• Percival Puggina
  • 04/08/2017
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MICHEL TEMER NÃO VAI ESTRAGAR MEU ANO!

 

 Como bem me apontou outro dia um amigo, o governo Temer é o menos ruim dos três que o petismo proporcionou ao Brasil. Convém, mesmo, reconhecer os fatos: Temer é produto de duas chapas eleitorais petistas e, no curto espaço que lhe coube, exibe resultados que não podem ser depreciados. Para recordar: emenda constitucional que estabeleceu limite aos gastos públicos; reforma trabalhista e fim da sinecura sindical; afastamento de milhares de militantes a serviço de causas partidárias nos órgãos de Estado, governo e administração; inflação abaixo do centro da meta; investimento de R$ 1 bilhão no sistema prisional; reforma do ensino médio; redução de cinco pontos percentuais na taxa de juros; extinção de oito ministérios; e se alguém chegar com um espelhinho no nariz de dona Economia perceberá que ela, lentamente, volta a respirar.

 Mas nem só por isso 2017 foi um ano melhor do que os precedentes. Aumentou muito o número de brasileiros conscientes de que não se pode brincar com o gasto público e de que é necessário tirar de campo, nas próximas eleições, bem identificados picaretas aproveitadores do erário. A Lava Jato preserva seu vigor, com reconhecimento nacional. Réu em seis processos, Lula colheu sua primeira condenação. Vem aí uma reforma da Previdência. Criou-se necessária rejeição social às regalias de certas categorias funcionais e aumentou a intolerância em relação aos corporativismos do setor público e privado. É o primeiro passo para que essas coisas mudem. Ampliou-se a consciência de que precisamos reformar nossas instituições. Ou seja, tornamo-nos mais esclarecidos sobre temas essenciais e isso, sob o ponto de vista político e administrativo, é promissor para o horizonte de 2019-2022.

Então, o novelo em que se enrolou Michel Temer não vai estragar meu ano. A propósito, a Câmara não o julgou e, menos ainda, o inocentou porque essas não eram atribuições suas. Aquele plenário tinha diante de si a tarefa constitucional de decidir sobre a conveniência de o STF processá-lo neste momento. E decidiu que, de momento, ele fica onde está. De momento. A fila anda e a Justiça o espera, mas o Brasil precisa de estabilidade e das reformas em negociação.

 A saída dele serviria ao PT, a seus coligados, a seus movimentos ditos sociais, a seus fazedores de cabeça na Educação, a seus sindicatos e respectivos “exércitos”. Ou seja, daria a alguns uma alegria que estragaria meu ano e meu humor. Se a maior parte dos detentores de mandato até aqui investigados, de todos os pelos, só amargará acertos nos próximos anos, que também Temer entre nessa lista. Por enquanto, que fique quieto na sua cadeirinha e tenha modos. Por enquanto.

 Observo, nas redes sociais, súbita atividade dos militantes de esquerda em defesa da ética na política. Essa mobilização não me convence nem comove. Aliás, faz lembrar o antagonismo entre os Manos e os Bala na Cara. É disputa pelo mercado do crime organizado. No ano que vem, fora todos eles!

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Joma Bastos -   07/08/2017 18:12:14

"... o novelo em que se enrolou Michel Temer não vai estragar meu ano." Mas estragou o de milhões de brasileiros! O PT destruiu totalmente o Brasil e o Temer continua sua obra, nunca esquecendo que o PMDB apoiou o PT durante 14 anos. O sistema político/econômico faliu, ruiu completamente. Não são um Legislativo e um Executivo cheio de suspeitos de corrupção já confirmados pela Lava-jato, que poderão recuperar o país. Não existe estrutura política decente. São todos uns vendidos. Já não existe Ética nem Moral! Manter o Temer, desculpando-se que o PT iria "invadir" o Brasil? Ter medo de enfrentar o PT? Não podemos ter medo de enfrentar o PT! Não podemos dar continuidade à destruição do Brasil mantendo a desgraça do Temer, somente porque o PT anda à espreita. Uma reforma estruturante é fundamental antes das próximas eleições. Para elaborar uma muito boa e credível reforma estruturante, certamente que não poderá ser com os atuais "atores" políticos que estão sub-desenvolvendo e minando o nosso Brasil com atividades corruptivas. A atual depredada Constituição tem que ser devidamente lavada e renovada antes da existência de qualquer eleição. O Brasil precisa encontrar rapidamente o caminho para voltar a crescer e colocar milhões de desempregados nos empregos. Ainda não existe intenção política/econômica declarada, de acabar com o capitalismo de estado comunista em que vivemos. Há que voltarmos rapidamente para uma economia de mercado e reduzirmos o aparelho de estado ao mínimo necessário e suficiente. A Educação Acadêmica, que é crucial para o desenvolvimento deste Brasil, é um assunto para o qual ainda não existe prioridade. Pouco se discute sobre a quase inexistência de infra-estruturas necessárias para o desenvolvimento econômico. A Saúde está ao abandono. Não há soluções de fundo para a alta taxa de violência(cerca de 30) e para a grande falta de transparência que envolve a gestão política e econômica. Com as riquezas naturais existentes, com o potencial humano que temos e com uma boa e lúcida gestão política/econômica/social, rapidamente seriamos uma das maiores potências econômicas e sociais do mundo. Não ao comunismo! Não à corrupção! Fora com todos os corruptos!

