• Percival Puggina
  • 30/12/2014
  • Compartilhe:

MÍDIA ATIVA, PÚBLICO PASSIVO

Jornalistas costumam dizer que a imprensa tem costas largas, sendo objeto de críticas merecidas e imerecidas. É verdade. Mas também costuma ter costas quentes, pois o poder de que desfruta lhe proporciona uma boa proteção. Numa sociedade de massa, entre muitos outros papéis, a mídia desempenha tarefa relevante na formação da opinião pública, ou seja, no modo de pensar, nos usos e costumes, nos critérios de juízo e na formação dos padrões morais e de conduta que os indivíduos passam a reproduzir no cotidiano.

 Atirarei alguns chapéus ao vento. Há veículos e profissionais de imprensa que deformam as consciências; deprimem os padrões culturais da sociedade; criam hoje os mitos que lhes convêm para derrubá-los amanhã quando já não servirem mais; estimulam o relativismo e atacam os valores morais; servem ao patrão estatal da vez, e por aí afora. Em muitos e muitos casos, tais acusações são tão corretas quanto provavelmente sejam corretas outras suspeitas em que esses mesmos se envolvem. Mas o mesmo dedo acusador que aponta com precisão as culpas da mídia dá sinais de ser uma bússola desorientada quando se trata de vasculhar a própria conduta.

A moderna comunicação é um canal de duas vias onde o público desempenha o papel importante e onde os fenômenos de ação e reação determinam cadência permanente (note-se, a propósito, que a omissão é uma forma bem medida de reação). Cabe indagar, então, especialmente àqueles cuja consciência permite identificar os malefícios causados pela eventual ou permanente irresponsabilidade social dos veículos: quais são suas reações pessoais ante o problema? Como você interage? Em que sua atitude difere daquela adotada pelos consumidores menos sensatos ou omissos? Quantas vezes tornou conhecidas suas divergências, ou mesmo seu apoio, ao julgar merecido? E mais: a que veículos de comunicação concede estímulo, assinatura, leitura, audiência ou patrocínio?

Nos países onde a opinião pública tem boa noção de seu valor e força, manipulações e abusos do tipo que ocorrem entre nós são rapidamente corrigidos. Por isso, estou cada vez mais convencido de que, com freqüência, as vítimas somos co-responsáveis pelos males a que nos submetem, pois bastariam, em muitos casos, vinte ou trinta manifestações por telefone ou e-mail para modificar certos usos ou abusos.

Triste a nação que renuncia à tarefa de transmitir valores morais às suas gerações! Enquanto as famílias cuidam apenas da subsistência; enquanto as escolas são oficialmente usadas para absolutizar o relativismo moral; enquanto as Igrejas se ocupam preferentemente de questões sociais e políticas; enquanto os meios de comunicação abusam de seu poder para seduzir e, ao mesmo tempo, desmiolar seu público; e enquanto as instituições semeiam joio no meio do trigo, quem, afinal de contas, vai orientar a sociedade para o bem?


* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 


bilaluthier -   04/01/2015 02:23:34

totalmente perfeito este comentario ! tenho sentido como um otario quando estou em frente as tvs no BRASIL ! como q estes jornalecos ( globo , sbt , band , e record ) os caras sao tapados pensao q todos somos bobos kkkk , os caras estao comentando sobre o petrolao ai num segundo começam a falar de um assunto q nao tem nada haver por exemplo o cachorrinho q fala , as delicias da comida chinesa , sabe q acho canalhice , sabe acho q esse poder de formar opniao nao deveria estar nas maos da midia a ganancia por dinheiro corrompem os caras pisam ate no pescoço da mae deles por dinheiro ! isso é nojento , nao concordo com a proposta desse governo ai sobre o controle da midia ele nao tem moral p isso .

Gustavo Pereira dos Santos -   03/01/2015 20:56:00

Dona Rita tem razão, porém o problema do Brasil não é antropológico, nem religioso. Estamos vivendo um caso de policia e, com bandidos compulsivos, existe apenas uma solução: afastá-los da sociedade.

Rita Cytryn -   03/01/2015 14:26:05

Ninguém orientará a sociedade para o bem. Aliás, ninguém teve ou tem essa autoridade, muito menos agora em que vemos essas mesma sociedade esfacelar-se, decompor-se diante de nós. Entretanto é uma ilusão. O homem é o mesmo ontem, hoje e sempre. Nas antigas culturas não se vivia melhor do que agora em termos de ética ou valores. Pontualmente creio que pequenos grupos sobreviverão, aqueles que sinceramente estejam ligados à cruz de Cristo, aqueles que estão esperando a volta de Jesus e os que morrerem nessa confiança. Os que creem nas Escrituras Sagradas já sabem que" por se multiplicar a iniquidade o amor se esfriará do coração de quase todos, mas aquele que perseverar até o fim será salvo" Mt 24:12-13. Não são boas as notícias para a sociedade mas são excelentes notícias para aqueles que perseverarem na fé em Cristo e somente nele. Não em instituições, sistemas igrejeiros, pessoas. Em Cristo. Entender dessa maneira não deve servir de justificativa para uma uma atitude de inação social ou indiferença, porque o Senhor nos deixou tarefas como servos do Reino que Ele quer implantar. Assim sendo em boa hora um artigo tão instigante e reflexivo. Deve conduzir a cada um de nós no âmbito de onde se encontra a ser assertivo. Qual será o seu quadro referencial? O mundo pós moderno conduz ao relativismo ético. Nós, cristãos temos um código de ética que não pode ser mudado. Nosso código são as Escrituras Sagradas, interpretadas à luz da revelação do Novo Testamento. Confio que seja uma base altamente segura para seguirmos viagem. Não conheço nada melhor do que um convite a amar ao próximo como Jesus amou... Já que estamos na pós modernidade, cada um decida por si mesmo.

