• Percival Puggina
  • 09/03/2019
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HIPOCRISIA!

 

Se você perguntar a um desses jovens desorientados, que assumem Che Guevara como referência, qual o motivo dessa veneração, certamente ouvirá como resposta que a grande virtude do argentino era a coerência com seu ideal. Afinal, Guevara deu a vida por ele. Claro que Jesus Cristo foi infinitamente superior, mas Jesus Cristo, nesses casos, está fora de cogitação. O que não passa pela cabeça da moçada é que esse supremo sacrifício é uma característica de seres notáveis, mas há condições para merecer o adjetivo: 1ª) que o ideal seja nobre e 2ª) que quem o abrace não se sinta no direito de sair por aí matando quem dele discorde. Che Guevara se desqualifica em ambas. Seu ideal já era comprovadamente desastroso quando o abraçou e ele se permitiu, enquanto tentava instalar uma guerrilha comunista na Bolívia, escrever sobre sua própria “sede de sangue”. Era uma sede em proporções cósmicas porque nem mesmo uma guerra nuclear entre a URSS e os EUA, a partir de uma base de ogivas em Cuba, deixava de lhe parecer apetitosa e desejável. “Um, dois, três, mil Vietnãs!” não enchiam seu copo.

 Dito isso em menos palavras, fica assim: a coerência com um ideal errado, é algo maléfico, que produz desastres pessoais e universais com regularidade absolutamente previsível. É a “coerência” dos que na vida pessoal se recusam a refletir sobre as consequências dos seus desacertos, de seus vícios e fraquezas, como se uma linha contínua de males fosse um modelo de retidão. É a “coerência” dos que, na vida social e política, persistentemente empurram nações para seu desastroso ideal.

 Pois é por esse mesmo caminho que chegamos à hipocrisia. Com efeito, há um potencial pedagógico no erro humano. No entanto, para que isso ocorra é preciso que: 1º) não disponhamos de um modo mais prático e menos oneroso de aprender; 2º) realmente estejamos interessados em acertar. Esse não é caso de quem, advertido sobre o erro que vai cometer, rejeita a advertência alegando – como tantas vezes se ouve – “deixa-me errar porque errando se aprende”. Estamos aqui diante de um caso flagrante de hipocrisia. O sujeito da resposta não quer aprender. Ele deseja errar porque o erro o atrai.

 Dito isso, olhemos o caos social, político, econômico e moral do país. Cada passo nessa direção foi saudado (não preciso dizer por quem na política e na mídia) como progresso, avanço, modernização, busca da justiça, apogeu da liberdade, ruptura das amarras culturais, alegre e festiva ruptura dos fundamentos da civilização ocidental. Brilhantes considerações a esse respeito podem ser lidas no artigo "J'Accuse!" de Paulo Vendelino Kons.

Raros períodos da história humana registram tão triunfante marcha da vaca para o brejo!

Agora, quando a vaca se foi e a nação acordou, quando o projeto se tornou conhecido e seus efeitos foram rejeitados pela maioria da opinião pública, “coerentemente” persistem na defesa dos erros. Dedicam horas de tribuna e programação a lecionar a sociedade que é preciso seguir naquele rumo. É como se dissessem: “Estava tudo indo tão bem e vocês aparecem para atrapalhar nossa farra”. E aí, no apogeu da hipocrisia, se escandalizam ante imagens do caos para cuja construção tanto contribuíram e exigem censura para o que antes aplaudiam.
 

* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


mario m -   11/03/2019 01:19:11

Perfeito, Puggina. Creio que conseguiremos tirar a vaca do brejo, com muita dificuldade, é lógico. As técnicas ditadas por Gramsci, Marx, Marighela e caterva utilizadas pelos esquerdistas passaram a ser conhecidas . Antídotos do receituário olaviano são empregados por um bom número de bloguistas , colunistas e outrem ligados à boa causa .O povo se manifesta com bastante empenho pela internet e apoia o presidente. A verdadeira história do país começa a aparecer em vídeos bem elaborados e desmentem-se as inverdades. O saneamento em todos os órgãos do governo é trabalhoso mas vem sendo feito na medida do possível. A geração dos zumbis universitários, o forte poder econômico-financeiro e a velha política ainda em jogo são os entraves mais difíceis. Caminhemos.

