Percival Puggina
A ideia de que a polarização faz mal à política e ao país nasceu no mesmo dia em que a esquerda perdeu as eleições nacionais de 2018; foi parida em berço petista e se tornou peça retórica para transmitir a impressão de que a vitória dos conservadores deteriorou a política, transformando-a numa guerra.
Não chega a ser surpreendente que o estratagema tenha integrado o discurso do ministro Fux ao abrir os trabalhos do ano judiciário. Em sua fala, o ministro afirmou que “a democracia não comporta disputas baseadas no ‘nós contra eles’” e que “todos os concidadãos brasileiros devem buscar o bem-estar da nação, imbuídos de espírito cívico e de valores republicanos” (palmas do auditório).
Contudo, se dermos uma olhada para traz, o “nós contra eles” saiu da boca de Lula e instigou as sucessivas vitórias do PT. Alias, para a esquerda, desde todo sempre, a política foi assim. Mesmo em regimes totalitários, de partido único, há uma política e ela se faz contra “eles”, os que vão para as covas rasas, ou para os gulags, ou para os cárceres.
Nas democracias, principalmente naquelas em que a sistema de governo é presidencialista, toda eleição majoritária é disputada entre um conjunto “nós” e um ou mais conjuntos de “eles”. Dada a magnitude das divergências ideológicas, torna-se difícil imaginar-se, hoje, uma eleição não polarizada.
O próprio STF, quando se forem renovando os ocupantes das cadeiras, também se irá polarizar e essa polaridade se fará notória, motivando grande júbilo nacional. A ampla maioria esquerdista ali formada já deixou bem clara sua animosidade em relação à maioria conservadora da sociedade brasileira.
Colegas do presidente do Supremo, em excessivas, abusivas e perturbadoras manifestações, não escondem o antagonismo ao presidente da República e, por via de consequência, a seus apoiadores. Quantas vezes “milícias” e seus derivados são palavras pronunciadas por membros da Corte? Não surpreende, por isso, que tais cidadãos sejam “eles” para muitos ministros e que esses ministros sejam “eles” para os mesmos cidadãos que se veem injustamente atingidos.
Por fim, é bom lembrar que no caso brasileiro saímos de uma hegemonia política – de um monopólio esquerdista, poderíamos dizer – para uma polarização que, vista a situação anterior, se revela muito, muito saudável.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Jose Ricardo - 09/02/2022 16:52:49
O grande inconformismo das esquerdas é a perda da hegemonia primeiro do discurso que antes era dominado pelos jornalistas nas redações da velha imprensa e que hoje é pulverizado na internet e segundo e mais significativo que foi a perda da hegemonia das ruas. Essas perdas foram significativas porque as esquerdas sempre propagaram a ideia que eram os bonzinhos e que monopolizavam as virtudes enquanto que os "outros" sempre foram os mauzões. A vitória de Bolsonaro estourou a bolha esquerdista naquilo que Lênin definiu como a forma mais eficiente de governar, que é dividir um grupo político em duas forças ilusoriamente antagônicas, mas que na essência tem os mesmos objetivos, divergindo de fato apenas no método, o chamado teatro das tesouras. A estratégia é eficiente enquanto a sociedade enxerga apenas uma das lâminas da tesoura, pois cria-se a falsa ideia de alternância de poder, mas na verdade o controle é da esquerda. Isso foi algo que vimos entre 1994 e 2016 com PT x PSDB, o PT considerado o comunista radical e o PSDB o comunista perfumado, o chamado de socialismo fabiano tão bem representado por FHC. Por isso vemos o desespero de Lula para ter Alckmin como seu vice, se vier a ocorrer de fato será a reedição do teatro das tesouras.Ajacio Bandeira de Mello Brandão - 09/02/2022 13:57:00
Excelente ponto de vista. Obrigado, mais uma vezwagner vieira lopes - 08/02/2022 12:17:37
Concordo plenamente. O que está por trás dessa fachada é a manutenção de em cenário político onde apenas a esquerda existe, em todas suas roupagens. Só que não! esse tempo acabou!José Rui Sandim Benites - 07/02/2022 11:47:23
Importante reflexão do professor Puggina. Sem dúvida, que temos que cada cidadão ler o que consta na nossa Constituição, que é promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Infelizmente, a falta de tolerância, e temperança, de quem sempre buscou o litígio entre empregados e empregadores. E busca o poder a qualquer custo. Criou este Nós contra Eles. Quando o embate político é verdadeiro. Mas todos temos que ser respeitados, independente de ideologia política. Após passada as eleições, todos temos que buscar o que está na Constituição. E o STF, deverá buscar por obrigação e dever funcional.JOSE ANGELO RAIOL PINTO VIDIGAL - 04/02/2022 18:01:23
A turma do STF, só tem 3 pautas, defender a Bandidagem, soltando, como fizeram com Lula, passando por cima da CF e agir politicamente do lado da esquerda.Ricardo C Rocha Moreira - 04/02/2022 07:31:47
O problema para "eles" e que"nós"Ademir Ferreira da Silva - 03/02/2022 15:22:16
ConcordoClara - 03/02/2022 14:24:59
O q mais importa é Bolsonaro vencer as urnas…. O processo é lento para a limpeza esquerda comunista . Acreditando nisso povo da direita com nosso amado presidente.AntonioAugusto Esteves - 03/02/2022 14:02:08
Sempre brilhante em suas colocações