• Percival Puggina
  • 28/12/2008
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NO PEITORIL DA JANELA

Recebo cerca de duas centenas de mensagens eletr?as por dia. A maioria falando mal dos pol?cos. Desbarrancou uma estrada em Santa Catarina – pau nos pol?cos. O governo n?paga precat? – pau nos pol?cos. Congresso decide assim, pau; decide assado, pau. A pol?a prende pol?cos, pau; a justi?solta, pau. Pesquisa de opini?para saber qual ? ?mo poleiro no galinheiro da credibilidade? Lugar cativo para a pol?ca. Dos parlamentos, nem falar. Se fechassem todos, o Brasil celebraria. O fen?o que descrevo ??constante na m?a e t?n?do nas manifesta?s da opini?p?ca que se tornou tema de estudo acad?co. Quando h?lei?s, votamos contrariados, coagidos, mais ou menos como galinhas chamadas a escolher entre a panela de ferro ou a panela de barro. Essa conduta ?efor?a pelo jornalismo pol?co: raros s?os colunistas que ocupam seus espa? com algo mais do que a cr?ca negativa e o tititi partid?o. Pergunto: sustentar-se-ia no emprego um analista econ?o ou um colunista esportivo que se conduzisse pelos mesmos irrelevantes crit?os? Cada palestra que fa?sobre esse tema (e contam-se ?dezenas) me evidencia, mais e mais, o quanto ?ecess?o combater a duas atitudes: a da imprensa que reserva seus principais espa? para mat?as que se repartem entre o fr?lo e o indecoroso, e a da sociedade que desdenha a ribalta e aqueles que nela se movimentam. Na “aldeia” de McLuhan, na sociedade de massa, a m?ol?ca nasce, precisamente, da conjuga? dessas condutas. Elas se potencializam reciprocamente. O lugar onde se deve cuidar do bem comum acaba sendo um espa?onde s?tem palmas aqueles que, de uma forma ou de outra, se banham nos respingos do er?o. N??reciso ser g?o para compreender que a situa? s?rve ?squerda n?democr?ca, levando o Estado de Democr?co de Direito ao descr?to. O prest?o de Lula, ali? foi sendo estabelecido sobre um senso comum assim constru?. A f? com que a esquerda brasileira atacou os festejos dos 500 Anos do Descobrimento rima com esse comportamento. Participou de sua estrat?a para chegar ao poder, fazendo do passado terra arrasada. E o fato de haverem frutificado no governo dele, Lula, as muitas provid?ias plantadas por seus antecessores Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, fez o resto do servi? O custeio da Uni?j?assa dos 20% do PIB apesar da privatiza? de mais de uma centena de estatais, mas quanto mais cresce a repulsa pela pol?ca, mais avan?o prest?o de Lula, esse esbanjador. N?saberia dizer se a sociedade brasileira j?st?uficientemente corrompida por isso como para absorver um casu?o em favor de mais tempo de poder para Lula. N?saberia dizer. Mas sei como ele chegou aos ?ices atuais. E sei que as for? democr?cas, ao promoverem o descr?to em rela? ?ol?ca, ao descuidarem das quest?de fundo, ao n?atentarem para as rela?s de causa e efeito, ao deixarem que a superficialidade da grande imprensa as conduza pelo nariz, est?fazendo o jogo daqueles a quem pretendem combater. Atiram no pr?o p?Fazem o la?na corda que vai parar no seu pesco? Sentam no peitoril da janela com os p?balan?do para o lado de dentro. Se ?ue me entendem. E ficam ali, convencidos de estarem fazendo uma grande coisa.