• Percival Puggina
  • 29/11/2015
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MEC – O ASSALTO FINAL ÀS MENTES

 Será impossível no espaço deste texto escrutinar o subproduto do Plano Nacional de Educação que atende pelo nome de Base Nacional Comum Curricular (BNCC). É o que poderíamos chamar de veneno diluído em abundantes doses curriculares. Ninguém morre intelectualmente com uma pitada, mas depois de uma dúzia de anos não sobra neurônio com autonomia. O objetivo final do petismo na Educação e na Cultura é tornar-se hegemônico. No meio, fica tudo: da música ao teatro, da internet à sala de redação, do seminário religioso à reserva indígena, do sistema bancário à barraquinha da praia, dos corações às mentes. Para conquistar mentes e corações, os companheiros burocratas do MEC trataram, primeiro, de unificar tudo, inclusive os exames vestibulares através do ENEM (com o qual a BNCC tem que "dialogar"). A esquerda adora os sistemas únicos, os coletivos, totalmente controláveis. Depois, criaram um Plano Nacional de Educação que o Congresso parcialmente comprou pelo valor de face. Agora, pretendem impor um currículo único que, uma vez definido, fará com que todos entendam e interpretem as coisas como o PT quer. Ao menos em 60% dos conteúdos. Os outros 40% não o interessam.

 Para afastar o Brasil dos padrões ocidentais, nada melhor do que romper com o relato eurocêntrico da história. Então, nos delírios da BNCC, vamos acabar com a cronologia, enfatizar a história africana, ameríndia e, definitivamente, jogar no ostracismo os mestres da nossa cultura. Ensinar segundo a versão proposta pela BNCC é servir burrice em linguagem de redes sociais, com vocabulário de creche. Se lhe parece difícil crer no que estou dizendo, informe-se aqui: basenacionalcomum.mec.gov.br..

 Todo leitor atento e todo estudante que entrou em contato com a linguagem esquerdista já com plena vigência docente nas salas de aula do país, sabe que existe um vocabulário padrão. Há palavras que mesmo avulsas no espaço valem por uma frase inteira e servem como prova de identidade ideológica. Uma delas é “problematizar”. Quando um professor diz que vai problematizar algo, ele está, na verdade, afirmando que vai usar sua autoridade (mais do que seu estreito conhecimento) para destruir alguma crença ou valor que suspeita estar presente nas mentes dos alunos. E a BNCC é pródiga em "problematizações". Ela problematiza o papel e a função de instituições sociais, culturais, políticas, econômicas e religiosas. Problematiza os processos de mudanças de instituições como família, igrejas e escola. Problematiza as relações étnicas e raciais e seus desdobramentos na estrutura desigual da sociedade brasileira. Problematiza, para "desnaturalizar", modos de vida, valores e condutas sociais. Quem disse que existem valores, modos de vida e condutas que são naturais?

Não era difícil imaginar a dedicação com que os companheiros do MEC se atirariam à tarefa de preparar uma base comum a todos os estabelecimentos de ensino do país. Melhor que isso só iniciar cada aula bradando – “Seremos como el Che!”. Agora, o MEC vai ouvir a sociedade, mas todos sabem que, para esse governo, ouvir a sociedade e com ela debater é reunir-se com os seus e decidir por todos. Então, não é ao governo que a sociedade deve protestar. Está tudo pronto para que as coisas aconteçam como convém a ele e a seu partido. Atenção, Brasil! Atenção, meios de comunicação, intelectuais, educadores, lideranças empresariais e sindicais, pais e mães! Atenção todos os cidadãos comprometidos com o bem dos nossos jovens e do Brasil! É preciso impedir que se cometa mais esse crime contra a nação e que o governo imponha sua ideologia a todos através das salas de aula.

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

 


Adilcio Cadorin -   04/12/2015 12:55:35

Caro Pugina, brilhante artigo, que desnuda as políticas que direcionam e fomentam a consolidação do sistema unitarista e empírico deste nosso falso federalismo. Esta é a questão: falso federalismo, posto que se vivêssemos o verdadeiro, seriam respeitadas e valorizadas as culturas regionais. Inversamente, estão sufocando-as a pretexto da busca de um padrão nacional, que no caso denunciado conspira contra nossas liberdades e o sistema democrático. . O autêntico federalismo pugna pela valorização do ensino das diferentes culturas, e o respeito a este princípio é a principal característica que poderá impedir o unitarismo de criar normas que cerceiem as culturas regionais. Importante, portanto, que a elaboração das grades curriculares passem à competência das unidades federadas (no caso nossos estados), preservando um espaço às culturas nacionais já consolidadas pelos nossos usos costumes e tradições.

