• Percival Puggina
  • 04/07/2019
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MORO NA CÂMARA E O MISTÉRIO DOS ESPELHOS QUEBRADOS

 

 No conflito entre a curiosidade que o acontecimento suscitava e o mal estar que as cenas provocavam, o corpo venceu a mente. Desliguei o televisor. Até hoje não consegui entender a “credibilidade” que possam ter minúsculas transcrições de conversas, sem gravidade alguma, trocadas ao longo dos anos, com assimétrica ocultação do inteiro conjunto do material que certamente serviria, mais robustamente, como prova da tese oposta.

Enfim, não deu para suportar aquela sequência de raciocínios rasos, grosserias e calúnias, postos em forma de perguntas, produzidas com o simples intuito de ofender o ministro.

O desrespeito e a clara intenção de usar o ato como instrumento de vingança, na tentativa de flagelar o ex-juiz com o azorrague da maledicência, me incomodavam tanto quanto saber que os incidentes transcorriam na “douta” Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Se os critérios morais de um questionamento são esses, o que restará para os atos legislativos e decisões de Estado? Que respeito terão, pelo interesse público, aqueles senhores e aquelas senhoras tão facilmente combustíveis à chama de sentimentos vis? Não surpreende o resultado de tantas deliberações.

Com o devido respeito às instituições republicanas, Sérgio Moro submeteu-se ao mais rigoroso teste de paciência, tolerância e força de caráter. Foi exemplar. Sofreu na carne durante sete horas aquilo que não suportei assistir. Aos que o agrediam, nenhum limite era exigido; nele, um simples sorriso era objeto de severas reprimendas! Por fim, havendo a agressividade do plenário alcançado o nível mais baixo, retirou-se da sala. E foi chamado de “fujão”! Ora, os fujões compunham boa parte do plenário. Fujões dos braços da justiça, agarrados ao privilégio de foro e, com as unhas, à porta que supõem estarem abrindo para promover o fim da aterradora Lava Jato. Essas mesmas vozes falaram praticamente sem contestação durante décadas, promoveram a destruição de valores, construíram duradoura hegemonia política e semearam antagonismos na sociedade. Alinharam, perfilaram e mobilizaram tropas de choque. No entanto, desde que perderam o poder, têm reclamado do que chamam “discurso de ódio”. Mistério dos espelhos que se quebraram.

A audiência de Sérgio Moro expôs o tipo de cisão política que se torna inevitável em presença de partidos e parlamentares que, num dia aprovam projeto de lei que penaliza o abuso de poder e, no outro, usam do poder conferido pelo mandato parlamentar para praticar os abusos que todos pudemos assistir.

Desde a entrada em cena dos vazamentos que estão sendo distribuídos por Glenn Greenwald teve início uma tentativa de reconstruir a imagem do ex-presidente Lula. É como se uma mão lavasse a outra e um crime lavasse outro. Como se não houvesse outras condenações, outros processos criminais em outros foros e outras evidências, sempre associadas à mesma relação impura com poderosas empresas.

Os espelhos se espatifaram de vez.
 


João Guilherme Maia -   09/07/2019 21:58:09

Mas no Brasil isso é mais do que normal quando se quer combater a corrupção, quem sabe se não é por causa disso que a nossa Justiça é morosa, ou seja, com medo de enfrentar os ricaços. Agora o ex-juiz Sérgio Moro e atual ministro da Justiça, na Lava Jato resolveu peitar essa quadrilha que há mais de vinte anos se instalou no Brasil e levou o país a miséria como estamos vendo. Só tem um detalhe, esses bandidos de colarinhos brancos que estão travestidos de políticos no Congresso Nacional, eles podem tentar o que quiserem contra o ministro Sérgio Moro, que eles não irão conseguir nada, até porque, tudo que o ministro Sérgio Moro fez até agora está dentro das leis brasileiras. Quem não se lembra do ex-ministro Joaquim Barbosa, quando ele resolveu enfrentar a gangue do Mensalão e foi perseguido até dentro do próprio STF. O desgaste foi tão grande, como está sendo com o ministro Sérgio Moro, como chegou o tempo dele se aposentar, mesmo ainda podendo ficar mais uns cinco anos no STF, ele preferiu sair fora. A vantagem do ministro Sérgio Moro para o ex-ministro Joaquim Barbosa, é que ele é bem mais novo do que o ex-ministro Joaquim Barbosa e pode aguentar os trancos dos corruPTos contra ele.

