Há muitos anos participei de um programa de TV no qual se dabatia o tema da “independência” no relacionamento conjugal. Um assunto interessante porque em torno dele se tem estabelecido grande confusão, sendo muitos os que consideram desejável, no casamento moderno, uma recíproca e absoluta independência entre os pares.
Não existe isso nas instituições humanas. As sociedades se constituem porque as pessoas dependem uma das outras; uma sociedade de indivíduos absolutamente autônomos seria algo atomizado, disperso e ineficiente. União conjugal e família são reflexos da natureza individual e social da pessoa humana.
Na vida conjugal, e em especial nas relações onde o amor se impõe como elemento vinculante fundamental (embora não único), essa interdependência dos membros pode levar - e com frequência leva - ao sacrifício. Qualquer pai, mãe, marido ou mulher sabe que o amor cobra capacidade de renúncia, e a exige, especialmente nos momentos de crise pessoal, nas enfermidades, e sempre que há fardos a serem compartilhados.
Um dos maiores problemas que atingem a instituição familiar e sua estabilidade nos dias de hoje está localizado nessa fobia cultural à renúncia e ao sacrifício, entendidas pelo avesso - como elementos destruidores da natureza humana - e não como construtivos e constitutivos de sua maturidade.
O Natal de Jesus, e é sobre isso que desejo escrever, exemplifica com muita clareza que, no plano de Deus, o amor é inseparável da doação e da renúncia. O Natal não é apenas uma bela história. Ele é também o início de um drama real, convivido nas duas cidades, a de Deus e a dos homens: Deus se faz homem para estabelecer uma “nova e eterna Aliança” com a humanidade a que ama. E seguindo a lógica do amor, irá ao sacrifício de si mesmo.
Esse “dar-se” resiste, no ensinamento cristão, à dimensão comercial que cada vez mais domina as festas de fim de ano onde as relações se tornam crescentemente materiais, numa sequência que começa com o simples “receber”, passa pelo “trocar” e talvez chegue ao “dar alguma coisa”, mas raramente cogita do “dom de si”, que é a essência do Natal. Faço votos de que este Natal de 2019 seja para cada um, para cada família, para todos nós, ocasião de refletir sobre as exigências do amor, no exemplo de Jesus de Nazaré.
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* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a Tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, A Tragédia da utopia (2ª Ed.). Integrante do grupo Pensar+.
Egas Moniz Pascoal Batista - 26/12/2019 20:07:24
Os elogios, que você merece, ficam por conta de outros leitores. Eu quero afirmar, categoricamente: ainda bem que existe Percival Puggina. Seus textos nos enchem de esperanças. Feliz Ano Novo, junto com o Brasil.Menelau Santos - 26/12/2019 11:50:23
Prezado Professor Puggina, esse artigo maravilhoso está em linha com um dos ensinamentos do Padre Paulo Ricardo sobre os Dons. Os Dons Divinos são diferentes para cada um de nós justamente para que precisemos um dos outros. Espero que o Sr. tenha tido um Feliz Natal.Carlos Edison Fernandes Domingues - 25/12/2019 15:47:58
PUGGINA. Ensinamento que busco seguir há 56 anos de convívio familiar; trocando aprendizagem com a esposa e transmitindo aos filhos e netos. Agradecido por mais esta mensagem Carlos Edison DominguesDeoclécio Galimberti - 24/12/2019 20:51:42
Sou teu leitor assíduo e teu fã de carteirinha. Escreves excelentemente bem, o que me orgulha muito, porque fui amigo de teu pai - Adolpho Puggina, do antigo PRP, que muito orgulhou o pqrlamento rio-grandense. Meus parabéns e te desejo um Feliz Natal e o bissexto 2020 com muita saúde para continuar nos brindando com teus excelentes artigos. Muito cordialmente, Deoclécio GalimbertiSergio Sparta - 24/12/2019 14:33:20
Parabéns Puggina, pelo artigo, muito significativo e apropriado . Não só para o Natal, mas para a vida. Me sinto felicitado. Retribuo com votos de paz , e amor . Que a solidariedade permaneça no coração das pessoas. Para ti e família BOAS FESTAS.Marcos Martins - 24/12/2019 14:17:52
```Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9:6).``` O natal é o dia em que celebramos a salvação divina enviada ao mundo. É uma data para se festejar nossas liberdade e redenção. Por isso, nós nos confraternizamos solenemente ante a mensagem de grande esperança que ele nos trás: _Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna._ (João 3:16). Portanto, o natal é a celebração da vida - e vida eterna! Que Deus o abençoe abundantemente nesta data e que a verdadeira luz natalina brilhe no seu coração para todo sempre. Amém! Feliz natal. ??????????????????Antonio Fallavena - 24/12/2019 00:14:00
