• Percival Puggina
  • 23/11/2019
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LULA LIVRE E SAUDADES DO FRACASSO

 

Livre, Lula se tornou um problema para o PT. Visivelmente, seu peso na balança política é muito menor do que quando esteve sitiado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Solto, tornou-se desinteressante.

 Os partidos de esquerda, quanto mais tentam se dissociar de Lula e do PT, mais parecidos com ele ficam, inclusive no eterno mau humor. Ao longo dos últimos meses, incorreram no equívoco de imaginar que a bajulação internacional guardava alguma relação com o prestígio de seu mito. Mas não é assim, Uma coisa é o aparelho esquerdista mundial, um aparelho publicitário ativo; outra é a influência dessa máquina na política interna das nações. Parcela significativa da sociedade brasileira teve tempo para ajustar o foco e entender o quanto o país perdeu e se perdeu nos longos anos em que a corrupção se institucionalizava, a ordem era desprezada, a liberdade abusada e a responsabilidade extraviada nos meios de influência e na vida social. É sabido: agora, a corrupção luta nos tribunais, mas se afastou da tesouraria.

 Outro equívoco do lulopetismo foi imaginar que reverteria em seu benefício o antagonismo a Bolsonaro prestado por boa parte da mídia convencional. Não há qualquer evidência de que isso possa acontecer depois de ficarem tão expostas as vísceras dos sistemas criminosos instituídos pela corrupção no país.

 Em tal cenário, nada mais relevante e benéfico aconteceu entre nós, nos últimos 35 anos, do que a Lava Jato, Sérgio Moro, Paulo Guedes e Bolsonaro. As lições disso decorrentes ainda levarão alguns anos para impregnar as instituições nacionais e fazer do Brasil uma democracia não apenas formal. São comuns, entre nós, referências ao Estado Democrático de Direito como se vivêssemos num. Grave equívoco a que se chega diante da mera existência de eleições periódicas e da operação das instituições de Estado. Ora, eleições e instituições de Estado existem, igualmente, em Cuba, Venezuela e em outros totalitarismos. Elas são necessárias para a democracia, mas não são, por si só, causa eficiente, suficiente, da democracia.

Há, no Brasil, um déficit democrático que se manifesta, por exemplo, quando o Congresso arrosta a opinião pública, legisla em causa própria e encobre os maus passos de seus membros; quando o Senado se acumplicia com o STF para descumprirem seus deveres de fiscalização mútua; e quando as pautas de Sérgio Moro batem, sempre, na acolhedora trave da impunidade. Do Brasil se pode dizer que vivemos num Estado de Direito, onde as coisas são, mais ou menos, regradas por uma Constituição. Bem nos serviria que essas instituições fossem racionais e, por essa via, efetivamente democráticas.

Em “Nabuco e a reorganização teórica do Império”, João Camilo de Oliveira Torres escreve:

“Nas épocas da decadência e decomposição, o tribuno do povo chama-se demagogo e procura condicionar a vontade para fins baixos e pessoais, para fins criminosos e antipatrióticos”.

Essa é uma definição precisa da carreira política do ex-presidiário de Curitiba. Seu partido conferiu caráter orgânico à corrupção, enfermando moralmente as principais legendas políticas do país; devastou as finanças nacionais jogando-nos na mais danosa recessão da história. O Brasil vive a situação de um país pós-guerra, sem outra guerra que não aquela proporcionada por meios e fins criminosos e antipatrióticos.

Quem tiver alguma dúvida sobre isso, ouça as falas de Lula e os discursos de seus representantes em Brasília. São bem explícitos quanto à saudade que sentem de seus fracassos.

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* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Wilsan -   27/11/2019 03:17:12

Puggina, necessário existir um sniper para acabar com este carniça e cachaceiro. Absurdo, como não haver um em 210 milhões ????

Menelau Santos -   26/11/2019 20:55:40

Esse texto do Prof. Puggina não é um raio-x do Lula, é uma ressonância magnética. Quando vejo alguém falando mal do governo Bolsonaro, meu diagnóstico é imediato. O SUJEITO ESTÁ SE INFORMANDO PELA GRANDE MÍDIA. Como diziam os antigos : batata!

João Carlos Biagini -   26/11/2019 20:23:04

Perfeito, como sempre! Eu acompanhava o dito popular "mentira tem pernas curtas". Depois de 1996, com o surgimento da Internet, adotei o seguinte: mentira não tem pernas. A Internet aponta a desfaçatez em segundos. Felizmente. Teremos um país melhor em poucos anos adiante.

