HORA DAS RAPOSAS
1 - UMA ?DIA E UMA MESTI? HUMILHAM OITO MINISTROS DO STF COM O SEU BOM SENSO
A nossa Corte Suprema se reuniu anteontem n?para responder ?demandas reais de homens e mulheres reais, mas para mandar um recado amistoso a “tribunais” estrangeiros que ignoram a realidade brasileira e ainda imaginam o pa?como o rinc?perdido, onde povos primitivos teriam direito a seu ?n. ?isto: os nossos ministros, com mais (Menezes Direito) ou menos (Joaquim Barbosa) exig?ias, cederam ?ress?desses organismos e de uma mir?e de ONGs que atuam no pa? S? Amaz?, acreditem, h?00 mil delas. N?errei, n? 100 mil mesmo! Padre Vieira puxaria a orelha de cada um daqueles senhores togados: eles decidiram, mas os riscos s?das almas alheias. Em vez do mundo ed?co, a amea?da mis?a e da fome.
Como se l?o post abaixo, os ?ios — que, at? dia da vota?, dan?am e cantavam em trajes t?cos (sim, tiraram suas cal? jeans e seus shorts Adidas para vestir uns badulaques muito vendidos pelo com?io popular no Carnaval) — agora hostilizam jornalistas. Tudo, ?vidente, sob a ger?ia da pressurosa Funai. Algumas d?das de milit?ia mais um tal laudo antropol?o assinado por uma ?a “especialista” conseguiram levar o confronto onde havia, vejam voc? entendimento. E a ordem jur?ca brasileira se verga ao peso dessa milit?ia. A conseq?ia: homem e mulheres ser?jogados no desemprego.
O Jornal Nacional levou ao ar ontem uma ?a reportagem de Cristina Serra (clique aqui para assistir). Cristina falou com Audet, descendente de ?ios e brancos. Ela ??de cinco filhos. O marido, o pai e o irm?trabalham nas fazendas do l?r dos arrozeiros, Paulo Cesar Quartieiro. Apreensiva, diz: “Vai ficar todo mundo desempregado. ?o que vai acontecer”.
Cristina falou tamb?com uma ?ia macuxi. Leiam trecho da reportagem: “A ?ia macuxi Eunice, que tem sete filhos e o oitavo a caminho, acha que todos os que j?ivem na reserva deveriam permanecer. ‘Branco, ?io, negro, todo mundo. Melhor assim, do que o jeito que est?Sem brigas, sem nada’, revela a ?ia.”
Audet, mesti? e Eunice, ?ia, s?evid?ias de que est?m curso na regi?o que acontece em todo o Brasil: somos um pa?mesti? Mas n?para as ONGs estrangeiras que financiam o CIR (Conselho Ind?na de Roraima); n?para os padres do CIMI (Conselho Indigenista Mission?o); n?para o ministro Ayres Britto, que relatou um voto da mais pura e delirante poesia indianista; n?para os sete ministros que o seguiram (apesar das restri?s de Menezes Direito).
Os ?ios daquela regi?de Roraima, vejam que coisa!, ?iferen?de muitos outros espalhados pelo Brasil, n?conhecem a mis?a, a pobreza extrema. E isso foi garantido pela chegada do trabalho assalariado — e n??e hoje. A presen?do “branco” ali data do s?lo 19. Os arrozeiros est?h?ais de 30, em terras compradas do Incra. Recolhem religiosamente seus impostos a um estado que, agora, os trata como invasores e usurpadores.
Expulsos os fazendeiros, no dia seguinte, haver?uitas centenas de homens desempregados: ?ios, mesti?, n??ios. Como n?s?mais “?ios” na sua acep? plena — isto ?n?vivem da ca? da pesca, da coleta e de uma pequena lavoura de mandioca —, ter?de buscar o seus sustento de algum modo. O estado brasileiro, por meio do Executivo, da Funai e, agora, do STF, os est?mpurrando para a marginalidade. Reitero: Raposa Serra do Sol corresponde a 11 cidades de S?Paulo para estimados 19 mil ?ios — h?uem diga que o n?o ?uito inferior.