João Guilherme Maia -   10/03/2019 23:02:06

O principal problema dos últimos governos que tivemos é que nenhum tinha um projeto de governo para o Brasil, como nós estamos vendo com o governo de Jair Bolsonaro e devido isso, ele está incomodando tanto a esquerda, alem da esquerda não aceitar que a direita chegasse ao poder, a própria direita tem projeto de mudanças de rumos para o Brasil de desenvolvimento e crescimento econômico. Para não ser injusto com a esquerda, eles tinham sim um projeto em mente, que era transformar o Brasil num país comunistas, que era para o corruPTo do Lula se perpetuar no poder e se transformar no ditador do Brasil, como os seus camaradas de Cuba e da Venezuela. Mas o plano de Lula foi para o espaço quando atravessou no caminho dele um juiz corajoso, honesto chamado Sérgio Moro, e o plano dele foi para o espaço. Hoje ele está no lugar que ele já deveria está há muitos anos, que é na cadeia.

José Nei de Lima -   10/03/2019 12:37:06

É o verdadeiro caso da Morte Anunciada e o fim dos Princípios Fundamentais de uma Nação, pois cadê aquele povo que batia palmas, agora está um silêncio total e não podemos esquecer a Senadora, ótima matéria meu amigo e meus parabéns não podemos esquecer de relembrar suas Mentes Brilhantes, um grande abraço e que Deus vos abençoe amém.

Hans Peter -   09/03/2019 15:40:26

O texto é perfeito. Conheço jovens, alguns nem tanto que pensam tal qual o exposto no artigo. Penso que estes jovens sofrem de uma anomalia psíquica, portanto são doentes. Para generalizar, a causa ideológica tanto nazista como comunista, é fruto do mesmo veneno da cobra que eu denomino Lúcifer, ou é um caso simplesmente diabólico, formatado em parte por Karl Marx, Trotski, Lenin, Adolf Hitler e outros de menor alcance, bem brasileiros e/ou latinos geralmente preguiçosos. Só teóricos.

ANTONIO CARLOS DA FONSECA FALLAVENA -   09/03/2019 15:21:18

Amigo Puggina. Confesso que tenho perdido o estimulo por ler e escrever, tantos textos pessoais como para comentar sobre os que leio. Depois de tantos anos de vida (estou chegando aos 70, mas com energias de 40 anos), jamais imaginei que chegaríamos a uma sociedade tão imbecilizada, idiotizada e fútil. Jamais tivemos a disposição, tanta informação e tanta facilidade para acessá-la e pesquisa-la. Mas ainda tem coisa pior e, ainda pode piorar amais! Como se combate a mentira? Mostrando a verdade! O caso que abordas com propriedade, é apenas um dos muitos que já poderiam ter sumido ou assumido seu lugar no lixo da história. Como? Por que não produzem/financiam um filme sobre o “CHE” contando apenas a pura verdade? Quando um lado investe e o outro só fala, quem você acha que vence? Mostrando os dois lados, no mínimo, se cria a dúvida! É como o filme de Lula – filho do Brasil. por que não produzem o filme da lava jato, dos roubos, das manipulações, das mentiras, contando a história de Lula de verdade? Acho que ficamos lentos. Escrevemos e debatemos muito, mas não somos lidos e compreendidos. Quem deseja vencer uma guerra, e lutamos uma guerra de informações, é preciso atacar! É preciso mostrar a verdade. E como boa parcela da sociedade ficou idiota para entender o que lê (entender e tirar conclusões – é muita coisa para a maioria das cabeças atuais), quem sabe mostrando (desenhar) entenderão melhor. É uma ideia, apenas uma ideia! Abraço e saúde amigo. Fallavena

Luis Gonzaga -   09/03/2019 14:33:38

Prezado Puggina, sábias palavras, como de hábito. O que mais encontramos na atualidade são hipócritas, tão céleres e ávidos em retirar o cisco dos olhos dos outros enquanto orgulhosamente exibem as traves de seus próprios olhos. Parafraseando Rui Barbosa, fazem questão de orgulharem-se daquilo que nos envergonha, enquanto tentam nos envergonhar por aquilo do que devemos nos orgulhar... A esperança reside no fato de que agora, mais do que nunca, suas táticas já não prosperam, suas mentiras são desnudadas e seus propósitos foram conhecidos: foi-lhes dada a chance de provarem que seus ideais eram nobres, e tudo o que produziram foi a desgraça, o ódio e o sofrimento.