Décio Antônio Damin -   07/08/2017 12:16:57

Que as reformas são necessárias é uma unidade nacional! Só um Presidente com tamanho índice de impopularidade teria condições de assumir a sua paternidade, e é isto que Temer está pretendendo. Achar que tais reformas precisam passar pelo crivo das urnas é uma falácia populista. Nenhum candidato que pregue as modificações necessárias para que elas seja chamadas de "reformas" teria a menor chance de vitória. Não se está discutindo se ele tem ou não culpa e para isto haverá o tempo certo. Agora o que é necessário é "ação". Mas parece que a esquerda não está interessada nisso., está se fazendo de desentendida e isentando-se de toda e qualquer responsabilidade pelo descalabro da nossa economia e pelos 14 milhões de desempregados! Continua Puggina pois tens inteligência e discernimento para opinar com toda propriedade e eu, no meu humilde canto, comungo integralmente com o que afirmas!

Rodrigo -   06/08/2017 23:04:47

Michel Temer não é de direita, assim como seu partido, o PMDB, ou o seu clone mal acabado, o PSDB. Tudo faz parte do chamado "socialismo fabiano", quem tiver dúvida do que isso se trata procure na internet que há farto material disponível, sobretudo do professor Olavo de Carvalho e do Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior. O que há nesses grupos (PSDB, PMDB e PT) atualmente é uma divergência de quem dentre eles deve ocupar o poder, apenas isso. Mas todos fazem parte do mesmo esquema ideológico de marxismo cultural. Saída? Solução? Não há fórmula mágica, mas a simples existência desses pensadores que citei, assim como do Sr. Percival Puggina, nos dá ideia de resistência e sobrevida à discussão e não permite que esses grupos esquerdistas dominantes tomem 100% dos espaços de poder, pois no dia em que isso acontecer, será o fim da civilização como a conhecemos.

Gilmar Mendez -   06/08/2017 20:36:39

Eu e milhões de brasileiros fomos às ruas para tirar a maluca comuno/bolivariana Dilma/Lula/PT e colocar o Temer para tentar estabilizar o país em todos os aspéctos, então que ele fique até 2018!

Áureo Ramos de Souza -   06/08/2017 19:57:07

Em parte mestre Percival concordo, mais me deixe uma orelha ardendo. E se le se revoltar contra os que o não foram a seu favor e é o que vai acontecer com mudança de ministros, tomadas de cargos comissionados que são milhares e sei lá sabe? Vamos aguardar é o que só temos a fazer.

Ismael de Oliveira Façanha -   06/08/2017 18:48:21

DEUS NOS ACUDA! VADE RETRO!

Odilon Rocha -   06/08/2017 12:15:33

Caro Professor Direto ao ponto. Muito bem esclarecido. Infelizmente, ...paciência, algumas pessoas ainda não entenderam a "Questão Temer".

Genaro Faria -   06/08/2017 03:21:24

Se existe algo que não me embaraça é saber de que lado ficar nas questões nacionais debatidas no Legislativo. Fácil como molhar o dedo na boca para saber a direção do vento, basta olhar o panorama e ver de que lado estão o PCdoB e demais partidos comunistas, campeões do cinismo na política - até o ódio que eles parecem sentir é falso. Porque eles são de uma competência extrema para ficar, sempre e invariavelmente, contra o bem do país. Então é só ficar no lado oposto.

Mauricio Moraes de Azevedo -   05/08/2017 22:54:40

Prezado Puggina, Nosso Brasil precisa ser soerguido.Este governo tem que continuar, Este seu artigo tem minha compreensão e também assino embaixo

Dalton C. Rocha -   05/08/2017 18:26:13

Há uns quatro anos atrás, eu via escrito em muitos sites, algo como isto: 1- Cuba é o futuro da Venezuela. 2- A Venezuela é o futuro da Argentina. 3- E a Argentina é o futuro do Brasil. Graças à eleição de Macri, na Argentina e ao impeachment da Bandilma, aqui no Brasil, 2 e 3 estão fora de cogitação; pelo menos, por enquanto. Ainda bem. "A extrema-esquerda brasileira é asquerosa, imoral, podre, miserável e como seus camaradas mundo afora, sempre estão sedentos por sangue e ávidos por carne fresca. Por este mesmo motivo é que resolveram cerrar fileiras em apoio ao regime de Nicolas Maduro." > http://www.oreacionario.blog.br/2017/07/apoio-da-extrema-esquerda-brasileira.html