sanseverina -   01/12/2015 21:36:31

Não sou da área, mas acho que tem a ver com o assunto: Recebi um e-mail de uma tal AWAKEN LOVE ACTION GLOBAL, que apoia o Movimento pela Base Nacional Comum do Governo (MEC e Merpedante?), e que solicita ao destinatário colaboração para uma Educação Básica (Infantil, Fundamental e Médio) enviando texto com sugestões para um programa educativo de crianças e adolescentes que envolve, entre outras, as seguintes propostas: Autoconhecimento e Autocuidado – Pensamento Crítico, Criatividade e Inovação – Abertura à Diferença e Apreciação da Diversidade... O QUÊ?! Bem amplo, vago e escorregadio este arcabouço pode ser preenchido com qualquer doutrina, além de embutir ISCAS ideológicas como essa “ABERTURA À DIFERENÇA E APRECIAÇÃO DA DIVERSIDADE” (étnica, sexual, de classe, qual?). Esse governo falido política, econômica e moralmente acima de tudo, ainda pretende nos impor e às nossas crianças e jovens o tal bolivarianismo do século 21 mesmo agora que, escândalo após escândalo, todo mundo acordou e está atento? Autismo ou petulância? Afinal, pretendem o quê? Abrir madrassas e formar SS? A COISA FEDE A PÓ DO ESQUELETO DE GRAMSCI.

AMAURI BEZERRA DE OLIVEIRA LUZ -   01/12/2015 00:27:43

Prezado mestre Percival Puggina. Sempre que me é possivel leio seus sólidos e esclarecedores artigos. E este é o que me deixou mais preocupado, pois afeta diretamente a educação, varrendo, de vez para dentro das cabeças da juventude brasileira todo esse lixo ideológico/comunista, que infelicitou os seres humanos por onde passou e passa. O pior é que é difícil deter a sanha criminosa dessa seita, que age rápida e violentamente, afastando de toda discussão aqueles que pensam diferente, ao tempo em que vai aprovando tudo com os aplausos de seus agentes. Tudo feito na escuridão. Quando amanhecer, não tem mais jeito, o mal já foi feito. Um abraço.

Pedro Duarte -   30/11/2015 14:12:51

O Projeto do MEC, de Alteração das Cartilhas de Ensino de História, é uma tentativa criminosa de rasgar a História Mundial. A proposta exclui dos livros didáticos Pré-História, Antiguidade, Idade Média e Idade Moderna. Seriam apagados todos os legados deixados pelos povos egípcios, mesopotâmicos, fenícios, hebreus, persas, gregos e romanos. Democracia, Direito, Filosofia, Política e Individualismo, não seriam mais estudados. A Sociedade Medieval e a Cultura Cristã deixariam de existir, pelo menos para nós. A Idade Moderna e o Renascimento Cultural, Absolutismo Monárquico, Grandes Navegações, Mundo Colonial, Reformas Religiosas, Revolução Industrial, Independência dos EUA e Revolução Francesa, não seriam mais ensinados em sala de aula. O Mundo Contemporâneo seria omitido para nossos alunos, contando-se apenas sobre os povos africanos, as sociedades indígenas e um pouco de História do Brasil. Não se substitui uma história por outra. O Governo Federal não tem o direito de interferir e escolher o que deve ou não deve ser ensinado. NÃO PODEMOS PERMITIR QUE ASSASSINEM O ENSINO BRASILEIRO E OCULTEM A HISTÓRIA MUNDIAL. (Pedro Duarte - professor de história) . https://www.facebook.com/pedro.duarte.752/videos/vb.100001695871978/963534113713109/?type=2&theater

Dalton Catunda Rocha -   30/11/2015 13:56:14

Em 1955, o padrão de vida da Coréia do Sul era ainda pior que o do Brasil. Hoje eles tem um dos maiores padrões de vida do mundo. A chave de tudo foi que a Coreia do Sul teve regime militar, que colocou a escolarização em primeiro plano. Nada de esquerdistas, que só sabem tornar seus alunos futuros pobres e dependentes do governo. No site https://www.youtube.com/watch?v=axuxt2Dwe0A tem palestra (a partir dos 6 minutos de dez segundos), como resumo do que ocorreu por lá. Pena que por aqui, se prefira imitar Cuba, que no caminho da educação, faz exatamente isto que o MEC manda fazer hoje, há várias décadas.

