• Percival Puggina
  • 07/04/2017
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NA NOSSA GERAÇÃO, JOSÉ MAYER, ISSO TERMINAVA EM SOPAPO

 

"Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são. Aprendi nos últimos dias o que levei 60 anos sem aprender. O mundo mudou. E isso é bom. Eu preciso e quero mudar junto com ele." (Extraído do longo pedido de desculpas do ator José Mayer após sua agressão a uma figurinista da TV Globo).

 Lendo atentamente, percebe-se que o documento do qual extraí o pequeno trecho acima tem uma eloquência demasiada. Dá impressão de que o redator, notando o péssimo efeito colateral de sua desastrosa investida, quis penitenciar-se plenamente, às antigas. Foi do oitenta do desrespeito ao oitenta da contrição. Sua mensagem, urbe et orbi, preenche todos os requisitos formais. Mas...

 Mas foi além da conta. Incorreu no que, em juridiquês, se chama extra petita, extrapolou o pedido, buscando remissão e indulgência plenária a toda uma geração de brasileiros, que, na forma da transcrição acima, o teria educado para atitudes machistas, invasivas e abusivas.

 Aí não, José Mayer! Você não tem autoridade para falar em nome de uma geração que é também a minha, onde esse tipo de coisa terminava, inevitavelmente, em sopapo, exatamente por não ser tolerada. Sempre havia um amigo, um namorado, um colega, um irmão para aplicar ao abusado o devido corretivo. Em tais eventualidades, a natural reação masculina era de repulsa e de proteção à mulher agredida.

Portanto, senhor José Mayer, fale por si. Faça sua catarse, mas não use esse estratagema rasteiro de distribuir suas culpas pessoais e seus desvios de conduta sobre os ombros de uma inteira geração de brasileiros que nada têm a ver com elas, exceto para expressar repúdio e indignação.

Ademais, e finalizando, um homem de 67 anos, designado ao papel de galã de novela, deveria ter discernimento e saber o que é personagem e o que é vida real, para atuar bem no primeiro caso e não ser ridículo no segundo. Aliás, melhor ainda seria se José Mayer parasse de bancar galã da novela das oito e se assumisse como zeloso cuidador de netinho na novela das seis.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


R.M.F. -   14/04/2017 23:09:03

Lembrei da letra da música popular do Gildo de Freitas sobre CTG: "(...) já chega o machismo impondo o respeito e tira o perverso sujeito para fora (...)." Na ponta da adaga. Abraços, R.

José P.Maciel -   09/04/2017 23:03:58

Quem criou este nome?Não sabemos.Nasceu da ignorância ,a velha ignorância .Para nós , cristãos ,homem e mulher são uma só carne,cada qual com sua personalidade própria. Machista é aquele que me faz lembrar um advogado de minha terra,cabeça erguida.petulante,cognominado "solene banalidade". Quem diria : o ator José Mayer,já muito conhecido por tantas interpretações, admitiu ser "machista",junto com outros de sua geração,como se isso fosse marca registrada de um grupo humano,talvez com influência até genética,coisa impossível.Em tempos idos,os bons homens diziam com prazer:"em mulher nem com uma flor se bate".Bonita verdade com essa criatura que, sem favor, é a mais bela e delicada da Criação.Já provou seu valor e capacidade em todas as profissões humanas,deixando muito machista chupando dedo.Tolas nunca foram ,e sabem que os machistas é que andam assanhados atrás delas. Por questões ainda não superadas,em muitas profissões recebem injustamente salários menores que os homens porque nossos legisladores roubam sim mas não cumprem seu dever.Já existiu o tempo,que foi meu também, em que elas,por questões culturais,eram do Lar,melhor dito Rainhas do Lar,Eméritas educadoras! Ora, seu José Mayer,com 60 anos desculpando-se e ainda arranjando argumentos falidos.

Luiz Fernando Di Vernieri -   09/04/2017 22:52:12

...quer dizer então que se não fosse uma "simples" -- não entendi o adjetivo -- funcionária, de qualquer nível, se tratasse de uma starlet o assédio seria válido? Não entendo o processo mental que tem como consequência comentários sem nexo.

Leonardo Melanino -   09/04/2017 14:21:32

Se José Mayer realmente cometeu assédio sexual, ele terá de ser condenado pela Justiça por violar o Artigo 216 deste CPB. Mas isto não significa que devemos linchar ninguém, pois o criminoso tem de ser julgado pela Justiça e condenado por ele caso apareça uma prova concreta real, como uma fotografia, um vídeo e outras que o culpam.

João José Fogolin -   09/04/2017 11:48:46

O Zé e a mamãe Globo que decepção. Naquele tempo nem na zona se desrespeitava uma mulher. Uma bela sova era o corretivo.

