• Nivaldo Cordeiro
  • 08/05/2009
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O CIDADÏ - www.nivaldocordeiro.net

Cr?a do Quinho 08 de maio de 2008 L?inha Quinho caminhando em sentido contr?o ao meu. Andava lentamente e fazia gestos com os bra?, como se fora um maestro. Parecia reger uma orquestra imagin?a. Postei-me na sua frente e nem me percebeu, quase esbarrou em mim. Vinha como um viandante carregando a sua sombra. – Meu amigo Quinho, que ?sso? Ficou maluco? – Oh, doutor, que prazer v?o. N?o tinha percebido. Estava aqui cantando para mim mesmo a Marselhesa, a can? dos revolucion?os franceses. Viu que ? Ano da Fran?no Brasil? Pois ?li nos jornais agorinha. A?e lembrei do hino. Doutor, aquilo ?ue foi trag?a, a m?de todas as revolu?s. Lembra da m?a? Quinho cantarolou: “3 armas cidad?! Formai vossos batalh? Marchemos, marchemos! Nossa terra do sangue impuro se saciar? – Doutor, eu lembro dela cantada pela Piaf, que punha todo o cora? na interpreta?. ?bela a m?a, mas a letra ?m convite ao genoc?o de classe, que o comunismo levou avante por onde passou. O comunismo ? filho dileto da Revolu? Francesa. Um horror! Ali? a Revolu? Francesa ? revolu? por antonom?a, embora n?seja ela o come? mas o fim de um processo na Europa. – Explica isso, Quinho, que n?entendi. – Ora, doutor, a Europa vinha em terr?l convuls?intestina desde o final da Idade M?a, no plano do Esp?to. As seitas gn?cas tomavam conta. Depois veio o Renascimento, que fez emergir o lixo ocidental por inteiro, ressuscitando cad?res h?uito sepultados, como os de Epicuro e Zenon. E depois Lutero, aquele grande esp?to do Norte, fraturou a cristandade de forma irrevers?l. A Revolu? Francesa concluiu esse processo de descenso no plano pol?co, destruindo a harmonia entre o poder espiritual e o poder temporal. – Ora, Quinho, as coisas evoluem, repliquei. – As coisas mudam, doutor, n?significa necessariamente que evoluem. Aqui houve uma completa involu?, um retorno aos tempos pag?. J?eu a Declara? Universal dos Direitos do Homem e do Cidad? Eliminaram ali qualquer vest?o de Deus e da transcend?ia na vida pol?ca. Est??“O princ?o de toda a soberania reside essencialmente na raz?. Ora, a raz?n??rinc?o de nada, ?ma faculdade meramente instrumental do homem. Ecos do mefistof?co Rousseau. Aqui podemos dizer que o EU – falou sublinhando – ?ue passou a ser o princ?o, a medida de todas as coisas. A criatura foi posta no lugar de Deus. Um horror, uma regress? – Quinho, nunca pensei assim. – ?a imagem do Homem Vitruviano, do Leonardo da Vinci, a estrela que est?m toda parte, substituindo a cruz. O s?olo m?mo da arrog?ia humana, pelo qual o elo com Deus foi completamente abandonado. A suposta perfei? do Homem. Por isso a frase de Voltaire virou lema: “?rasez lInf?”, o grito de guerra contra a Igreja de Cristo. – O que voc?st?izendo ?ue a Revolu? Francesa tinha uma dimens?mais religiosa que pol?ca? –Justamente, doutor. Uma religi?secular foi fundada e, desde ent? persistir? far?o Estado a encarna? m?ma da divindade. Agora n?h?ais pessoas, mas cidad?, m?as an?as formadoras da multid? Da?ara o coletivismo e as idealiza?s pol?cas genocidas era s? passo. No cap?lo primeiro escreveram que “os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos”. Uma mentira, doutor. Um beb?em ?ivre e nem ?gual aos seus pais. Essa ? id? maluca de Rousseau, que pegou toda a gente. A igualdade ? grande mentira. H? princ?o da hierarquia natural, que existe em qualquer situa?. Por exemplo, o pai ?uperior ao filho, pelo menos at?ue este venha a se tornar adulto. Fiquei pensativo. Fazia sentido. – Puxa, Quinho, mesmo assim a Fran??m pa?simp?co. Vou ver a programa? do Ano Brasil Fran? – Ah, vale a pena. Um dia ainda quero ir l??margens de Rio Sena, cheio de sangue e hist?, doutor. Foi-se Quinho em seu caminho, regendo a Marselhesa.