EDISON FRANÇA -   05/08/2017 17:03:16

Meu caro mestre Percival, infelizmente tenho de dizer que este foi o pior artigo que escrevestes em todo tempo que lhe acompanho, não sei as razões mas me parece que é uma ode ao atual status quo. Senão, vejamos alguns itens de sua argumentação em defesa do que aí está: - diminuição dos gastos públicos, através de uma emenda constitucional, isso parece verdadeiro, embora não esteja nesses limites a compra de deputados, com gastos da ordem de bilhões, para que não votassem pela continuidade das investigações. - reforma trabalhista, que só ferrou os trabalhadores, com a desculpa de sanar as questões da previdência social, não vi nada a respeito da cobrança dos maiores devedores da nação, só vi ações em contrário. - inflação abaixo da meta, o ilustre missivista tem ido aos mercados ? ninguém esta comprando, os preços baixaram( alguns) por falta de demanda. ( " não sei como é medido isso, visto que agora tivemos aumentos de luz, gás de cozinha e combustíveis, isso não compõem os itens formadores da taxa de inflação?). Taxa de juros em baixa, isso por falta de tomadores, continua a mais alta do mundo, é só pesquisar! -Investimento de 1 bilhão, merreca, no sistema prisional. Onde estão os investimentos em saúde, e segurança? Nossa Pesquisa Científica, fundamental ao futuro da nação, está sofrendo cortes da ordem de 44 % !! Extinção de 8 ministérios!! Por favor, isso é piada! Qtos cargos em comissão aumentaram ? Pergunto, onde está escrito que o governo reduzirá drasticamente seus gastos, a maioria supérfluos, existe alguma ação, não vi nada escrito??!! Esse discurso de que o Brasil precisa de estabilidade, é o mesmo da maldita palavra governabilidade, deixa como está. Para mim o que ocorre no Brasil hoje, não é diferente do que ocorre na Venezuela. A diferença é que aqui ainda não faltam alimentos.

Jose Nei de Lima -   05/08/2017 15:13:03

Com certeza temos que ter muito equilíbrio neste momento de mudarmos principalmente os vícios de nossos políticos brasileiros, a verdadeira reforma política em todos os órgãos públicos é onde está o rombo financeiro com gastos absurdos, mordomias, vamos começar de cima para baixo, acorda Povo Brasileiro, um grande abraço amigo.

Odonias Mendes -   05/08/2017 14:21:56

Sensacional! Assino em baixo.

Caubi M. da Nóbrega -   05/08/2017 13:29:55

Concordo com tudo que se disse, mas lamento muito que ele próprio, Temer, por ganância desmedida, tenha causado a si, e ao país, todo esse aborrecimento. De minha parte, para não fugir das condutas éticas que tenho cobrado da classe política há muitos anos, eu o condeno. E aceito correr todos os riscos visíveis e ocultos dessa decisão, mas não aceito ser comandado por um criminoso, seja de qual partido for e independentemente da sua capacidade administrativa. Afinal, o Bruno é um grande goleiro, mas o Flamengo se viu obrigado a demiti-lo, antes até da sua condenação judicial.

Felipe Santos -   05/08/2017 04:48:04

Tem um jeito muito simples de renovar a política no brasil, e parecem que muitos não percebem: NÃO REELEJA NINGUÉM! Já esteve sentado numa cadeira, não vote no candidato. Não fizeram nada, e nem vão fazer. Simples assim.

Fábio Otero Gonçalves -   05/08/2017 03:10:32

É. Não lembro de ver nenhum desses "moralistas de ocasião" se escandalizarem quando - um ano e dois meses atrás - o ex-presidente e agora hexa-réu aboletou-se no suntuoso Golden Tulip do DF para, na cara dura, tentar safar a "honestona" do Impeachment. Esses soluços de "ética na política" só os acometem quando eles estão jogados na lama e levando porrada. #GentalhaAbjeta

Gustavo Pereira dos Santos -   04/08/2017 22:39:45

Acho que o arquiteto Dr. Percival estudou Ciência da Computação, particularmente buffers (memórias temporárias) FIFO (memória circular) e LIFO, a saber: FIFO - first in, first out. LIFO - last in, first out.

Cesar Mucio Silva -   04/08/2017 22:36:18

Muito Bom!

susana -   04/08/2017 20:54:50

Chegamos ao fundo do poço, Sr. Puggina: Trocamos a ética pela conveniência. Minha esperança é que, em 2019, se realize a esperança de TODOS FORA. E que ate lá o Lula e o Aécio já estejam presos e o Sr. Temer sendo julgado pelo STF. Espero viver para ver.

Peracchi Barcellos -   04/08/2017 18:38:49

Como sempre meu irmão Puggina, artigo sensacional . Acertou na mosca. Abraços

Ismael de Oliveira Façanha -   04/08/2017 18:36:06

Ano vindouro, tudo igual. Salvo Lula de volta ao trono presidencial, ou, Deus nos livre, a viável Marina Silva. O Brasil não melhora, ao contrário, só piora. A Direita e o Conservadorismo continuam sem projetos, limitando-se a alardear o livre mercado.