Era e ?erfeitamente poss?l conciliar as chamadas terras cont?as com a presen?dos fazendeiros, que ocupam uma das margens da reserva: apenas 0,7% da ?a total. Mas isso n?atenderia aos anseios das ONGs e de entidades internacionais que gostam de pensar na id? de um para? perdido, onde vive aquela gente pura... O ministro Menezes Direito pode ficar tranq?: nenhuma de suas 18 exig?ias ser?umprida. E a raz??imples: a maioria delas j?st?m algum c?o legal. E n?tem serventia nenhuma.
S?as s?Audet e Eunice. Talvez as ministras Ellen Gracie e Carmen L? devessem arrastar por a?e cinco a sete bacuris para entender por que aquelas m? est?t?preocupadas. Talvez os seis vetustos senhores que, quem sabe?, estejam se imaginando como verdadeiros Tarzans salvando os homens primitivos devessem se perguntar do que vai viver aquela gente — ?ios, mesti? e n??ios —, j?ncorporada ?conomia capitalista e ao trabalho remunerado, com o qual alimentam bocas.
E que se note: um dia depois da decis? a Funai j?e colocava como guarda pretoriana da Raposa Serra do Sol. Entendo. Os ?ios dali cometem um grave pecado. Eles est?longe daquela vida miser?l que leva a maioria de todos os outros ?ios tutelados pelo ?o.
Por Reinaldo Azevedo | 06:27 | coment?os (39)
A hora das raposas 2 - Pr?TF, eles dan?am e davam entrevistas; agora, usam a PF contra descontentes
Por Rold?Arruda, no Estad?
Os ?ios j?ome?am a mudar seu comportamento na ?a da Terra Ind?na Raposa Serra do Sol. Na quarta-feira, eles dan?am e deram muitas entrevistas aos jornalistas que foram at?oraima para acompanh?os durante o julgamento, no STF, da demarca? daquele territ?. Ontem, por? n?quiseram falar e chegaram a utilizar a Pol?a Federal para afastar os jornalistas da Vila Surumu, onde ficaram tr?dias concentrados por causa do julgamento.
No in?o a tarde, quando a reportagem do Estado visitou a vila, como havia feito no dia anterior, foi recebida por um representante da Funda? Nacional do ?dio (Funai) que avisou logo: os l?res ind?nas estavam descontentes com a cobertura dada pela m?a ao julgamento no STF e n?pretendiam falar. O rep?r insistiu para conversar com o l?r do grupo. Minutos depois ele apareceu e disse que ningu?iria falar, porque tudo j?avia sido dito e os ?ios j?stavam de partida para outros locais.
Quando o rep?r j?a? foi chamado por uma moradora, que ?ontr?a ?emarca?, com quem come? a falar. A conversa n?durou nem dois minutos: a mando do representante da Funai, um grupo de cinco policiais federais cercou o rep?r, dizendo que deveria deixar a ?a imediatamente.
A reportagem do Estado n?foi a ?a a ter a entrada vetada. Um pouco antes, uma equipe da TV Record tamb?foi impedida de entrar. Para grupos cr?cos ?emarca?, essa atitude ?m pren?o do controle que os ?ios pretendem estabelecer na ?a da reserva - o que pode causar transtornos, uma vez que boa parte dos habitantes da regi?mant?rela?s com ind?nas que vivem na ?a demarcada.
Assinante l?ais aqui
Por Reinaldo Azevedo | 06:15 | coment?os (4)
A hora das raposas 3 - PF suspeita de minera? ilegal na Raposa Serra do Sol. E a?STF?
Na Folha. Comento depois:
A Pol?a Federal em Roraima investiga den?as de que ?ios e n??ios estejam explorando ilegalmente os recursos minerais da terra ind?na Raposa/ Serra do Sol.
A Funai (Funda? Nacional do ?dio) confirmou que, apesar de isoladas e de terem diminu? desde 2005, quando houve a homologa? da reserva, as tentativas para retirar minerais continuam.