ALOISIO SILVEIRA -   08/07/2019 14:26:32

Percival Puggina, parabéns! Você tem o dom de retratar as coisas e os acontecimentos. Como católico, não me esqueço do título de seu artigo: "PT e CNBB, 35 ANOS DE UNIÃO ESTÁVEL. Não entendo como parte da Igreja Católica pôde unir-se a essa gentalha petista. Parabéns, aos comentaristas que retrataram bem o chiqueiro dos deputados esquerdistas que deram a máxima demonstração de sua sujeira e baixeza. Aliás, temos de pedir desculpas aos porcos que são limpos em comparação com essa esquerda desvairada.

Flauri Migliavacca -   08/07/2019 14:22:46

Simplesmente este Ministro Sérgio Moro, deveria ter outros MIL PERCIVAIS PUGGINA para alentar e até para demonstrar apoio inequívoco a este homem de caráter tão visionário. Justiça seja feita a esta personalidade. Meu medo é que ele desista de tantas ofensas vazias e sem nenhum nexo, partindo de pessoas como este deputadinho Costa, da qual sua própria mãe responde a justiça por roubo.....Que cafajeste este deputado.

Marco Berton -   08/07/2019 13:39:38

Também desliguei, Puggina. Foi muita canalhice.

ADEMIR BISOTTO -   08/07/2019 13:06:35

CARO SÁBIO MESTRE PUGGINA, JÁ SE TORNA DESNECESSÁRIO DIZER DO BRILHANTISMO DE SEUS TEXTOS. TODOS. ENTÃO NOS RESERVAMOS A LHE AGRADECER. POIS, DE MUITOS ANOS NOS ALERTA, PARA O FUNESTO CAUSADO POR ESTES TRAÍDORES DA PÁTRIA. EXCELENTE PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA DO MILTON CARDOSO DE 07.07.19. ABRAÇOS E GRATÍSSIMO POR TUDO E MAIS UM POUCO. ASSIM ALERTADO PELO GRANDE CHUCHILL, QUE DIZIA "TEMOS QUE FAZER A NOSSA PARTE E A DE QUEM NADA FAZ"

Luiz Boteri de Santana -   08/07/2019 10:06:18

Um alento para mim é a frase: Não é possível limpar um chiqueiro com os porcos dentro. Parabéns pelo seu artigo.

João Carlos Biagini -   07/07/2019 18:03:49

Parabéns, Suas análises, seus escritos são impecáveis e brilhantes.

Décio Antônio Damin -   07/07/2019 13:26:00

A arguição de Sérgio Moro pelos deputados oposicionistas atingiu tal grau de agressividade, falta de educação e respeito que eles, além de terem sido admoestados pela presidência da sessão, deveriam ser submetidos posteriormente a um processo disciplinar pela absoluta falta de decoro! Para quem assistiu aos trabalhos pela televisão fica a péssima impressão que não somos civilizados e que essas pessoas são completamente despreparadas para o convívio político! É simplesmente uma baixaria, e um péssimo exemplo tal postura dos esquerdistas, desesperados pelo que lhes possa vir a suceder!!! E dizer que são representantes do povo...!

Edison França -   07/07/2019 12:42:49

Há que se dar um coice nessa gentalha, o governo está pegando muito leve!!

Francisco Da Gama -   07/07/2019 12:33:30

BLZ de artigo, Puggina! Já é texto clássico! Ficou ainda mais claro (como se já não estivesse claro) quem são os verdadeiros promotores do “discurso de ódio”. A sociedade brasileira está dividida? Mas como não se posicionar, ter lado, na situação em que vivemos? Como não ficar indignado? Em 13 anos “eles” praticamente destruíram o País. E não foi só porque são incompetentes e desonestos. Foi obra planejada e executada com o objetivo de destruir “tudo isso que está aí”! A seção na Câmara, com a presença de Sergio Moro, que vc descreve muito bem, mostra que "eles" ainda não se dão por satisfeitos; o "trabalho" de desconstrução continua.