Carlos Edison Fernandes Domingues -   26/11/2019 19:05:01

PUGGINA . Nada mais a completar ao que escreveste. O tempo e a nossa pregação vão apressar o fracasso dos traidores da confiança do povo. Carlos Edison Domingues

Marco Provin -   25/11/2019 23:10:50

Mudaram o entendimnto das leis, criaram teorias mil sobre o "sagrado direito de presunção de inocência " , muita baboseira foi dita em nome das tais liberdades individuais, estabeleceu-se uma grande insegurança jurídica, tudo em função de libertar o tal Lula, como se ele fosse oxigenar a esquerda brasileira e ressuscitar as ultrapassadas teorias da esquerda. Acreditavam eles, que com esse disfarce, a cortina de fumaça iria proteger muitos ladrões do dinheiro público que ainda não acertaram as contas com a Lava-Jato. Que decepção !! O sujeito foi solto, e nada se produziu. Esperavam um leão para rugir, mas apareceu um rato, tímido, fugindo de ovos que são jogados por onde passa. Desconexo em seus discursos, babando sua raiva, contamina onde toca com seu ódio do mundo, do progresso, do futuro. Discursos que são ouvidos pela claque de sempre, que o acompanha na vã esperança de que seu líder maior tenha um lampejo de sabedoria, que não vem nunca. A soltura do presidiário fez bem ao Brasil...

Plinio Rossi -   25/11/2019 21:38:07

Perfeito , sem comentarios. Assino em baixo.

CLAUDIO SILVA RUFINO -   25/11/2019 18:33:09

lamentável. A nação está dividida mais uma vez. De um lado um governo raivoso, com um Presidente destemperado, sem partido, tenta organizar um. De outro, um opositor egresso de uma prisão federal com discurso ressentido, querendo mais vingança do que propostas concretas para os problemas do país. Urge surja uma terceira opção para o eleitorado brasileiro. Séria, com vistas a soluções e não a eternas discussões. Sempre as mesmas. Moderação, ponderação são os melhores caminhos para a eficiência. Radicalizar leva a violência. Esta gera mais violência. Não se constrói nada.

Derdebio de Carvalho -   24/11/2019 18:57:30

Ainda há lucidez no jornalismo brasileiro, nem tudo está perdido. Puggina, é a viva esperança dessa crença. S.'.F.'.U.'.

FERNANDO A O PRIETO -   24/11/2019 08:22:33

Muito certo, como de costume! Apenas, guardemos sempre a atitude de atenção: o "aparato esquerdista mundial", que é forte e bem-financiado, providenciará outras figuras para substituir esse desgastado "líder"...Os fatos depõem contra as teorias da esquerda, mas ela, obcecada por suas crenças, não lhes dá valor ("os fatos, ora, os fatos!"). Além disso, aproveita-se das falhas humanas de seus adversários (e quem de nós não as tem?), exaltando, por exemplo, as declarações,às vezes fora de hora e desnecessárias, do presidente, e jamais dando destaque aos méritos de seu governo, frutos em grande parte de alguns excelentes ministros.

Luiz R. Vilela -   24/11/2019 01:44:27

Dizem que Apparicio Torelly, o barão de Itararé, figura muito conhecida do folclore político nacional do passado, em uma de suas muitas frases sugestivas, teria dito: "Se queres conhecer o Inácio, bote-o em um palácio". Pois foi justamente isso que o povo brasileiro fez com o Inácio, que também é lula e é da Silva. Foi uma atitude arriscada, afinal um sindicalista de pouca instrução e com visão unilateral, onde demagogicamente fez crer a classe trabalhadora assalariada, que com ele, também estaria no poder. Como um vigarista que passa o conto do bilhete premiado, iludiu quase todo o pais. Era quase uma unanimidade, pelo discurso pobrista e socialista, tendo inclusive promovido a eleição da sua sucessora. Pôs um "poste" no planalto. Homens como lula, são considerados como a essência exótica plantada no Brasil, o PINUS ELIOTTI, arvore que a sua sombra, nada cresce. Líder inconteste nas hostes petista, onde tem a primeira e a última palavra, e também a única, ninguém tem coragem de confronta-lo. É o verdadeiro "ditador de aldeia". Não existe no PT qualquer liderança que se imponha sem seu consentimento. É o onipotente. Levou ele para o governo, as práticas totalitárias exercidas nos sindicatos e no partido. Usou e abusou do dinheiro público, foi denunciado na lava jato, existem provas cabais de seus atos ilegais, mas como um alienado, não reconhece seus erros, e pior, ataca seus denunciantes e juízes que o condenaram, num strip tease moral sem igual na história do pais, quer fazer a todos crer que os crimes que cometeu, não são crimes, são praticas comum na vida política nacional, portanto é um inocente. Acho que um indivíduo assim, deveria ser submetido a um profundo exame psiquiátrico, porque suas atitudes, denotam uma patologia mental, não esta em perfeito gozo das faculdades mentais. É um indivíduo perigoso.

Marcelo Fernandes -   23/11/2019 22:32:29

Como sempre impecável!

ODILON ROCHA -   23/11/2019 16:41:58

Caro Professor Na mosca! Um fantasma em busca de holofotes. Mas, ...holofote não ilumina fantasma. Está pagando um mico danado, sendo desprestigiado, um fracasso inimaginado pelos asseclas e fanáticos. Creio que ele mesmo vá acabar preferindo voltar para a cadeia. Vai ser algo inédito na história mundial. Talvez consiga algum holofote por isso.

Aguiel Moisés Rodrigues -   23/11/2019 16:17:06

Brilhante!