• Percival Puggina
  • 17/05/2018
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NÃO DÁ PARA MANTER ISSO AÍ, VIU?

 

Esclarecendo um pouco mais a expressão acima, utilizada anteontem no artigo que pode ser lido aqui: ninguém neste país, tanto quanto o Grupo Pensar+ e, especialmente, o amigo pensador Gilberto Simões Pires em seu pontocritico.com, advertiu para o que iria acontecer com a economia brasileira se a reforma da Previdência não fosse aprovada.

 Não foi por falta de evidências nem de reiterados avisos que o Congresso Nacional cometeu, por maioria, a imprudência de deixar como está para ver como fica aquilo que não pode ficar como está e já se vê como está ficando. A teimosa e insistente advertência do amigo Gilberto induz a uma nova aplicação das muitas paráfrases suscitadas pela famosa gravação de Michel Temer: não dá para manter isso aí, viu? Um país pobre, uma economia estagnada, instituições levadas às barras dos tribunais, não pode manter, para sua previdência social, padrões que sequer as economias ricas suportam.

Esse modelo institucional está, ele mesmo, exigindo uma reforma que também não acontece. Já não falo nas patacoadas do STF. Refiro-me ao fato de que o Congresso Nacional iniciou o biênio do governo Temer apoiando iniciativas apontadas pelo presidente e as deixou ao léu quando a imagem moral do mandatário, como num mecanismo de vasos comunicantes, nivelou-se com o padrão do legislativo. Nesse momento, a base foi se afastando de Temer para não "macular" sua  própria imagem...

Dá-me forças para viver! O roto se constrange com a companhia do descosido e a nação que se dane.  Displicentemente, empurram-se as reformas  para o ano que vem, onde passarão a depender da composição do Congresso e de quem tenha sido eleito para ocupar a presidência. Diga-me o leitor: qual outro empreendimento humano se deixa conduzir mediante rituais tão desengonçados e desestabilizadores?

Quando tantos consideram que a reforma da Previdência é uma perversidade; que a reforma trabalhista é uma supressão de direitos; que a responsabilidade fiscal é uma submissão aos padrões neoliberais; que a queda inflação, dos juros e o fim da recessão nada significam, somos obrigados a deduzir que bom, mesmo, deve ser a economia parada, os 13 milhões de desempregados, e o horizonte de incertezas em que nos deixou o governo petista. No fim do voo da galinha, aliás, pode faltar dinheiro para todo mundo.

 

* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

 


Ildara de Azevedo Vaz -   18/05/2018 20:56:47

Caríssimo Professor...diante do quadro atual e de tanta falcatrua na nossa cara, até acho que melhor será melhor adiar, infelizmente. Como acreditar nessa gente que está no poder, com honrosas e raras exceções??? O Brasil quebrou. Estamos às portas do comunismo. É isso que serve à essa gente...não confio em mais nada. Não há esperanças - mas vai faltar presídio. Mantenho uma ligeira esperança que poderemos virar do avesso o que aí está e começar de novo...se as galinhas não criarem dentes! Obrigada pelos seus ensinamentos.

Marcos -   18/05/2018 16:42:47

Não discordo das necessárias reformas, mas quem quer fazê-las, precisa ter credibilidade, que não é o caso de nenhum político ou mesmo partido político. E, vejo que defensores desta e outras reformas, quando escrevem sobre o assunto, não devem nem podem tocar em outros assuntos relacionados, como dívidas com a previdência, e outros ... Este organismo é sistêmico e inter-relacionado, ou seja, somente a reforma, não basta. Ah, esqueci, ela é mais fácil.

Odilon Rocha -   17/05/2018 23:55:19

Caro Professor Foi como eu comentei no seu artigo anterior. Há muito o Manual “COMO EMPURRAR COM A BARRIGA FINGINDO SER SÉRIO, EM DEZ ETAPAS”, de Macunaíma da Silva, Edição desde sempre, vem sendo perseguido ferrenhamente. Não há como os resultados serem diferentes! Ou vira do avesso ou não vira nada.