• Percival Puggina
  • 02/02/2018
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O DIA EM QUE MARX RESSUSCITOU

Em meados de setembro de 2008, havia muito mais rolhas de espumante no lixo de Porto Alegre e, presumo, em todo o país. Festejavam a ressurreição do camarada Marx.

 

Talvez menos por Marx e mais pelo fim de capitalismo, abriam-se garrafas como quem liberta o pensamento para os vapores da utopia. A imaginação conduzia a delírios de prazer com a antevisão de bancos quebrando, empresas fechando portas, filas quase soviéticas às portas das padarias, pedintes nas ruas e multidões no seguro desemprego e no bolsa família. Seria a afirmação do papel do Estado como grande pastor do povo, na uniformidade obediente da miséria. Justiça e igualdade servidas em fumegantes conchas no grande sopão do socialismo. O maldito capitalismo, enfim, estertorava.

 “Quando aconteceu isso?” perguntará o leitor destas linhas. Assisti a essas comemorações da esquerda em Porto Alegre, mas elas se devem ter reproduzido em todo o Brasil por ocasião do tsunami que atingiu a economia mundial na crise causada pelo descontrole na emissão de créditos imobiliários no governo Bush. Com o pedido de falência do banco Lehman Brothers em 15 de setembro de 2008, a palavra subprime explodiu nas manchetes e telas de TV. No dia seguinte, a água bateu no queixo da maior seguradora norte-americana, a AIG, e já não se falava noutra coisa... O sistema financeiro estava desabando em cascata. A economia capitalista mergulhava e era incerto se havia oxigênio suficiente nos pulmões.

 Enquanto, no mundo inteiro, os governos e empresas apertaram o cinto preparando-se para as incertezas da travessia, aqui no Brasil, lembro bem, houve duas reações simultâneas e diferentes. A mais conhecida foi a de Lula, então no seu segundo mandato, período em que começou a se ver como uma divindade. Quando advertido para o que estava acontecendo e sobre a inconveniência de assumir compromissos onerosos como a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, Lula desprezou a crise dizendo que, no Brasil, o tsunami era simples marolinha. Seguiram-se anos de multibilionária transferência de recursos para os companheiros do setor público e do setor privado nacional, para a turma do Foro de São Paulo e para parceiros ideológicos africanos. Marolinhas não intimidavam Lula.

 Essa foi a mais trágica das reações brasileiras à crise da economia mundial em 2008 e nos anos seguintes. A outra, jocosa, é a que trago à reflexão dos leitores. Naquelas noites, em meados de setembro de 2008, havia muito mais rolhas de espumante no lixo de Porto Alegre e, presumo, em todo o país. Festejava-se a ressurreição do camarada Marx. Enfim o trem da história chegara à estação onde o velho alemão, determinado e confiante, esperava por ele. Cumpriam-se os fados e a História se curvava às previsões do profeta.

  Estou jogando palavras, de fato. No entanto, elas caem sobre realidades que vi há quase dez anos e a elas se moldam. Com vocábulos piores, era isso que muitos diziam, naqueles dias difíceis, sobre o que estava em curso nos centros vitais do organismo capitalista, os infernos liberais dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Dez anos depois, o trem passou e a história seguiu seu curso no mundo livre. O petismo produziu no Brasil seu próprio tsunami financeiro e moral. A Venezuela é a mais recente experiência fracassada de comunismo e as economias capitalistas prosperam como há muito não acontecia. Quem tiver condições avise o Marx que ele perdeu o trem.
 

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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Ismael de Oliveiira Façanha -   05/02/2018 01:08:03

Não sei porque, na América Latina, as experiências socialistas destroem os países onde são realizadas. Antes do Peronismo, a Argentina estava no Primeiro Mundo, dançava-se tango em Hollywood, Gardel fazia filmes em Paris, e o antológico "Gilda" foi ambientado em Buenos Aires, com Glenn Ford e Rita Hayworth nos papéis principais; depois veio Perón e a "santa" Evita e os "descamisados", resultando na Argentina dos Kirchner; Cuba é outro desastre socialista; e a Venezuela está em nível de holocausto, com as pessoas morrendo sem comida e sem remédios essenciais! mas país dos sonhos da Gleisi Hoffmann e seus petistas... entusiastas do Jihad moderno, que é o pela espada(terrorismo) e de tudo mais que repugne o bom senso...Será que Marx e Engels aprovariam essa choldra sub tropical?