Tr?a?s da PF nos ?mos 30 dias aumentaram as suspeitas sobre a atividade mineradora ilegal. H?erca de 20 dias, dois cidad? norte-americanos foram detidos portando equipamentos para pesquisa mineral. Eles alegaram ser mission?os religiosos e foram liberados.
As outras duas a?s apuravam den?as contra ind?nas. Em uma delas, a PF deteve um homem carregando combust?l que seria usado por balsas de garimpos, o que n?se confirmou. Em outra, a pol?a foi at?m local suspeito de ter m?inas para garimpar, mas n?encontrou nada. Pela Constitui?, esse tipo de explora? s?de ser autorizado pelo Congresso.
Comento
Voc?se lembram do que escrevi no dia da vota?? A?st?Plantar arroz em 0,7% da ?a, empregando centenas de pessoas e n?poluindo o ambiente, bem, isso n?pode. Aqueles valentes rejeitam a presen?de brasileiros n??ios na regi? J? minera? ilegal, feita por silv?las e n?silv?las (mas estrangeiros), ah, isso n?tem problema. Quem vai expulsar os, como ?esmo?, “mission?os” de l?Ou quem vai meter em cana um ?io que promova a atividade? Ningu?
Por isso classifiquei de corretas e in?s as 18 exig?ias do ministro Menezes Direito — ali? algumas delas s?at?at?a constitucional. E, n?obstante, nem esta ?plicada.
?impressionante! A milit?ia ongueira, quase sempre financiada por dinheiro estrangeiro, vai conseguir transformar numa ?a conflagrada uma regi?que, dada a realidade nos rinc?do Brasil, conseguia viver em paz.
Por Reinaldo Azevedo | 05:59 | coment?os (3)
A hora das raposas 4 - Arrozeiros continuam a fazer a coisa certa: plantar comida
Por Silvia Freire e Jo?Carlos Magalh?, na Folha:
Um dia ap?inistros do STF (Supremo Tribunal Federal) terem votado a favor da retirada dos produtores de arroz da reserva ind?na Raposa/ Serra do Sol, em Roraima, os fazendeiros afirmaram que v?continuar plantando.
A Folha falou ontem com quatro dos sete rizicultores que dever?deixar a terra ind?na se a vota? for mantida. Todos disseram que continuar?a produzir enquanto puderem. O arroz plantado agora poder?er colhido a partir de abril.
Eu vou plantar. Tenho funcion?o que trabalha comigo h?ez anos. Vou fazer o qu?
Mandar todos embora? E a fam?a desse povo faz o qu? disse o ga? Ivo Barili, que est?m Roraima h?8 anos.
Ele disse empregar atualmente cerca de 40 pessoas.
Anteontem, 8 dos 11 ministros votaram pela manuten? da demarca? cont?a da terra ind?na com ressalvas. O julgamento foi suspenso com o pedido de vista do ministro Marco Aur?o Mello e deve ser conclu? no in?o de 2009.
A rea? dos produtores ?ota? no STF ?e revolta e de indigna?. Alguns t?esperan?de que os ministros mudem seus votos quando o julgamento for retomado.
Vamos pensar no que fazer, mas, a princ?o, n?vamos sair. S?ui em Roraima que n?se tem direito ?ropriedade, pois foi o Incra que vendeu esta ?a. Voc?iu algu?mencionar isso ontem [anteontem, no julgamento]?, questionou Ivalcir Centenaro, que est?m Roraima h?8 anos. Pagamos impostos todos os anos e agora somos chamados de invasores.
O paranaense Nelson Itikawa, que preside a associa? dos arrozeiros e tamb?est??ais de 28 anos no Estado, disse esperar mudan?nos votos. O ministro Marco Aur?o vai aprofundar [o estudo do caso] e deve expor a realidade do Estado. Os ministros que j?otaram podem modificar seus votos. Nada ?mposs?l.
O ga? Paulo C?r Quartiero, que est?m Roraima h?2 anos, disse que est?erminando o plantio na pr?a semana. Estamos plantando e vamos colher. At?aio, temos 500 mil sacos para retirar.