• Percival Puggina
  • 01/03/2016
  • Compartilhe:

IMPEACHMENT. SIM? NÃO? POR QUÊ?

 

 Gostemos ou não, o tema persiste. O governo padece de rejeição generalizada e irreversível, suficiente para aconselhar respeitosa renúncia. Seria um glorioso, histórico e democrático "Dia do Não Fico". Fosse o governo atento à soberania popular, à voz das ruas e ao som das panelas, não insistiria em permanecer sabendo-se reprovado, há 12 meses, por imensa maioria dos eleitores. Quanto ao impeachment, as opiniões se dividem sobre os motivos e a conveniência. O que segue é uma resenha do que considero principal sobre o tema.

Há os que desejam o impeachment por motivos ligados ao mau desempenho do governo, que acumula inédita galeria de fracassos éticos e técnicos. Até seus feitos foram malfeitos. "Subtraída em tenebrosas transações", a nação descobre que perdeu 13 anos em 13. Muitos indicadores regridem aos anos 1990. Todos os setores de atividade naturalmente afetos ou usurpados pelo Estado brasileiro estão em visível decadência. Há um grupo governante responsável por tudo isso. Perante seus descomunais escândalos e desacertos, são insustentáveis as teses dos companheiros. Para eles, o governo é bom. Ruins seriam os fatos da vida, as agências de risco, os ianques, as forças da direita, o neoliberalismo, sem os quais o Brasil estaria bombando.

Há os que querem o impeachment em virtude do caos social. Ser brasileiro tornou-se cansativo e perigoso. O governo perdeu feio todas as guerras que pretendeu travar. Perdeu para o crime, para as drogas, para as epidemias. A queda do PIB, a recessão, a inflação, o desemprego, tendem a compor um ambiente favorável ao agravamento do caos social. Arrecadando 36% de tudo o que a nação produz, o Estado brasileiro cobra passagem de primeira classe e embarca seus passageiros em carro de boi.

Há os que querem o impeachment por motivos ideológicos. Nossos governantes abraçaram uma ideologia que nunca deu certo. O ufanismo de Lula com o Foro de São Paulo e seus parceiros da esquerda bananeira travou na garganta. O neocomunismo bolivariano foi mais um Muro de Berlim que caiu em desgraça. Além disso, o petismo transformou as diferenças existentes na sociedade brasileira em tema de casa, para serem aprofundadas e convertidas em conflito.

Há, finalmente, os que não querem o impeachment por considerar preferível que o governo carregue sozinho os próprios fardos e culpas até 2018. Concordo com todos esses fundamentos e posições. Mas acrescento: quero o impeachment por imposição moral. Como questão de saneamento básico. É vergonhoso ser cidadão de um país que tolere, bovinamente, saber o que sabemos, ver o que vemos, passar pelo que passamos.

________________________________
* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Vitor Hugo Baldissera -   06/03/2016 20:20:04

Caro Puggina. Discordo apenas dos números. Nestes 13 anos de governo destes... não perdemos apenas 13 anos. Perdemos o bonde da história e serão necessários 300 anos de suor dos brasileiros para a recuperação, isto se começarmos a fazer as coisas certas agora!!!!

Leonardo -   04/03/2016 00:37:07

Caro Puggina, sou totalmente a favor do impeachment da Dilma, mas sinceramente seria um tolo se achasse que mudaria alguma coisa neste país. Com a linha sucessória que ela tem seria como pular da panela para o fogo !

Odilon Rocha -   02/03/2016 23:44:46

Permita-me, caro Professor, endereçar alguns comentários à Sra/Srta Suzana. Nada como um bom debate. Não percamos as nossas esperanças, pois é justamente isso que querem. Essa gente não é boba e conhece muito bem o perfil do brasileiro. Conhecem bem os efeitos de suas ações sobre o povo. NÃO BRINCAM EM SERVIÇO (SUJO). Sabem como somos, de uma forma geral: imediatistas, desinteressados, individualistas e emocionalmente sensíveis. Há outros fatores, evidentemente, que não cabem ser tratados por aqui. Basta ver como as manifestações foram numericamente decaindo, desde o início. Era para ser justamente o contrário. Aumentar, pois isso mostraria força, pressão, que estamos acreditando em nosso peso para decidir e motivação. Esse conjunto mostraria a força (pacífica) que temos, enfraquecendo o outro lado. Não desanime! Dia 13/03, todos na rua, unidos e fortes.

Carlos Edison Domingues -   02/03/2016 17:49:43

POLIBIO. Não acredito no suplente da Dilma. Ele faz parte de uma legenda que se aproveita de tudo que é governo. Ainda que um pouco descrente no judiciário prefiro aguardar o resultado das ações ajuizadas pelo P.S.D.B. Carlos Edison Domingues

susana -   01/03/2016 23:39:50

Parabéns pelo texto. Penso que o Brasil perde a cada dia uma grande quantidade de oxigênio, em breve não conseguiremos mais respirar. A situação está insustentável e é mister que novos ares limpem o ambiente que é o nosso país e porque não dizer, a nossa casa. Confesso que, de minha parte, estou exausta.

Odilon Rocha -   01/03/2016 20:28:55

Perfeito, caro Professor. O resumo da ópera. Muito embora esse quadruplo fracionamento, magistralmente discriminado pelo senhor, creio que, no fundo, bem lá no fundo, a grande maioria se enquadre no seu acréscimo final: a questão moral. Para mim é mais do que vergonhoso. O momento desnuda muito bem na mão de quem estamos. Escancara quem são os nossos 'preocupadíssimos' dirigentes, magistrados e políticos. Que a Lava-Jato, tocada por seu intrépido Juiz Moro, ajudado pelo MP e PF, ambos realizando um espetacular trabalho, vá até onde tiver de ir. Dure o que tiver de durar. O país não suporta mais tanta sem-vergonhice, cretinice, despudor e arrogância. Tanta despreocupação com o cidadão e a Nação. Fica parecendo - é o que querem nos impingir - que estamos 'de beicinho', 'chateadinhos', por pouca coisa.

SERGIO -   01/03/2016 19:07:55

cada minuto deste desgoverno-mais o foro de são paulo avança-mais as liberdades estão em risco-eles querem uma luta de classes-impeachement ONTEM

Luiz Felipe Salomão -   01/03/2016 16:51:57

É preciso passar o Brasil a limpo!!!

Genaro Faria -   01/03/2016 16:16:53

Subscrevo do primeiro ao último parágrafo. Levarei, como em todas as oportunidades que tivemos, o "auriverde pendão da esperança para as ruas". Vamos tirar o Brasil do vermelho.

Rossini -   01/03/2016 12:48:47

Taí! Ordenou todo o assunto. Que mais dizer? Obrigado de novo Puggina.