• Percival Puggina
  • 07/04/2022
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Lei das fake news, delírio de mentes totalitárias

Percival Puggina

 

Nota do autor: Quando o plenário da Câmara votaria o pedido de urgência para o projeto, dois ministros do TSE/STF foram à Câmara assinar, com o presidente Arthur Lira, um compromisso de combate a fake news. E viva a independência dos poderes!

         O nome que o projeto da lei das fake news se atribui fala por si: “Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet”. Se o projeto tem a autoria de um militante esquerdista como o senador Alessandro Vieira, se já foi aprovado por esse Senado que temos e se suscita o máximo interesse dos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, respectivamente atual presidente e futuro presidente do TSE, abra o olho! Certamente o intuito do projeto não corresponde ao que o nome proclama. Sem chance!

Para não fazer pré-julgamentos, fui ler o projeto. Seu inteiro teor está acessível no site da Câmara dos Deputados, onde tramita como PL Nº 2630/2020. Em seis capítulos, 31 artigos e mais de uma centena de disposições transparece no texto um verdadeiro delírio de mente totalitária, daquelas mentes que, se pudessem, regulamentariam carrocinha de pipoca, fariam uma Lei do Selfie Progressista e elaborariam um Estatuto do Ato Sexual Democrático e Popular. 

O projeto é francamente assustador, tal o nível de intervenção na esfera privada, tal o poder que delega àquelas organizações credenciadas pelo Ministério da Verdade que se dispõem a xeretar e a fiscalizar as opiniões alheias. Em última análise, só é verdadeiro o conteúdo publicado pelo uníssono consórcio dos grupos de comunicação. Sobre as narrativas, mistificações e omissões destes, nada a dizer... Tudo que circular na internet, é suspeito e vai para os minuciosos relatórios das plataformas. Indecente e desrespeitosa inserção na vida privada e na liberdade de expressão. Fascismo em estado puro. E mais: o único foco do projeto é político e eleitoral.  

Com a militante unanimidade da outrora respeitável mídia formal, a liberdade de expressão foi para o quilombo das redes sociais onde, agora, é perseguida pelos capitães de mato “da democracia” e da verdade oficializada.  

Não surpreende o interesse do STF e do TSE na aprovação da lei que felizmente, teve recusado o pedido de urgência solicitado pelo deputado Orlando Silva, não por acaso do PCdoB paulista.

A “Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet” é o sonho de consumo legislativo de todos os que não querem pluralismo e contestação. Entende-se isso muito bem a partir da mobilização do TSE, notadamente do voto e do tom em que o proferiu o ministro Alexandre de Moraes quando, há poucos meses, o TSE julgou um processo que pretendia anular a vitória eleitoral de Bolsonaro em 2018. Viu-se, ali, quanto ele pretendia ter sob seu controle a comunicação através da Internet nas eleições deste ano.

Com a lei ou sem ela, prudência e prontidão tornam-se exigências à cidadania. Todos sabem quanto tem pesado o porrete jurídico nas mãos de certos ministros do STF e do TSE.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

        

        


EDISON BECKER FILHO -   11/04/2022 12:06:43

Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet é o que temos, não precisamos de nenhuma interferência. Do jeito que está é democrático. O fato de até agora não terem aceitado a derrota de 2018 culmina nisto. Esquecem tudo que nos propiciaram ao longo das últimas 2 décadas de corrupção e safadeza sempre lastreadas em populismo e distorção de valores.

Romualdo Vicente De Ramos -   09/04/2022 17:16:19

Prezar pela liberdade é dever de todo cidadão, portanto, temos a obrigação de fiscalizar, pressionar, enxotar de seus cargos - se preciso for - qualquer ocupante de cargo (nossos empregados) que ousem ameaçar o nosso maior direito: sermos livres!

carlos edison domingues -   07/04/2022 23:01:02

PUGGINA A maioria dos integrantes do Congresso Nacional é covarde. Temos seis meses de combate permanente. Precisamos escolher e recomendar candidatos cultos e com autoridade perante o S.T.F. Carlos Edison Domingues

José Rui Sandim Benites -   07/04/2022 17:24:50

Perfeito comentário Como de costume do Mestre Puggina.

Menelau Santos -   07/04/2022 16:42:28

Assustador mesmo Professor. Como nossa democracia permite tão poucos decidir sobre muitos? Professor Olavo costumava citar uma frase de Georges Bernanos: "a democracia não é o contrário da ditadura, mas a sua causa".

Dyna Peres -   07/04/2022 14:39:57

Excelente sr.Puggina, infelizmente ainda existem muitosssssss que só sabem de notícias através da TV. E pior na Globo.