Percival Puggina
Há tempos não vou a atos de formatura, mas contam-me cenas solenes de estupidez coletiva. Punhos erguidos, hinos socialistas e chorume de lixo marxista derramado aos berros sobre a distinta plateia servem como certificado de insuficiência da própria instituição que autentica o acontecimento: aquilo ali é o melhor que ela pôde fazer. No meio da turma, talvez haja quem divergiu e cuja vida acadêmica foi um inferno.
Nelson Rodrigues, em O Globo do dia 28 de março de 1970, publicou artigo abordando um fenômeno já então em curso e que ele denominou “a socialização do idiota” (anos depois, Olavo de Carvalho esmiuçaria o mesmo tema em “O imbecil coletivo”). Lá pelas tantas, o grande Nelson escreve assim: “Vocês se lembram das greves estudantis da França? (ele se referia ao que ocorrera a partir de Nanterre, em maio de 1968, o tal ‘ano que não terminou’). Os jovens idiotas viravam carros, arrancavam paralelepípedos e incendiavam a Bolsa. E, então, o velho De Gaulle falou aos idiotas. – ‘Eu sou a Revolução.’ Que ele fosse a Revolução era o de menos. O que realmente enfureceu o mundo foi o eu. Era alguém que queria ser alguém. Um dos maiores jornalistas franceses escreveu furibundo artigo contra aquele espantoso orgulho. Aquele guerreiro de esporas rutilantes e penacho negro foi o último eu francês. Os outros franceses são massas, assembleias, comícios, maiorias.”
Os tais movimentos sociais e protestos em atos solenes como formaturas são expressão dessa mesma coisa, meio século mais tarde, por obra e graça dos projetos ideológicos e da ambição pelo poder. A extrema esquerda desde cedo, compreendeu as imensas possibilidades abertas pela socialização dos idiotas. Um idiota sozinho é um solitário ridículo. Já um ônibus cheio deles, ou em passeata, vira expressão da sociedade. Eleva-se à categoria de povo e – imensa vantagem! – se torna inimputável. “Como assim, inimputável?” perguntará o leitor. Sim, pode quebrar vitrines, incendiar automóveis, cometer tropelias, enfim, sem que precise responder pelo que faça. Há sempre um jornalismo que silencia e raras autoridades que discordam.
Vivemos o exílio da individualidade e da lucidez.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Regina Guimarães - 15/04/2022 19:30:28
Acho que situação da Educação no Brasil é muito grave. Tenho testemunhado o despreparo dos professores do ensino básico. Não têm o domínio do nosso idioma, pois cometem erros crassos na escrita e na fala e têm dificuldade de se expressar por falta de vocabulário. Acredito que em função de seu despreparo, usam e abusam de recursos audiovisuais em suas aulas. Sou uma simples observadora, eduquei meus filhos em uma época menos perniciosa. E me preocupa muito perceber que o assunto Educação ainda seja tratado somente no âmbito de verbas e instalações físicas.Lenice Monteiro Arruda - 14/04/2022 12:34:12
Tem sido uma luta insana restaurar o bom senso nas Universidades brasileiras e no Exterior ( haja visto Harvard reduto dos idiotas que fazem um cuso online de 3 horas e se consideram "diplomados" ... ) , onde uma minoria consegue ser tão barulhenta , que seus ecos se multiplicam nas mentes desocupadas e "oficinas do diabo" ! Não consigo aceitar que a mediocridade tenha se instalado confortávelmente nos meios acadêmicos , ignorando que são meras "massas de manobra" de Antonio Gramsci , como uma verdadeira orda de ignorantes , imorais , hipócritas e submissos às pautas destrutivas e escravizantes sem questionarem a realidade da vida !Lupércio - 13/04/2022 19:36:44
Concordo, é assim mesmo que agem essa turba , que não sabe,pra onde quer ir!José Rui Sandim Benites - 13/04/2022 08:50:39
Assisti um filme, que dizia ser fato real. No nazismo segunda guerra. Os nazistas queriam os bens dos judeus prisioneiros. Não conseguiam, nem com tortura. Então contratam um dissimulado que através da conversa dizia ser a favor da causa judia. E que iria guardar os bens dos judeus. Que quando terminasse a guerra, devolveria para seus proprietários os judeus. Os judeus acreditaram no dissimulado, entregavam seus bens. Após estar na posse dos bens, o dissimulado entregava os judeus aos nazistas para serem eliminados. E faço uma analogia, do pai dos pobres no nosso Brasil. Se diz a favor dos pobres e quando estes o elegem para cargo público. Com a ajuda dos ricos, consórcio de comunicação e banqueiros. Deixam os pobres a sua própria sorte. E recebe os beneplácito dos ricos. E, pobre da juventude que se ilude com o dissimulado.Lisandro Marques - 12/04/2022 14:20:45
Caro Puggina, no dia 2 de abril, recebi o convite de uma amiga para assistir on line sua formatura no curso de Psicologia da FURG. Resolvi assistir pois estava sendo transmitido ao vivo pelo Youtube. Na ocasião se formaram 3 turmas de cursos diferentes, de Geografia, História e Psicologia. Na hora dos discursos dos estudantes oradores, o estudante representando a turma do curso de História, eram mais de 20 alunos desse curso e 25 dos outros dois, realizou esse mesmo papel lamentável que você menciona no artigo. O discurso era recheado de retórica marxista da mais rasteira com os velhos chavões contra o capitalismo, a privatização das Universidades e o "papel" do historiador na luta de classes. E a cereja do bolo foi um " Fora Bolsonaro". A cena foi constrangedora e deprimente. Mas ninguém disse nada, creio que mesmo quem não concordava não teve coragem de se manifestar, pois corria o risco de ser expulso do evento. A espiral do silêncio é o que predomina hoje nas Universidades brasileiras. Há um medo da represária dos totálitários de esquerda por parte de quem não aceita essa visão de mundo. Mas não foi só isso, logo após os estudantes falarem os professores falaram e a cantilena continuou a mesma, inclusive por parte do reitor. Me pergunto, como um país poderá deixar a miséria econômica e mental que vive quando a elite intelectual que está sendo formada estará reproduzindo esses absurdos nas salas de aulas? E continuam tranquilos sem que nenhuma autoridade intervenha?Menelau Santos - 12/04/2022 13:46:15
Soberbo Professor! O seu raciocínio explica muita coisa, inclusive porque Nelson Rodrigues dizia que toda unanimidade era burra. Exemplo: graças aos ministros André Mendonça e Nunes Marques, o STF deixou de ser uma unanimidade.