• Percival Puggina
  • 17/03/2015
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JORNALISMO EM TEMPOS DE IPHONE

Quando a má intenção é excessiva, até os bobos percebem. Estive folheando alguns jornais em busca das matérias que registraram as ditas manifestações encomendadas pelo governo e que antecederam às de domingo. Elas registraram os eventos com coloridas estampas onde dominavam as bandeiras vermelhas, e informaram números estimativos de participantes. Esclareceram que as pautas principais eram a defesa da Petrobras, direitos trabalhistas e preservação do mandato da presidente Dilma. Corretamente, divulgaram que o público era formado, em sua totalidade, por gente da CUT, MST e assemelhados. Bastava olhar as bandeiras para saber isso.

 Havia, porém, outros fatos acontecendo simultaneamente. E o silêncio sobre eles se enquadra na situação a que aludi na primeira frase deste artigo: quando a má intenção é excessiva até os bobos percebem. Quem eram essas pessoas que não são capazes de identificar a contradição em que se meteram? Não foi a presidente cujo mandato defendiam quem detonou a Petrobras e agora quer lhes suprimir direitos? Quem eram essas pessoas que em plena tarde de sexta-feira estavam disponíveis para atender convocação de sua entidade e se deslocar para determinado ponto de concentração? Uma vida tão sem compromissos laborais em dia útil seria, no meu modo de ver, mais compatível com "coxinhas". Classes "trabalhadoras" dispensadas de trabalhar? Por quem, cara-pálida?

 Tem mais. O telefone celular e, em especial os iphones, conjugados com as redes sociais, parecem ainda não detectados por muitos profissionais da mídia. Hoje, cada cidadão, com um aparelho desses, é parte de uma agência de notícias onipresente. E enquanto os "do ramo" se atinham à ramagem dos fatos, pessoas comuns, de iphone em mãos, falavam com taxistas, conversavam com os atendentes de restaurantes e bares, registravam onde iam, como se alimentavam e quais as rotinas adotadas por aqueles a quem a mídia denominava manifestantes.

 Pelo Twitter, me informavam sobre os taxistas, a quem os portadores de bandeiras vermelhas pediam recibos das corridas (alguém, portanto, estava custeando aquela modorrenta espontaneidade). Pelo Face me mostravam fotos de grupos recebendo dinheiro e de grupos almoçando em restaurante caro de um shopping de Belo Horizonte. O que os "manifestantes" ali mais manifestaram foi bom apetite e bom gosto, consumindo três garrafas de vinho cujo preço unitário excederia R$ 100. E venha a bendita nota fiscal. Por e-mail, chegavam fotos mostrando filas nas sorveterias imperialistas do Mc Donalds. Via Face, relatos de atendentes de bares e restaurantes que gastaram canetas e talonários fornecendo recibos individuais para cada item consumido. Por e-mail, recebi short clips de "manifestantes" do MST marchando em filas paralelas de modo a parecerem muitos, sendo poucos, interrompendo o trânsito e criando confusão sem qualquer comunicação positiva com a sociedade (que eles, aliás, foram ensinados a rejeitar). Mas nada disso parece ter sido visto por quem, em tese, teria o dever profissional de estar observando, registrando e comunicando.

 Essa informação deficiente não foi despropositada. Ela queria transmitir a ideia de duas manifestações antagônicas e semelhantes, ainda que em quantitativos diversos (como teve que ser registrado no domingo). Com base nessas matérias, Cardozo e Rossetto puderam se referir às "reivindicações das duas manifestações". Contudo, foram eventos incomparáveis. Um foi manipulado, com participantes remunerados e pautas que se contradizem. O outro foi amplamente democrático, quem compareceu o fez por sentimento de dever, no uso de sua liberdade, por amor ao Brasil e com o desejo de dar um basta à sordidez que se apoderou de nossas instituições.

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 


Sérgio Alcântara, Canguçu - RS -   19/03/2015 13:58:30

Paira ainda alguma dúvida de que a direita nacional precisa ser refundada, re-fundamentada e reorganizada? Diante das revelações desoladoras quanto ao envolvimento da bancada gaúcha do PP no escândalo do petrolão, ainda é possível esperar alguma coisa de nossos "representantes" no Congresso e na ação política como um todo? Em relação ao acontecido, precisamos ter consciência de que, mesmo que um ou outro venha provar que não teve envolvimento direto no caso, pode-se deduzir que, pelo tipo de comportamento que há muito adotaram em relação ao restante da bancada e ao próprio governo petista, alguma "porta" deixaram aberta para que as coisas chegassem ao ponto onde chegaram.

Carlo Germani -   19/03/2015 01:11:43

Caro Puggina, O governo petista-comunista,é o símbolo do crime organizado. Como nunca tiveram um verdadeiro projeto de nação,mas um projeto de poder ditatorial e totalitário,farão de tudo para se manterem no poder. O aparelhamento é generalizado.Imbecis coletivos e de má-fé,fazem qualquer coisa para receberem vantagens do governo(?). Já comentei aqui,neste indispensável site,que não descarto a ação terrorista por parte do petismo-comunismo (com Lula na proa) um atentado de falsa bandeira (false flag attack) para que, através do caos generalizado,possam executar o golpe de Estado,suprimindo as liberdades individuas e coletivas,fechamento do Congresso,(...),uma espécie de ditadura igual a do psicopata Maduro na Venezuela. Pode ser absurda esta possibilidade,mas estamos lidando com psicopatas. Porque todo comunista é um psicopata. O caos generalizado (econômico,financeiro,monertário,social,...,e principalmente urbano através do terror,é a aposta maior dessa corja no poder.

