Percival Puggina
Como recebo assiduamente notícias de Cuba, em virtude dos contatos e amizades que fiz por lá, também tenho ocasionais informações sobre desaparecimentos, detenções sem justificativa, dificuldade de acesso de familiares a notícias sobre prisões políticas feitas nas ruas e, não raro, greves de fome. Algumas terminam em morte.
A sempre alerta lucidez do amigo Alexandre Garcia, ao comentar o discurso do presidente Bolsonaro na ONU, deixou no ar uma pergunta que só não perturbou aqueles em quem a ideologia calcificou os sentimentos de humanidade: “E se Bolsonaro tivesse mencionado os presos políticos no Brasil?”.
Pois os temos por aqui; e estão nessas condições por ordem do Supremo Tribunal Federal, como se a liberdade de cada um dependesse, exclusivamente, da autoridade que se incomodou com ele e o mandou prender. Que país é esse? Que Estado de Direito é esse?
Contudo, estamos ainda mais próximos de uma realidade cubana do que se possa depreender das linhas acima. O jornalista Wellington Macedo está preso no “contexto” do inquérito dos atos antidemocráticos e entrou em greve de fome há 19 dias! Enquanto a família clama por socorro as instituições se fazem surdas!
Terrível, não? E o que se dizer dos grandes grupos de comunicação, dos principais jornais do país, em seu mutismo sobre esse assunto? Faça a experiência: procure no Google pelo nome dele, acrescente “greve de fome” e veja quais meios de comunicação registram alguma informação ou comentário a respeito. Silêncio de cemitério. Silêncio no triste cemitério da liberdade de opinião, de expressão e, claro, do jornalismo brasileiro.
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Ivani Lima - 28/09/2021 10:06:36
Toda a velha mídia calada. Têm razão os que ainda têm coragem de dizer o por quê dessa atitude.Alcemar de Godoi - 27/09/2021 17:50:27
Porque a grande mídia está calada diante dessa situação trágica?Armando Andrade - 26/09/2021 11:19:13
Sou um devorador de noticiário não fosse a lide em que me empenhei como jornalista, filho de outro, acostumado a leitura. O mundo sempre me fascinou, mas parece que essa coisa de "trégua" é mesmo fantasiosa. Os homens ou suas voracidades incrementam por toda parte aquilo de "anjos ou demônios". Cuba é um reflexo, onde eles vivem doando vacinas. Que mundo é esse?Ariel - 25/09/2021 12:08:20
Pugina; somos todos omissos!.....casualmente, estou lendo a vida de Benito Mossulini......neste e em tantos outras biografias, vemos coisas absurdasse repetirem e, o quê mais se vê ´a OMISSÃO....Darcy Francisco Carvalho Dos Santos - 25/09/2021 12:02:55
Caro Puggina, outra pergunta que faltou fazer foi onde andam o defensores dos direitos humanos, sempre tão atentos em circunstâncias, nem sempre tão justas e humanas? E os jornalistas não dizem nada por seus colegas presos por "crimes" de opinião? Cuidado que Isso pode inverter, quado chegarem ao poder aqueles que falam na regulamentação da mídia.carlos edison domingues - 24/09/2021 11:11:43
PUGGINA A nossa miséria moral é maior; pois, quem manda prender na Venezuela, na Coreia do Norte e em Cuba não é "jurista" e nem "professor". Aqui, no Brasil, é um conjunto de uma Instância Superior, respaldando decisão de uma pessoa e contra a qual não há apelação. Só a repetição, do dia glorioso, de 7 de setembro indicando quem é "canalha " poderá impedir o aumento do número dos "presos políticos " na terra da "Constituição Cidadã" Carlos Edison DominguesRONALDO RAMOS LARANJEIRA - 23/09/2021 22:17:06
grato por destacar esse ataque aos nossos direitos humanos no BrasilMenelau Santos - 23/09/2021 17:21:01
Professor. Artigo corajoso. Eu, por exemplo, não sabia.