Jose Nei de Lima -   08/04/2017 23:36:07

Olá meu amigo tudo bem que bom ouvir este termo da época, com certeza levaria vários supapos, que sauade de bons tempos, bom juízo imperava, grande abraço e um bom fim de semana que Deus vos abençoe amém.

Joma Bastos -   08/04/2017 20:36:16

Ótimo artigo! Respeito e Educação são valores intemporais.

MIla Kette -   08/04/2017 20:22:10

Como dizem aqui, Mayer desabotoou as calças e agarrou os tornozelos para a cultura PC. O homerio está se feminizando cada vez mais, que barbaridade! Coitadas das mulheres futuras! Ao menos ainda existem alguns exemplares de verdade. Lembro da tragédia naquele cinema em Colorado, em 2012: 3 homens morreram ao usarem seus próprios corpos para proteger as mulheres que os acompanhavam. Essas sortudas, pois se fossem os modernos metrosexuais, eles as teriam usado como escudos! A ironia nesse caso é que, se no cinema não existisse "No Guns Alowed in this Theater" talvez um desses rapazes tivesse uma arma e teria podido defender-se...

sanseverina -   08/04/2017 19:29:29

Não desculpo o ator global que assumiu o papel ou confundiu a personagem das novelas com o execrável comportamento do machão ignorante, analfabeto e xucro que, aliás, graças à crítica social generalizada e até ao tal “empoderamento” feminino está em desuso. Entretanto, não vamos passar por cima das mulherzinhas que incentivam e gostam de tais grosserias, principalmente se vindas de algum famoso midiado. Não fosse assim não veríamos moçoilas (acompanhadas das mães!), abarracadas por dias e semanas diante de bilheterias de shows de um Justin Bieber, por exemplo, para conseguir um lugar no gargarejo para que possam ser tocadas pelo astro (sem mencionar atitudes bem mais explícitas delas). Sim, deu no jornal da tevê, reportado com leveza, humor e aprovação!

José Roberto Job -   08/04/2017 17:47:33

Apenas um velho comunista canalha que assedia mulheres especialmente subalternas . Fato comum no mundo do comunismo - basta ler a prêmio Nobel de literatura Herta Müller Triplamente 1 por assediar 2 por tentar se eximir da culpa 3 por ser um comunista de classes dominantes que usa ( tal qual o Chico ) a falsa sedução para mascarar o desvio de caráter Horror vomito podridão

Afonso Pires Faria -   08/04/2017 17:02:12

Sobre o assunto, também comentei algo no meu blog, segue parte: Um sujeito que erra e vem a público confessar o seu ato, mas atribuir a culpa, não é sua pessoa, mas a sociedade que o ensinou a ser um machista, não é um sujeito normal, é um crápula covarde e ideologizado pelo politicamente correto.

Dalton Catunda Rocha -   08/04/2017 16:39:55

Em resumo. Luta de classes morta; luta de sexos posta.

Aureo -   08/04/2017 15:59:51

Fabuloso.

cloe -   08/04/2017 13:47:03

Obrigada por defender esta geração, minha também. O "elemento" ainda se acha o tal. Vou compartilhar. Abraços

Luiza Matte -   08/04/2017 13:42:25

Isso quando as próprias mulheres não fossem as autoras do sopapo. Eu mesma, jovenzinha, dei uma bolsada num passadinho no cinema uma vez...

ANTONIO CARLOS DA FONSECA FALLAVENA -   08/04/2017 12:56:44

Amigo Puggina, teus textos trazem opiniões e conceitos raros, nos dias atuais. Nossa sociedade mudou muito o comportamento e valores nas últimas três décadas. Contudo, no mundo artístico, pouco ou nada mudou. E se mudou, foi para pior! Os artistas, em gral, cresceram e vivem num “setor a parte”, onde, para a maioria, tudo é permitido. Não estranhei nada, nadinha dos fatos vividos por maia e por outros. O que saiu do prumo foi a moça. Muitas aceitam, por prazer ou necessidade. Outras calam e fogem. Esta gritou! Hoje temos dois mundos, no mínimo: o dos machistas e o das feministas. Ambos, por suas representações, atuam nos extremos. É preciso termos cuidado para não sermos atropelados. Falta de educação e de compostura é algo antigo. Agora é moda. Gostei muito do que o colega Genaro Faria escreveu e, se me permite, quero destacar algo que, ao longo dos últimos 20 anos tenho repetido: “Nossa geração foi educada pelos pais, avós, e ensinadas por professores leigos ou religiosos, não por babás - virtuais ou reais - e "profissionais do ensino" proselitistas marxistas.” As gerações que sucederam a nossa, POR NOSSA DISTRAÇÃO E OMISSÃO, trás o contrário daquilo que recebemos. A maior demanda cobrada aos prefeitos e governadores são mais vagas em escolinhas/creches, etc. Tudo foi repassado á escola, hoje nos próximos anos, instituição falida. O resultado está nas ruas, nas festas, nas noitadas de droga, bebida e sexo. Idade? Depois dos 10/12 anos, tudo vale! E quando alguém diz que “com os dele é diferente”, afirmou: as exceções confirmam a regra mas não alteram o produto final. O que esperar-se de gerações que tem poucos e maus exemplos dos pais, heróis bandidos, drogados e tudo mais. Para a maioria dos conscientes, falta coragem para dizer verdades e assumir seu papel na sociedade. Parabéns Puggina. E muita saúde para continuar na luta. Fallavena

