gente que quer o Estado provedor de tudo, que não deu certo em nenhum país do mundo. Está a aniquilar com a Educação. Pois quer fazer a "Educação" do menor esforço. Não há na vida almoço grátis. Tudo focado no aluno, o aluno tem que gostar da Escola, o aluno não pode ser disciplinado, ao contrário o professor tem que fazer tudo para que o aluno se sinta bem. O que o chamo da pedagogia do prazer. Então chegam no ensino Superior sem as mínimas condições de ter uma profissão. Sem os requisitos mínimos. Mas, tem uma grande maioria que estudou em Escolas privadas e públicas, que tem a capacidade e pressupostos, para chegar a exercer uma profissão. Infelizmente, muitos professores são adeptos da pedagogia do prazer, baseado em pedagogos, que provavelmente nunca lecionaram.

Cleodon Saraiva -   11/08/2022 12:10:50

"Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes" - Isso é, sem dúvida, um bálsamo para os preguiçosos que não querem estudar.

Menelau Santos -   10/08/2022 09:42:41

É aquela máxima da administração: se você fizer as mesmas coisas, obterá os mesmos resultados. Paulo Freire é aquela anedota do cozinha: a comida é péssima, mas o cozinheiro é ótimo!

Nixon Carvalho -   10/08/2022 08:50:15

Prezado sr. Puggina, concordo plenamente com o que disse, em gênero, número e grau! Infelizmente o sistema educacional brasileiro vai de mal a pior. Nunca pensei que teríamos analfabetos funcionais cursando nível superior. Que qualidade de profissionais estamos formando para as gerações vindouras. Fico apavorado só de pensar. Imagine as consequências disso nos vários ramos e ofícios como engenharia, medicina etc.

José Rui Sandim Benites -   10/08/2022 07:41:58

A educação formal deve ter pontualidade, assiduidade, responsabilidade, dedicação e vontade de aprender. Hierarquia e disciplina. Em relação ao educando. O educador deve ter estas premissas e mais conhecer o conteúdo que vai ensinar ( português, matemática, biologia, química, física, geografia, história, língua estrangeira e outros do currículo). Tem que buscar uma educação crítica, ou seja mostrar todo o conteúdo de sua disciplina para que o educando busque suas habilidades. A quem vai para Escola pública, particular, civico-militar e em casa, tem que possuir estes pressupostos ou requisitos. Não sou adepto da pedagogia do prazer. Quem vai estudar não vai para um parque de diversão ou para uma praia para divertir. Não é o educador que tem se adaptar. Mas ao contrário. O educando que deve se adaptar ao maneira de ensinar do educador. O educando vai ter no longo de sua educação, diversos tipos educadores. E, vai ter os que serão seus paradigmas. Fui professor por mais de 30 anos. O que foi gratificante. Para ser educador é necessário gostar do que está fazendo. Se Não deve ir para outra profissão. Ao longo de sua vida escolar o educando vai também gostar de aprender, quando chegar a maturidade, uns em menos tempo, e outros em mais tempo. O professor é a pedra fundamental da educação. Os demais, como lápis, caneta, cadernos, livros, meios digitais, computadores, quadros, mapas e outros. São meios que auxiliam o professor na sua missão. Assim que vejo educação. Respeitando os que pensam diferente.