Ernesto Barros -   18/03/2015 19:05:47

Trabalhadores dos Correios são obrigados a cobrir rombo de R$5,5 bilhões no Postalis – Instituto de Seguridade dos Correios e Telégrafos, por incompetência administrativa e/ou gestão fraudulenta. http://novosite.postalis.org.br/cod-aprova-plano-de-equacionamento-bd-saldado/#.VQjv69LF-P8 Mais uma prova da hipocrisia dos petistas. No discurso, estão sempre a favor da classe trabalhadora, mas na prática ela é sempre intimada a aderir ao plano de participação no PREJUÍZO! ATENÇÃO PARLAMENTARES DA OPOSIÇÃO! ESTE É O TAMANHO DECLARADO DO ROMBO: R$ 5.597.717.974,28! INVESTIGUEM O POSTALIS!

DeBrito -   18/03/2015 14:47:28

Tenho 71 anos de idade e, pela primeira vez, fui a uma manifestação de protesto contra um Governo. Sob o sol escaldante da minha Fortaleza, pude acompanhar o coro daquela multidão de cerca de 20.000 pessoas, ouvindo e cantando o Hino à Bandeira Nacional. A emoção daquele momento de experiência cívica me remeteu aos tempos ginasianos de minha escola pública, em que era usual a prática do canto e hasteamento da nossa Bandeira, simbolismo muito pouco ou quase nada, acredito, empregado nos dias atuais. É verdade, o que se vê por aí, e de forma inadequada, é a exibição do símbolo monocromático de um Partido que está no poder e acha que representa toda a Nação. Triste.

Genaro Faria -   18/03/2015 02:07:05

A manifestação da sexta-feira 13, antevéspera daquela que no domingo colocaria o PT nas cordas e a presidente escondida atrás de dois bonecos de mamulengo com expressões de pierrô em quarta-feira de cinzas, foi programada, preparada, financiada pela CUT. E os "manifestantes" foram transportados, remunerados, alimentados, uniformizados e devidamente equipados com bandeiras e faixas confeccionadas por empresas do ramo. Além disso, não atraiu nenhum transeunte, sequer os bêbados diurnos e desocupados que perambulam pela cidade. Os únicos vagabundos da plateia eram os falsos militantes ao lado do trio elétrico sobre o qual meia de dúzia de coléricos ativistas berravam palavras de ordem pelo megafone. Não fosse o zelo do cinegrafista em fechar o ângulo da filmadora no ínfimo grupo de "manifestantes", para a matéria que seria exibida nas manchetes dos jornais e pela televisão, a reportagem ficaria parecendo um drible praticado pelos repórteres na autocensura conveniente que a imprensa se impôs. Rossetto e Cardozo, a dupla de vítimas escaladas para o sacrifício da coletiva à imprensa, não poderiam mesmo estar com um espírito de arlequim.

Sérgio Alcântara, Canguçu - RS -   17/03/2015 21:05:54

E até quando será que a militância vermelha vai insistir na tentativa de nos fazer acreditar e, ao mesmo tempo, fingir que acredita em mitos do tipo "Rede Globo x PT" e "igreja católica x PT"? A ação é tão repetitiva e contraditória que já está começando a ficar ridícula perante os olhos de qualquer leigo político.

Robson Nunes Da Silva -   17/03/2015 17:33:20

Há muito tempo eu não experimentava a sensação de cantar o Hino Nacional Brasileiro, entre irmãos, brandindo a bandeira da pátria e com a mão direita sobre o peito. Uma sensação maravilhosa. Indescritível!

Zaqueu -   17/03/2015 14:03:05

Na realidade faz tempo que grupos de agitadores como MST, blogs e imprensa chapa branca são beneficários do desgoverno. Não é surpresa. O comportamento dessas pessoas que detestam o capitalismo mas não dispensam suas benesses, faz parte da própria ideologia socialista. Dizia o finado Hugo Chaves, que o cramulhão o tenha, que ser rico és malo. ´"malo" para o povão. Vai ver quanto essa gente deve ter em Bancos nos paraísos fiscais. O HSBC que o diga. Os comunistas apregoam que, se lhes for dado poder, eles promoverão a igualdade entre as classes. Falam em achatar a classe mais abastada ao tempo em que elevam a classe pobre. Porém, quando lhes é dado o poder ou ainda quando o mesmo é usurpado, eles irão se assenhorar de tudo cuidando dos seus interesses e da sua perpetuação no poder. Não há como negar. A história contemporânea mostra que é esse o comportamento das neo ditaduras ou das mais longevas. A má intenção é excessiva, endêmica e dominante mas parece que o povo está deixando de ser bobo. Antes tarde do que nunca

RICARDO MORIYA SOARES -   17/03/2015 13:40:18

Ontem bati boca com meu sogro, mas por causa do irmão dele... disse ao meu sogro que seu irmão era um cretino, e ele, indignado, me retrucou dizendo que vivíamos numa democracia e que seu 'hermano' tinha todo o direito do mundo de ser comunista de carteirinha. Oba, a boa e velha noção de que vivemos em uma democracia ateniense! Foi então que fiz algumas perguntas cruciais: a) Qual a ocupação de vosso irmão? b) Ele tem alguma fonte complementar de renda? Apenas isso, e logo obtive minhas respostas: a) Ele trabalha para o Sindicato da Construção Civil de Criciúma, mas mora em Cocal do Sul - SC; b) Ele viaja pelo Brasil fazendo palestras à serviço do sindicato e da CUT, recebendo muito bem pelas suas argumentações ecléticas - as vezes até em dólares! Então olhei bem nos olhos de meu sogro e bradei: eu (e milhões de brasileiros!) financio indevidamente a atividade exercida por seu irmão, pego pelas suas viagens e palestras, e ainda tenho que engolir à seco que vivemos numa democracia....