Jorge -   08/04/2017 01:48:30

Caro Puggina, não caia nessa. Essa missiva não é do Mayer. Tá na cara que tem um ideólogo por traz disso para provocar comoção nacional. Eles são ardilosos o suficiente para isso.

José Gonçalves -   07/04/2017 20:54:45

Carta após pressão. Apropriado o comentário do Percival. Em vez de sopapos, termina em morte do atrevido e desrespeitador. Ele não aprende. Pau que nasce torto não se endireita.

Jonny Hawke -   07/04/2017 18:40:52

Professor, nessa geração isso também termina em sopapo! Nem todos são civilizados ou acorvadados como a Globo quer. Se você com a minha irmã terminaria de duas maneiras: eu na delegacia e o sujeito no hospital. Uma coisa é fazer isso com uma pessoa com um mínimo de senso, manda o José fazer isso com alguém em outro lugar fora Globo, de preferências numa favela que eles acham que as pessoas de lá são seus servos. Por outro lado um monte de gente anda falando que isso foi armado para favorecer o feminismo coisa que não duvido, pois a Globo é a nossa "CNN" em matéria de "fake news".

Ismael de Oliveira Façanha -   07/04/2017 17:55:15

MAL DE MAYER: Assim como existe o "mal de Douglas" referente à libidinosidade do filho de Kirk Douglas, tratada e resolvida em psicoterapia; temos agora o "mal de Mayer", do ator global, ora terror das costureiras, a merecer idêntico tratamento. Não entendo como um galã de tal porte, assediado ele mesmo pelas starlets em busca de oportunidades na TV, vá constranger e intimidar uma pobre "gata-borralheira", uma humilde trabalhadora, - só tendo algum distúrbio mental. Inclusive, essa conduta é crime previsto na LEI Nº 10.224 - DE 15 DE MAIO DE 2001; além de ser atentado à moral e aos bons costumes.,

Chapolin Colorado -   07/04/2017 17:51:22

FEMINAZISTAS tentam forçosamente colar a imagem de que todos os homens são abusadores e tarados, através da repetição exaustiva de mentiras. É o ataque sistemático à civilização ocidental judaico cristã. Trabalhei a vida toda em várias fábricas, com os peões/homens de chão de fábrica de todas idades, pude constatar que a grande maioria são RESPEITADORES e PROTEGEM as mulheres colegas de trabalho.

Odilon Rocha -   07/04/2017 16:15:52

Perfeito, caro Professor Puggina. Na lata! É incrível ver como gostam de colocar a culpa no alheio por seus atos. Coletivistas pensam sempre assim. Nem parece ter 67 anos! Mimadinho... .

Genaro Faria -   07/04/2017 15:25:16

Perfeito, Puggina. Eu nasci no mesmo ano e sou mineiro como o galã. E me lembro muito bem de como eram as coisas. Nós não éramos desrespeitosos, machistas nem cafajestes. Muito ao contrário, éramos cavalheiros, românticos e tratávamos as senhoras, as moças, as pessoas idosas com especial deferência. Cedíamos-lhes o lugar no ônibus, no bonde, nas filas e também lhe abríamos as portas do carro, do elevador, de recintos. Nós as protegíamos e reverenciàvamos. Nossa geração foi educada pelos pais, avós, e ensinadas por professores leigos ou religiosos, não por babás - virtuais ou reais - e "profissionais do ensino" proselitistas marxistas. Se o galã global levou "60 anos" para aprender essas regras de comportamente social - como confessa - não foi por culpa da nossa geração. Talvez seja por um problema de distração.

Evandra Novaes -   07/04/2017 14:30:15

Gostei muito penso que está no tempo de colocarem o mesmo como bem disse o autor dá matéria de vovó,quem sabe o personagem o induzise a mais reflexões,sobre a vida !!!!!!