• Percival Puggina
  • 03/04/2009
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GOL CONTRA

Poucas coisas afetam de modo t?danoso o ?mo de um time de futebol quanto o gol contra. Se o lance do gol for confuso, n?precisa olhar o teipe para reconhecer o culpado. Basta procurar pelo atleta mais cabisbaixo, mais deprimido. Ali est? r? Ele sabe que fez uma grande bobagem contra si e contra os seus. Imagine, agora, um jogador que mande a bola para o fundo das pr?as redes e saia desenhando cora?s com as m?, subindo o alambrado para festejar e convocando seus companheiros para participarem da pr?a alegria. Loucura? Nem sempre. 3 vezes, coisas assim acontecem sob nossos olhos, fora das “quatro linhas” como se dizia antigamente, sem que a gente perceba a incongru?ia entre o mal feito e a atitude de quem o fez. ?o que ocorre, por exemplo, em rela? a certos aspectos da atual Campanha da Fraternidade, que se volta para o tema da seguran?p?ca. Est?convocando a torcida cat?a para estimular gol contra. ?recorrente no texto da Campanha de 2009 o velho matiz ideol?o de muitas CFs anteriores. De cara, o documento deste ano exibe seu pincel, retratando fatos da nossa hist? com as cores que lhe servem. Assim, por sua leitura, ficamos informados de que a viol?ia chegou ao Brasil com os portugueses. At?nt? deduz-se, os ?ios viviam em paz. Nada tinham a ver com a mancada de Ad?e Eva e permaneciam no para?. S?avam suas flechas para ca? capivaras. E o bispo D. Pero Fernandes Sardinha acabou sendo partilhado (fraternalmente, claro) numa ceia dos caet?porque, de fato, era muito apetitoso. Os nativos daquele ?en onde se intrometeu o velho colega dos nossos prelados da CNBB jamais seriam levados, por maus sentimentos, a sacrificar e cozinhar um semelhante. O mesmo matiz ideol?o concede uma esp?e de indulg?ia plen?a ?riminalidade que mais asusta o pa? toda ela vista como conseq?ia do tipo de sociedade onde vivemos. Denuncia as penas de pris?como “vingan? social e convoca os fi? a “assumir sua responsabilidade pessoal no problema da viol?ia”. Trata-se, em resumo, da velha luta de classes, segundo a qual as v?mas da criminalidade s?socialmente culpadas, ao passo que os criminosos s?inocentados por inexist?ia de outra conduta exig?l. ?a tese do Marcola, sendo acolhida pela CNBB. Pela falta de qualquer men?, o documento abranda e envolve em compreens?quaresmais crimes hediondos, tais como estupro, pedofilia, seq?ros, tr?co de drogas, latroc?o, homic?o (a palavra assassinato, creiam, s?arece quando o texto fala da “luta pela terra”!). Em seguida, o documento da CNBB crispa os dedos, arreganha os dentes e evidencia santa ira quando denuncia “a gravidade dos crimes contra a ?ca, a economia e as gest?p?cas”. O erro n?est?qui, est??tr? Fica flagrante a ades??d? marxista e coletivista de que o crime contra o Estado e o interesse p?co ?ais grave do que o crime objetivamente dirigido contra a pessoa humana, imagem e semelhan?de Deus, como muito bem apontou em recente artigo o delegado de pol?a Rafael Vitola Brodbeck. Isso tudo ?ol contra. A doutrina cat?a ensina que o pecado corresponde ?egativa pessoal, consciente, livre e volunt?a contra a vontade revelada de Deus. A isso sobrev?o “cair em si”, o sentimento de culpa, o arrependimento, o remorso, a confiss? o pedido de perd? a repara?, a penit?ia. Trata-se de uma pedagogia extraordin?a para a forma? da consci?ia moral e para a consolida? das virtudes. Tente educar uma crian?sem isso e veja no que d? Busque a bola no fundo da sua rede, ent? quando ouvir esse serm?ideol?o sobre a socializa? do crime do “pobre” e sobre a individualiza? do crime do “rico”.