O ASILO FOI POL?ICO, NÏ H`COMO NEGAR
O presidente Lula, cujo pensamento pol?co se abriga na extrema volubilidade, por mais de uma vez afirmou que n??em foi esquerdista. Da palavra, j?iziam os romanos, o vento as leva (verba vollant), mas acrescentavam que a palavra escrita permanece. Ouso dizer que nem sempre. Assim ?uando nega o ?o, ao negar ser esquerdista mas havendo fundado o Foro de S?Paulo, uma coaliz?liderada pelo Partido Comunista Cubano em 1990, destinado a conquistar a Am?ca do Sul e a do Centro. Ningu?melhor que ele para usar a cedi?explica? de Ortega y Gasset: “Eu sou eu e as minhas circunst?ias”, em si leg?ma quando explica decis?pol?cas antag?as ?que antes defendia. N?? caso.
As circunst?ias t?favorecido os humores do presidente Luiz Ign?o. Ao vencer, na quarta tentativa, concretizou o “beijo da morte”: a vit? pessoal, sem que seu partido conquistasse a maioria do parlamento. Ao deixar sua ?a atividade legislativa — j?ecidira disputar a Presid?ia —, referiu-se aos antigos pares no Legislativo como “os 300 picaretas”. Presidente, reencontrou-os aumentados por aqueles que nos com?os de campanha, em que ?omum a exacerba? gerada pelos vapores et?cos, chamava de ladr? Deles, de suas “habilidades” pol?cas em que s?peritos, necessita para governar, segundo seu estilo pragm?co. Assim como serviram aos militares, hoje transitam na base de apoio ao antigo insultador.
A caneta do presidente tem poderes miraculosos. A isso o presidente Luiz Ign?o chama de metamorfoses, conhecedor da letra de uma can? de Raul Seixas. O que mostra bom gosto pela cr?ca ?oral burguesa, preservada a utilidade da burguesia reverencial. Sagaz, quem diria que o signat?o do texto da funda? do Foro de S?Paulo estivesse disposto a cooptar um antigo presidente mundial do Banco Boston para, felizmente, chefiar o nosso Banco Central? Tra? — creio piamente nele —, evitou, generoso, dizer quem o traiu. Imagino quanto sofreu com uma trai? que lhe causou a queda tempor?a da popularidade para 20%, ao ver a imprensa (que lhe causa azia ler) revelar os s?dos mercen?os do mensal?
N?admitindo ser de esquerda, porque “todo velho que ainda ?e esquerda tem problema”, teve a frase contestada amigavelmente pelo assessor para assuntos de pol?ca externa Garcia (dirigente do Itamaraty do B). Sua conduta confunde os pobres mortais que estudam ci?ia pol?ca. Nos jogos pan-americanos, dois boxeurs cubanos desertaram da delega?. Prontamente, foram “acampanados”. Ou seja, vigiados permanentemente por policiais. Postos por eles numa liga? telef?a com Cuba, cederam ao apelo das fam?as, com promessa generosa de Fidel Castro. Se voltassem, nada de mal lhes aconteceria. Logo, um avi?do “companheiro Ch?z” veio busc?os. Na ilha, proibidos de trabalhar, viviam dos chamados bicos, at?ue um deles conseguiu fugir, evitou o Brasil, rumou para o M?co e de l?ara a Alemanha.
Foi, pois, eficient?imo o governo brasileiro em atender Fidel. O reverso aconteceu com o pedido da It?a, de extradi? do terrorista Cesare Battisti, foragido depois de condenado. Quatro vezes homicida, foi condenado em dois processos, uma vez pela unanimidade do j?popular. A Justi?italiana lhe assegurou todos os direitos, especialmente o de defesa. ?antigo membro dirigente dos Militantes Armados pelo Comunismo, ligados ?ferozes Brigadas Vermelhas, que sequestraram e assassinaram cruelmente o indulgente democrata-crist?Aldo Moro. Protegido pelo servi?comunista de fuga de seus presos, Cesare Battisti fugiu da pris?e refugiou-se na Fran? No governo do respeit?l socialista Romano Prodi, a seu pedido a Fran?concedeu a extradi?, mas fugiu novamente, agora para o Brasil.
Por que o Brasil, se Prodi n?viola direitos humanos e governava um pa?democrata? Provavelmente porque o presidente Luiz In?o ?m humanista, apaixonado pelos direitos humanos. Trata como her?os terroristas da luta armada de 1967— 1975. Analogicamente, asila “um perseguido”, que matou, como os terroristas daqui mataram, pelo bem da causa comunista. Menos sens?is, o Conselho Nacional para Refugiados (Conare), ?o do Minist?o da Justi? negou-lhe o pedido de asilo pol?co, e o procurador-geral da Rep?ca deu parecer contr?o ao pedido de anistia para Battisti. O Supremo, que ? ?o adequado para julgar pedidos de extradi?, seria o pr?o a que recorreria.
O nosso ministro da Justi? ent? experiente em xadrez, apelou para o xeque-mate. Concedeu, contra o Conare e o procurador-geral da Rep?ca, o asilo. A ser mantido, impedir? STF de apreciar pedido de extradi?. Oficial da reserva do Ex?ito, ainda cultiva a disciplina e respeita a hierarquia. Logo, jamais asilaria Battisti sem pr?a autoriza? do presidente da Rep?ca. Diante do protesto da It?a, nosso presidente, exaltado, bradou: “Ela vai ter que respeitar a nossa soberania”. Rea? de um patriota destemido e indignado que invocou a soberania brasileira? Ou mero acinte ?t?a democr?ca?
* Foi Ministro de Estado, governador e senador