Estimado amigo Puggina. O Natal nos trás os que já foram e renova nossos compromissos com os que ainda temos. Um texto para ser lido e relido. Com tua autorização, pretendo utilizá-lo nos debates. A falta de crenças e de valores, além do “deixar para lá” de muitos de nós mesmos, é que permitiu que os últimas gerações se perdessem no tempo e no espaço. Pessoas viraram objetos. Pai/mãe só no fazer mas, quase nunca, no criar. Depressão, suicídios, perda das relações. E tem gente que diz que o ser humano está crescendo, melhorando. Certamente em alguns aspectos sim, já em outros não! Namoro virou sexo direto; amor virou paixão. Os vínculos estão cada vez menores e mais frágeis. Lembrei-me do célebre pensamento: “preocupados com o mundo que deixaremos para os filhos, muitos esquecem os filhos que deixarão para o mundo”! Feliz Natal e que a luz continue a guiar-nos, não deixando de iluminar o caminho que ainda haveremos de percorrer. Um fraterno abraço a ti amigo e a todos aqueles que te acompanham. Antonio FallavenaMila - 23/12/2019 17:43:39
Aqui nos US o problema não é comercialismo, mas o “Happy Holidays” (literalmente, “feliz feriado”) em vez de “Merry Christmas”. As universidades e bibliotecas públicas não têm mais Christmas Break (feriado de Natal), mas Winter Break (feriado de inverno)! Inclusive “historiadores” (entre aspas por motivos óbvios) não estão mais usando BC e AD, respectivamente, Before Christ e Anno Domine. Agora é BCE e CE, respectivamente, Before Common Era e Common Era. Há que ler a papagaiada da Wikipedia: https://en.wikipedia.org/wiki/Common_Era. Cheguei a me comunicar com algumas pessoas que escreveram artigos usando esses termos vazios e a resposta é bem nos moldes da super-Leftie Wikipedia. Esse tipo de imbecilidade me lembra o livro do Orwel, 1984, quando o Ministry of Truth re-escreve as notícias! Incidentally, me desculpa os erros de gramática: mais de 22 anos fora do Brasil, sorry… E como colocou com tanta elegância e finesse o Edson Camargo, o meu é um “português de m*rda”! E me parece que o “Professor” e "Filosofo" parou com os ataques Bolsonaro. Então milagres acontecem, ele recuperou a sanidade? ;-)João Carlos Biagini - 23/12/2019 16:13:34
Jesus é o mensageiro da paz e do amor. Esperemos que, um dia, o relacionamento humano seja fincado na mensagem dele. Todos os dias e não somente no Natal.Dagoberto LIMA GODOY - 23/12/2019 15:26:49
Bonito, profundo, sábio.YEDA RORATO CRUSIUS - 23/12/2019 13:12:30
Querido Percival, desejo a você em família e em comunhão com todos um Muito Feliz Natal! Bj fraterno!Luiz R. Vilela - 23/12/2019 10:39:20
Natal, natal das crianças, natal da noite de luz, natal da estrela guia, natal do menino Jesus. Blim blom, bim blom, blim blom, bate o sino na matriz, papai, mamãe rezando para o mundo ser feliz. Assim cantava o saudoso Blecaute, em tempos que ainda sobrevivem na memória. Eram outros tempos. Missa do galo a meia noite, confraternização com familiares, vizinhos e amigos, era o espírito natalino na sua essência, bons tempos. O menino Jesus deitado na manjedoura, os animais em volta, os reis magos em direção a Belém. Parece que muita coisa mudou, em poucos lugares ainda se reza a missa do galo, o presépio, é muito raramente apresentado e os mais novos, sequer sabem a história do cristianismo, que com todos os seus problemas, mudou o mundo. Hoje a glorificação é do bom velhinho, o papai Noel,que com seu saco de presentes, esta em toda parte, é o shopping center substituindo a igreja, como irradiador dos costumes. As vezes, chego a imaginar, se Jesus Cristo, se indignou com os "vendilhões do templo", a ponto de expulsa-los a chicotadas, o que será que faria com a "modernidade", que desvirtuou completamente o sentimento e o espírito natalino? Será que continuaria permitindo que se comemorasse o seu nascimento, mesmos que os propósitos sejam outros? Acredito que mandaria que o esquecêssemos, pois não foi para incrementar o comércio, que ele veio ao mundo e ainda morreu na cruz. Um feliz natal a todos, e que o próximo ano traga mais felicidades.André Godoy - 23/12/2019 10:26:12
Professor, FELIZ NATAL! Mais um período que termina nessa caminhada, de todos nós, em direção ao Alto. Obrigado pelos excelentes alertas, esclarecimentos e principalmente os ensinamentos. Muita paz, saúde e harmonia.