ANTONIO CARLOS DA FONSECA FALLAVENA -   04/02/2018 22:24:46

Talvez tenham bebido muitas outras coisinhas durante os anos anteriores, bem mais do que o espumante para comemorar. Sim, só bêbado para não compreender o que acontecia e com o que lhes enganavam. Tudo isto são fatos, verdade que não precisam ser mais comentadas ou comprovadas. O pior de tudo é que, perto de 1/3 dos brasileiros-eleitores, mesmo após tudo que temos assistido, continuam seguindo, perseguindo, acreditando e ainda querem votar, mais uma vez, naquele que roubou tudo do país, da história ao nosso futuro, pelo menos por enquanto. Como sempre fizeram, continuam "espumando" de raiva, acusando a nação e as instituições de golpistas. Como idiotas, esperam seu chefe supremo inventar mais uma mentira sobre sua inocência. Não precisará inventar algo grandioso. Qualquer mentirinha seu asseclas acreditarão! E a nós caberá cuidar para que não roubem as urnas. É só o que falta roubarem, de vez! Fallavena

Flávio Coelho -   04/02/2018 01:35:38

Se esses petistas conhecem a Escola Austríaca de Economia entenderiam os ciclos econômicos há 100 anos e saberiam o papel do governo na raiz do problema e paravam de apontar para o capitalismo e o processo de mercado. Mas aí, não seriam petistas.

Gilmar -   03/02/2018 22:00:21

Verdade, e dez anos depois da tragédia (perdi uns R$15000,00 na época, tinha dinheiro aplicado em fundos de investimentos da Petrobrás) assisto um discurso do Trump em Davos, o novo presidente de direita em décadas nos EUA, inaugurando uma nova era de prosperidade naquele país, principalmente pela redução de impostos e desregulamentações, armas usadas pelos socialistas para achacar as classes produtivas. Vejam o discurso traduzido: https://www.youtube.com/watch?v=jlxeMutq3hs

Joma Bastos -   03/02/2018 21:40:48

O Marx mantém-se agarrado ao trem comunista da América Latina e de África, um trem que está destruindo social e economicamente os países afetos à sua doutrina comunista. O grande problema do povo brasileiro é que geralmente empurra a culpa da sua doutrinação comunista aos países estrangeiros, quando nós somos os próprios construtores e destruidores da política e da socioeconomia do nosso país. Somos um país com área geográfica continental, que tem uma influência enormíssima na América Latina e no Mundo, mas regra geral mostramo-nos indisponíveis ou incapazes de assumimos essa potencial liderança, ao destruirmos as nossas próprias enormes capacidades. Há que retirarmos este país do poço sem fundo em que se encontra. Uma ELEIÇÃO É PIADA! A prioridade do Brasil é uma completa reforma estrutural do atual modelo estatal. O atual modelo comunista tem que ser totalmente banido, para dar lugar a uma Nação Liberal e Capitalista. A verdadeira luta do povo brasileiro deveria ser pela Intervenção Constitucional, mas infelizmente isso não está acontecendo, pois o povo tem medo de ir para a ruas e paralisar este país. Então vivem a ilusão das eleições tal como acontece com o Carnaval, com o futebol, etc. Sucedem-se o carnaval, o futebol, as eleições.. e o Brasil continua na mesma profunda crise socioeconômica e política. E continuamos vivendo em um Estado-ladrão dominado pela corrupção, pela doutrinação comunista e pelas empresas rentistas que dominam as grandes estruturas e infraestruturas nacionais. A atual situação do Brasil é triste, mas é uma triste realidade que tem que ser vencida diretamente pelo povo deste país.

Jelmires Soares de Araújo -   03/02/2018 18:36:15

Se o comunismo tivesse dado certo em algum país, do mundo porque a maioria são capitalista. Me responda os socialistas de plantão. Mais quando estão de férias vão para França/EUA, Portugal e outros.

Eugenio -   03/02/2018 13:40:54

Ainda temos intelectuais que pensam. Isso renova nossas esperanças.

Jonny Hawke -   03/02/2018 02:42:35

O pior de tudo é ver como a imprensa é toda esquerdista, inclusive muitos veículos internacionais. Eles simplesmente relutam em não aceitar que o Brasil está em crise, que Lula foi condenado ou que países capitalista estão crescendo cada vez mais.

Gustavo Pereira dos Santos -   03/02/2018 01:02:35

Não consigo parar de rir.