• Percival Puggina
  • 16/11/2022
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New York, New York

 

Percival Puggina

I want to wake up in a city

That never sleeps
And find I'm king of the hill
Top of the heap

         Essa canção, em que a música de John Kander e a letra de Fred Ebb foram eternizadas na voz de Frank Sinatra, acabou se convertendo num hino da cidade e do sonho americano com o sucesso. Se é possível fazer sucesso lá, mesmo chegando com “sapatos vagabundos”, como diz a letra, é possível fazer sucesso em qualquer lugar.

Convidados pela LIDE, empresa de João Dória, seis ministros do STF brasileiro foram a Nova Iorque para uma conferência cujos temas são a liberdade e a democracia em nosso país. Ouvidas as falas, voltei a lembrar da canção, porque o que vem sendo feito aqui, foi feito lá. Falaram como fazem no STF, todos de acordo, levados por quem concorda e assistidos pelos que aplaudem. A discordância ficou na rua.

No olho da rua, como costumamos dizer, sem perceber que também estamos afirmando a existência de uma visão da rua, como espaço típico do cidadão. O olho da rua também é das passeatas e da praça, Ágora ateniense das manifestações.

Exatamente aí o problema que passou batido nas minipalestras de 10 minutos concedidos aos convidados. Unânimes, se disseram guardiões da democracia. Brandiram o indicador sem jamais apontar, nem em desvio de rota, nem por esbarrão, para o próprio peito. No entanto, um bom exame de consciência lhes diria que a expressão do ministro Barroso ao cidadão que o interrogava sobre o relatório do ministério da Defesa – “Perdeu, mané!” – confirma, sem querer, a sensação de que o protagonismo exacerbado do STF e de seu braço eleitoral tinha lado de estar e atuar.

Ao falar, o xerife das canetas fumegantes, colocou a “mídia tradicional” no altar das reverências. Fica fácil entender por quê. Ela foi, o tempo inteiro, espelho mágico do tribunal! Nenhum tão belo, justo, veraz e prudente na face da terra. Uns e outros, mídia tradicional e Corte uniam-se no desprezo às mídias alternativas – alternativas exatamente por isso, para dar voz aos que não a tinham. Foram elas – Deus seja louvado! – que retiraram a mordaça de conservadores e liberais, silenciados, não por acaso, também nas salas de aula, nas universidades, nos ambientes culturais. Todos defensores das diversidades, exceto filosóficas ou ideológicas.

Foram elas que replicaram a importância, e sobre tudo a prudência, de instalar impressoras dos votos nas máquinas de votar. Tinham toda razão do mundo e a prova está na mesa dos fatos: a eleição sob questionamento e as perguntas varridas para baixo do tapete.

Estava curioso para saber o que diriam sobre democracia e liberdade. O que ouvi foi a sustentação oral do que produziram no Brasil, onde o olho da rua testemunhou censura, intimidação, repressão, interdições, restrições de direito e uso abusivo do poder.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


JUD ROMELLO -   19/11/2022 07:06:05

2Tm 4.3 Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, 2Tm 4.4 e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas.

FERNANDO A O PRIETO -   17/11/2022 05:22:12

Parabéns pelo texto! Bom, como sempre. Que vergonha esses ministros. Que nível baixo, o atual! E talvez piores sejam os que são coniventes com eles, explicitamente ou por omissão, e até os aplaudem (OAB, Parlamentares,...). Deus nos salve desta corja!

José Rui Sandim Benites -   16/11/2022 21:31:02

A Nação a beira do abismo! A pedra fundamental da esquerda é podre, ou seja, Lula condenado em três instâncias do Judiciário, por processos contra a administração público. E os processos foram anuladas por placar de 8x3 no STF, por defesa processual e não no mérito. Então, os eleitores de baixa renda e baixa escolaridade (inocentes úteis), jornalistas e "intelectuais" de livros, mas sem experiências de vida e políticos que querem se locupletar com o dinheiro suado dos contribuintes pagadores de tributos, o elegeram. Tragédia anunciada, de um projeto que já teve no passado e vai transplantar para o presente, que desenvolvimentista, estatizante, contra as reformas trabalhista e previdenciária. Contra privatizações, aumento da burocracia do Estado, aumento da indústria das multas, tudo financiado pelo Estado. Um Estado endividado que 50% no orçamento da União, somente, para pagamento de juros. E qual o plano? Quer endividar mais o Estado, com uma PEC de transição (kamikase) de espaço fiscal de 175 bilhões por quatro anos de governo. Sem contrapartida, do orçamento, ou seja, fora do teto de gastos. Como pagar este rombo fiscal? Vai emitir moeda e gerar inflação. O que dá com uma mão, os auxílios sociais. Irá tirar com a outra mão, com inflação e aumento de carga tributária. Não precisa ser um economista renomado para chegar a esta conclusão. E a mídia militante terá grande culpa por este desastre da Nação. E os ministros que o liberaram também. As perspectivas futuras é que o barco afunde. Espero esta previsão esteja errada. E que o barco entrando água, ainda, consiga navegar.

Teresinha Maria Meurer -   16/11/2022 14:05:58

Texto perfeito. Falou tudo certo. Mas temos vontade de xingar esse STF....mas não podemos. Iremos presos. Parabéns, Senhor Pugina. Brilhante como sempre.

Menelau Santos -   16/11/2022 13:19:29

Professor, eu estava ansioso por este seu artigo. O "Perdeu, mané!" combina com o "O choro é livre". Como ouvi de um bom comentarista da JP, se nós somos os manés, e se o refrão da música espelha a realidade, fica claro quem é o malandro.

Carlos Denir Xavier -   16/11/2022 13:05:09

Percival Pugina, sigo sua atuação há considerável tempo ( Talvez, mais de 20 anos)! Você tem minha confiança ao expressar a um grande público exatamente o que gostaria de expressar! Estarei com você onde você estiver! Para que não restem dúvidas sobre a autenticidade de minha afirmação (nestes tempos bicudos): RG 9002743897(RS); CPF 096402660-00! Abaixo o comunismo; VIVA A LIBERDADE!!!

Maria de Fátima Araújo Almeida Vieira -   16/11/2022 12:58:50

É revoltante o que esses "sinistros" do STF, desgraça e vergonha da nação, estão fazendo!