Marlon Teixeira -   30/11/2015 13:52:01

Bato uma estaca pública de concordância com o teor do artigo, subscrevendo-o com um dos meus: http://casabereia.blogspot.com.br/2015/11/o-brasil-estupidificando-o-brasil.html

Luiz Felipe Salomão -   30/11/2015 13:44:24

Caro Professor Puggina, outro dia, a mídia veiculou a informação de que, nos últimos dez anos, houve um incremento de 700% no consumo de RITALINA, a droga criada para tratar um Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH. Contudo, como o nosso saudoso Prof. PIERLUIGI PIAZZI (o Prof. PIER) denunciou em seus livros APRENDENDO INTELIGÊNCIA e ESTIMULANDO INTELIGÊNCIA, esse dito transtorno foi inventado por LEON EISENBERG, o qual , após ter tido uma vida confortável graças a venda do medicamento, confessou sua farsa em uma entrevista realizada poucos meses antes de falecer. De minha parte, na condição de professor - ainda que sem alunos, no momento, pois que não aderi à dialética marxista - gostaria de recomendar a leitura das obras do Prof. PIER, principalmente aos pais, para que saibam um pouco mais sobre as profissionais do MEC, as "TIAS MARICOTAS", como carinhosamente as chamava o saudoso Professor. Saudações.

Juan Koffler -   30/11/2015 13:06:25

Caríssimo amigo Percival, Que belo texto-denúncia! Parabéns! Como usualmente o faço, vou reprisá-lo em meus sites por puro merecimento e como relevante fonte de informação social. À sua aguda visão não escapa nada, meu caro. É por isso que sou, de há anos, seu leitor incondicional, mesmo que nalguns momentos nossas linhas de pensamento divirjam - o que é natural e usual entre indivíduos inteligentes e de personalidade fortemente fundamentada. Como ex-professor de três universidades e atual professor-orientador de doutorado em duas universidades estrangeiras, como livre-docente, digo-lhe que você está absolutamente correto em seu arrazoado. Nosso MEC é uma grande e grosseira piada de mau gosto, mas que bem se presta a esse movimento grotesco e hediondo de doutrinação marxista-leninista, encetado com maior afinco a partir de 2003. E só uma ação social coesa e dura, para dar fim a esse já longo pesadelo que nos consome nestes doze últimos anos, mas que tem sua gênese na tão propalada (e degenerada) "redemocratização" da nação. Avante, meu amigo! E conte comigo, sempre!

Alan Soares -   30/11/2015 12:53:30

É preciso impedir... mas como? Realmente não sei nem por onde começar.

Genaro Faria -   29/11/2015 23:50:31

Quando entrou em pauta a discussão nacional sobre o sistema eleitoral, em meados dos anos 80, salvo engano, o PT e o PDT, tendo à frente Lula e Brizola, investiram contra a proposta de voto distrital chamando-a de golpe. O mesmo aconteceu, com esses mesmos protagonistas à frente, quando do plebiscito sobre o sistema e regime de governo. O parlamentarismo seria um golpe e a monarquia, então, seria como entronizar Lúcifer no trono real. Desde então eu percebia a razão dessa virulência contra o voto distrital, que aproxima o candidato do eleitor; o parlamentarismo, que exige uma representação capilar do partido no território nacional, que PT e PDT não tinham; e contra a monarquia, que confere maior isenção e equilíbrio para a dissolução do parlamento, ou do gabinete, solucionando sem crise institucional questões mais agudas que atingem governos que perderam a sustentabilidade política. Mas só agora eu vejo que o diabo é bem mais feio do que se pintava. Saltando sobre etapas que dificilmente venceriam, os socialistas de várias denominações e matizes sempre tiveram por objetivo conquistar o poder central de um só golpe, submetendo todas as instâncias mais autênticas e legítimas da política para se aboletarem no poder executivo federal hipertrofiado que a Constituição de 88 consagrou, e faz de nossa federação uma ficção caricata, com prefeitos e governadores de pires na mão e joelhos no chão diante do todo poderoso presidente da república. E da vontade popular uma irrelevância até que se desmoralize completamente.

Odilon Rocha -   29/11/2015 22:19:33

Caro Professor Querem em um longo prazo, creio que não tão longo assim, mexer e modificar os currículos do Ensino Militar. É uma tara! Será que o glorioso Duque de Caxias vai ser cruxificado? Se for, e já que é para registro histórico unificado, só aceito se ao lado de dois famosos ladrões. Preciso declinar os nomes? Esse bando não desiste. Carrapato é aprendiz.