Gustavo Pereira dos Santos -   03/01/2015 13:19:40

Dr. Percival, A sociedade brasileira está à deriva, a bordo da nau dos insensatos. Não desanime, o senhor é um dos poucos que conseguiu manter o cérebro imune ao lixo petista que a corja planta há 12 anos e a maioria da midia vendida comunga em troca de benesses ou por esquerdopatia.

JEFFERSON -   02/01/2015 14:21:47

Sr. Puggina, Tenho notado o quanto a RBS em especial a do RS é parcial, sou gaúcho e moro em SC a muito tempo, mas RBS do RS é muito mais esquerdista que aqui, vejo pelas manchetes, em vários casos, no caso do casamento gay no CTG, nas eleições estadual e federal, é muito perceptível, mas vejo luzes, eles tem recebido muitas críticas é só ver os comentários, talvez falte ainda aprendermos a direcionar melhor, enviando e-mail e ligando para os canais certos, mas de mi9nha parte tenho buscado comentar e denunciar tudo isso que você descreveu muito bem em seu comentário. Parabéns!! Feliz Ano de 2015!! Que Deus te Abençõe!!

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   31/12/2014 19:30:38

Intrigante também, o joguinho ideológico que o petismo consegue fazer, sem que seus opositores consigam denunciar de forma compreensível ao grande público: Ao mesmo tempo que utiliza-se, sem a menor cerimônia, da mídia (principalmente a tradicional) e de setores importantes da igreja católica, leva as pessoas desavisadas a crer que esses dois veículos são "poderosos adversários", assim, como se empreendesse uma luta de Davi contra Golias! Agora pergunto: será que tudo isto é porque sobra habilidade, determinação e deslealdade aos gramscianos, ou também nos falta competência, articulação e comprometimento para empreender um adequado e inadiável enfrentamento a este lamentável processo de destruição e inversão dos valores essenciais?

J. Falavigna F. -   31/12/2014 11:03:55

Caro Prof. Puggina, é perfeito o diagnóstico da análise do poder da mídia na sustentação de um governo antidemocrático. Sem esse poder para blindar os desarranjos políticos e morais de um partido no comando de um Estado - caso do PT - e "orientar" o povo para um comportamento ideológico politicamente correto, jamais o Totalitarismo, sob a bandeira do marxismo-leninismo, teria sucesso. Ponha-se a mídia a soldo governamental no seu devido lugar, ou seja, sem mimo$ travestidos de marketing, a trabalhar pelo seu próprio sustento, através da competência profissional, e a Democracia estará à salvo. Não podemos enfiar a cola no meio das pernas, por omissão. Feliz 2015!

Pedro de Carvalho Filho -   31/12/2014 00:52:04

Puggina, a mídia não possui poder nenhum, é uma instituição totalmente submissa e dependente, que está totalmente subjugada, qualquer um que a sustente com verbas de publicidade tem plena autoridade sobre a mesma, é como se fosse uma prostituta que se vende para qualquer um, e é logico, que quem pagar mais, terá melhor tratamento e serviços especiais que solicitar, mas ela possui uma grande capacidade de enganar as pessoas de um modo geral, que acreditam ela ser uma "mulher de bem", e não imaginam a sua real atividade!

Jotabe -   30/12/2014 21:09:17

Hoje há muito mais semeadores de joio do que de trigo. A seguir o conselho de Jesus Cristo para deixar crescer os dois e então retirar o joio e queimá-lo em feixes, não irá funcionar porque o trigo será sufocado e não será possível vê-lo ou colhê-lo e se se queimar todo o joio, o incêndio será visto de Netuno. Os semeadores do mal pululam nas universidades, nos órgãos de representação da sociedade e contam com um apoio importantíssimo da imprensa chapa branca. Alguns veículos são verdadeiros panfletos da ideologia governante. De onde a família moderna tirará valores para passá-los aos filhos? As fontes são, TVS recheadas de novelas, os lares, sobretudo os mais carentes, são cooptados pelas benesses do Estado. As escolas não são nem sombra do que foram. Professores mal pagos são vilipendiados pelo poder público, por pais e alunos. Não interessa que o povo seja politizado e culto, assim são dominados com mais facilidade. As igrejas, uma boa parte delas é mais nova do que o wisky que Olavo Carvalho diz beber, não passam de grandes empresas, grandes negócios. No momento é uma gigantesca incógnita saber quem orientará a sociedade para o bem.