Brenda Fernandes Aprigliano -   07/07/2019 06:01:01

Sem BANIR as excrescências das Instituições que fingem que funcionam, os partidos participantes do Foro de São Paulo, os erros crassos do Código Penal, o famigerado Foro privilegiado, o despudorado Fundo Partidário, os desavergonhados privilégios do STF , do Congresso e de outras Instituições públicas, a proliferação de ONGs militantes ativistas nacionais e estrangeiras, etcetera, jamais teremos nosso Brasil de volta. O que se pretende com sessões e mais sessões de consultas e explicações aos que já deveriam estar presos ou expatriados? A imoralidade e a impunidade campeiam, o que impedirá que o Presidente eleito por nós para salvar o Brasil consiga governar. A tolerância com o que deveria ser severamente punido destroem as famílias, imaginem quando se trata de um País. Acaba virando uma imensa "Casa de Tolerância" suicida, sem nenhum exame de prevenção para evitar as DSTs. Não é isso que assistimos na Venezuela?

Abrahão Finkelstein -   07/07/2019 03:39:17

O objetivo era peovocar uma reação irada acompanhada de ofensas aos parlamentares. Combinaram a estratégia e armazenaram ofensas pessoais de grosso calibre. Vendo que não conseguiam seu intento, foram pro tudo ou nada. Um medíocre deputado chamou Moro de ladrão. Nem assim deu certo. Se expuserem mais uma vez ao ridículo e mostraram o lixo que são.

Roberto Ferreira -   05/07/2019 22:46:16

Dois foros precisam ser banidos do Brasil: o de São Paulo e o privilegiado. #foraforodesaopaulo #foraforoprivilegiado

Rafael -   05/07/2019 18:25:50

Apesar de todo esse asqueroso espetáculo de canalhice parlamentar, o saldo foi positivo. O ministro Moro saiu fortalecido; já seus detratores, cada vez mais desacreditados.

adão da silva moraes -   05/07/2019 14:13:51

Ok. Então , não se precisa mais de regras procedimentais. O juiz investiga, denuncia e julga. E tudo bem. Pimenta no dos outros...

Maria helena -   04/07/2019 22:57:17

Caro Puggina, tb não consegui assistir por muito tempo àquele festival de má educação, grosserias e ofensas ao ministro Sérgio Moro.

CINIRO DE OLIVEIRA -   04/07/2019 20:44:15

Professor realmente é lamentável um filho de uma ladra, que em seu seio familiar, teve como exemplo a falsidade das obscenas atitudes de desvio de recursos públicos, se arvorar de direitos, de ofender a quem nem ao menos conhece, este é o padrão das obscuras OTORIDADES, herdadas desde o advento da social democracia com o FHC, e brutalmente desconstruídas, após a ascensão do Luladrão ao poder, pelo meu cronograma físico e tradição familiar, nunca conseguirei alcançar o dia em que o Brasil vencerá esta estupidez, implantada de forma vil, que vilipendia a moral e os bons costumes, termos desconhecidos destes seres abjetos, também queria ter meu Brasil de volta, mas está difícil !

Rogério Olegário do Carmo -   04/07/2019 19:21:47

Reitero as palavras do Luiz Gonzaga de Paulo. E pensar que esses parlamentares têm apoio popular é muito triste. Um abraço.

Paulo R Kherlakian -   04/07/2019 16:04:07

Perfeita sua analise mestre. O comportamento dos deputados na CCJ evidenciou o baixíssimo nivel dessa gente que não serviria nem para gerenciar uma casa de tolerância. Ver o ministro lá se comportando de forma educada enquanto era ofendido por renomados fichas sujas foi de dar náuseas. Se restou alguma de positivo nesse show de horrores, foi constatar quem são os meliantes travestidos de deputados que devem ser varridos da politica nas próximas eleições. Outra medida que se faz urgente, é o fim do foro privilegiado que acaba com a sensação de impunidade.

Luis Gonzaga de Paulo -   04/07/2019 13:50:03

Prezado Puggina, Eu consegui, entre ânsias de vômito e providenciais paradas para despoluir os ouvidos, assistir à parte desse deprimente espetáculo de horrores. Assim como você, sinto-me ultrajado em ter no Congresso Nacional - a mais alta instância da representatividade democrática do Brasil - elementos de tão baixa estatura moral, de educação tão pífia e de nenhuma sujeição à liturgia de seus cargos. E é desesperançoso pensar que lá permanecerão, e serão reconduzidos eternamente por seus seguidores - dos quais só posso supor que tenham semelhante perfil. Lamentável!