• Percival Puggina
  • 07/06/2022
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Mitologia eleitoral

Percival Puggina

 

Mito é um produto de imaginação, partilhado por uma cultura ou por uma sociedade, ao qual estão atribuídos certos significados, poderes, expressões de caráter, etc. Muitos eleitores de Bolsonaro o saúdam efusivamente proclamando “Mito, mito, mito!”.

Ainda que em nosso presidencialismo e nas tensões que marcam a relação do governo com o Congresso e com o STF os “poderes míticos” de Bolsonaro estejam condicionados à dureza dessas refregas, a aclamação tem forte apelo político e eleitoral. Isso é bom ao confronto assinalado para o mês de outubro.

A persistente observação da conduta adotada pela maioria dos ministros do STF acabou por tornar evidente para mim que também essa maioria vê Bolsonaro como um ser mitológico. Pessoas como Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Edson Fachin, não saem às ruas dizendo mito, mito, mito. No entanto, ao escalá-lo como inimigo preferencial, atribuem a ele construtos de sua própria imaginação. Projetam nele seus fantasmas. Para os ministros, o presidente é uma espécie de Coringa, num filme em que cada um se vê como Batman.

A vida me ensinou que posso muito bem avaliar o caráter de alguém conhecendo seus amigos e seus inimigos. Queiramos ou não, entre estas paixões humanas – amizades e inimizades – nosso caráter se desnuda por inteiro. A porta que assim se abre faz parte da sabedoria universal, expressa no conhecido “Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”. Sabem os pais, ensinam-no aos filhos, têm consciência disso os cidadãos.

O fato de alguns ministros revelarem sua malquerença e sua inimizade da forma como fazem, ultrapassando os limites da sensatez, é um enorme erro estratégico!  Ninguém valoriza mais seu inimigo do que aquele que faz de sua destruição o sentido de seu agir.

No momento em que um indivíduo investido em poder, ou o colegiado de um poder de Estado torna notória sua inimizade, imediatamente é acionado no observador, no cidadão, no eleitor, o mecanismo de comparação: “Quem são os amigos desses que revelam sua inimizade ao presidente da República? Com quem eles confraternizam?”. É exatamente o que, de modo simétrico, fazem os inimigos do presidente, combatentes entrincheirados em um poder que deveria ser neutro, quando se referem aos eleitores de Bolsonaro como malfazeja horda.

Eles precisam ver assim as famílias que saem às ruas e praças, rezando, cantando o hino nacional e expondo suas convicções enquanto agitam com orgulho bandeiras do Brasil.

Os inimigos do presidente, ao coibi-los, confrontá-los, desqualificá-los, prestam-lhe inestimáveis serviços.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 


eugenio -   09/06/2022 22:50:08

diga-me com quem andas e te direi quem és!Acrescento sempre que não só com pessoas , mas com que idéias ,projetos , tu andas

José Rui Sandim Benites -   08/06/2022 12:05:22

Grande verdade Professor Puggina. Não tem fundamento esta ojeriza pelos eleitores e simpatizantes do atual presidente. Ao examinar um comentário dizendo qual o motivo para alguém votar no Bolsonaro. Já relatei os motivos de não votar no ex-presidente. Agora vou discorrer alguns motivos para preferir o atual presidente. Aos aposentados no governo de Fernando Henrique salário mínimo em 2001 aumento 19,20% e aposentadoria 7,66%. Em 2006 governo Lula salário mínimo aumento 16,67% e aposentadoria 5%. Agora no governo Bolsonaro em 2022 o salário mínimo aumento 10,18% e aposentadoria 10,16%. Veja como ocorre em governo dito socialista e o governo viés liberal. O socialismo puro, socializa a miséria. Quem contribui com 4 ou 5 salários, com o tempo vai receber apenas um salário mínimo. E o mérito da pessoa trabalhar toda sua vida para ter uma aposentadoria melhor? O atual governo buscou diminuir o custo para quem tem carro, aumentou o tempo da carteira de motorista. Também diminui o custo para quem tem arma de fogo. Aumento o tempo de pagamento de taxas. A criou a reforma trabalhista. Dando mais segurança para quem emprega e para os empregados. Terminou as obras paradas de governos anteriores. Mantém a liberdade de manifestação e de opinião nos meios de comunicações e redes sociais. Diminui a carga tributária da energia. Esta buscando a privatização do que não é competência do Estado. Óbvio que a pandemia atrapalhou. Mas as medidas adotadas vão ter reflexos. E já estão tendo reflexos, estão aumentando o número de desempregados. A inflação que atingiu o mundo, aqui não foi diferente, mas estamos bem melhores que muitos países. Na pandemia, trouxe as vacinas, buscando sempre a liberdade de escolha. O nosso país foi um dos que mais vacinou sua população. As conquistas não é do Presidente, mas de sua equipe. Não vou desprezar ou ofender ou debochar ou enxovalhar os eleitores do ex-presidente. Ao contrário, respeito a sua opção. Quero debater as ideias, de forma civilizada. Senão voltamos para barbárie. Também não sou a favor do liberalismo puro, isto não deu certo em lugar nenhum. Mas a Estado intervencionista na vida até privada das famílias, também não deu certo em nenhum lugar. Temos que ter um equilíbrio entre o Estado e o livre comércio. O Estado deve ser preocupar com a Educação, Saúde, Segurança e Infraestrutura. Ademais fica para iniciativa privada. Este equilíbrio que devemos buscar. E lutar pela família, liberdade, propriedade e confessar uma religião. Estas são as minhas considerações para realidade política do nosso Brasil.

Neife Elias Mathias Filho -   08/06/2022 11:06:27

Meste Puggina, brilhante comentário! Um abraço!

RUBENS SILVIO DE ALMEIDA -   08/06/2022 11:02:58

Caro Professor, tudo que os inimigos, gratuitos, zumbis esquerdóides ou, pretensamente, sábios - no Judiciário ou no Congresso - fazem, só ajuda na reeleição do presidente Bolsonaro. Espero que seja no primeiro turno!!

Edna Perez -   07/06/2022 20:34:57

Essas figuras devem até dormir com a luz acesa pois do contrário farão xixi na cama, como garotinho medroso.