• Percival Puggina
  • 21/01/2015
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EXECUTARAM UM TRAFICANTE BRASILEIRO. DILMA ESTÁ INDIGNADA.

Excelência, fale apenas por si. A nós, o que nos deixa indignados é o tráfico!

 A execução de alguém é, sempre, um ato de extrema violência, que agride nossa sensibilidade. Na madrugada de ontem, na Indonésia, um cidadão brasileiro sentiu o peso da lei local que aplica a pena máxima para o crime de tráfico de drogas. Há dez anos, Marcos Archer entrara no país com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta. Apanhado pelo raio-x do aeroporto, conseguiu fugir, mas foi capturado dias depois. Simultaneamente, também foram executados um holandês, um malauiano, um nigeriano, uma mulher vietnamita e uma cidadã do próprio país.

Nossa presidente, a mesma pessoa que sugeriu mediação internacional (por que não foi por conta própria?) para resolver a sequência de crimes contra a humanidade que estão sendo cometidos pelos fanáticos do ISIS, primeiro pediu clemência, depois se disse "consternada e indignada" e, por fim, engrossou ainda mais chamando nosso embaixador em Jacarta para consultas. O Itamaraty afirmou que o fato estabelecia "uma sombra" nas nossas relações com a Indonésia. Excelências, sombrio é o tráfico!

Não é paradoxal? Nem uma só palavra foi dirigida por nosso governo para desculpar-se ante as autoridades de lá pelo fato de um cidadão brasileiro haver tentado levar para dentro do país delas o pó da morte que passeia arrogantemente pelas esquinas, ruas e estradas do Brasil. Foi o governo da Indonésia, com suas leis duras contra o tráfico, que indignaram o governo brasileiro.

Certamente, para cada traficante morto na Indonésia, um país onde esse mal deve ter proporções pequenas, morrem no Brasil dezenas de milhares de seres humanos, vítimas da droga e do ambiente criminoso que em torno dela se estabelece. A pergunta que faço é: o que é melhor? Punir o tráfico com tal severidade que o sentido de preservação da própria vida acabe com ele, ou perder milhares de vidas por ano, executadas direta e indiretamente pelos traficantes? A quem deveria convergir mais firmemente nossa sensibilidade, racionalidade e indignação?

Note-se que nas execuções de ontem havia apenas uma pessoa da Indonésia. As demais eram estrangeiras. Não disponho de estatísticas mais amplas do essa pequena amostra, mas ela sugere que os indonésios não andam muito dispostos a enfrentar a lei local nesse particular.

A leniência com a criminalidade, que se expressa tanto na nossa legislação quanto nas proteções e garantias que oferecemos aos criminosos, transformaram o Brasil numa terra sem lei, a partir do topo da pirâmide social.

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 


Vitor de Miranda -   26/01/2015 22:38:43

Sr. Puggina. Gostaria de ter escrito este seu artigo. Concordo plenamente com ele. Além disso complemento que gostaria que houvesse pena de morte no Brasil pra tráfico de drogas e atos de terrorismo. SDS, Vitor de Miranda

valter de oliveira -   26/01/2015 12:12:30

Como você, caro Puggina, sempre que posso mostro as incoerências do PT, cada vez mais profundas e em maior número. Espero que com o tempo mais e mais gente perceba a malícia das ações petistas e de seus amigos da "cultura da morte". Água mole em pedra dura... Grande abraço.

LUIZ GONZAGA FARIAS -   25/01/2015 22:02:05

Apesar de ser uma pena por demais severa para quem se envolve com drogas na Indonésia, fica a impressão de que milhares de famílias que tiveram suas vidas destroçadas ao longo de anos pelos malditos traficantes, acharam justo sim o tratamento dado ao brasileiro, pois só quem teve um filho que enveredou por esse caminho sem volta, pode avaliar o grau de sofrimento que passaram.

ALDO LANGBECK CANAVARRO -   25/01/2015 08:50:40

A maioria dos condenados a morte por tráfego de drogas é formada por estrangeiros, é importante esta amostra do conjunto, ela torna inviável o pedido de clemência da nossa "dedicada" presidente. devemos convir que, caso o pedido fosse aceito, abriria um precedente, qualquer estrangeiro condenado por esse crime, teria sua pena comutada, bastando para isto, um pedido do chefe de estado do país envolvido! Então a pena de Morte ficaria restrito aos "traficantes locais" que não teriam a quem recorrer para salvar suas vidas! Uma diferença de tratamento que causaria profundo mal estar! É bom observar que a pena de morte historicamente sempre foi usada como um instrumento de "intimidação", um elevado risco para quem praticasse um delito que conduzisse a esse resultado final! Os romanos crussificavam os delinquentes, mais por conta do exemplo, do que por conta do sofrimento, geralmente a pena era aplicada em alguma elevação, (o Golgota), para dar ampla divulgação ao evento, com a mesma finalidade, colocavam as vítimas nos locais de grande circulação de pessoas, como a via ápia! O rigor nas leis, fez da indonésia, um país de baixo índice de criminalidade, baixa população carcerária, permitindo ao governo manter presídios (tal como aquele que o brasileiro esteve preso) que comparados aos nossos, são hotéis 5 estrelas! É importante notar nessa comparação, que a população da Indonésia (230 milhões) é maior que a do Brasil (200 milhões) E o país é mais pobre que o Brasil, não existe nenhum índice econômico que contrarie esta informação, embora não tive o trabalho de fazer uma pesquisa mais detalhada a esse respeito, por julgar desnecessário.

Roger -   25/01/2015 02:17:13

Para o PT, o fundo do poço é somente mais uma etapa. Nós ainda veremos muita coisa bizarra à frente, apesar de já estarmos no fundo do poço. Transformar bandidos em vítimas é só mais uma etapa na ideologia petista.

Luiz Felipe Salomão -   22/01/2015 15:30:39

Caro Professor Puggina, Não tenho qualquer conhecimento a respeito das qualificações acadêmicas desses PsiTacídeos da ideologia enganosa. Mas, por tudo o que já mostraram, é possível afirmar que jamais ingressaram, quer por preguiça, quer por incapacidade, no mundo da cultura superior. Cordiais saudações.

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   22/01/2015 15:25:31

Professor Puggina e amigos. O triunfo do crime (organizado ou não), a desmoralização das instituições democráticas, o mau uso e a desvalorização à liberdade política e de expressão, bem como o fortalecimento da "ideia" de que a política e os políticos só servem para "mamar nas tetas do Estado" caem como uma luva ao projeto de poder que há mais de 50 anos tenta-se, obcecadamente, implementar no Brasil. Sendo assim, toda essa leniência e complacência com os criminosos, partidas do governo e do Estado brasileiro (este já em avançado estágio de deterioração), não vieram ao acaso...

Odilon Rocha -   22/01/2015 00:25:25

Parabéns, professor! Artigo irretocável, do começo ao fim. Como as nossas autoridades estão mal, e porcamente, assessoradas! É de doer. Abraço

Gustavo Pereira dos Santos -   21/01/2015 22:02:00

Dr. Percival, Em tese, o exemplo vem de cima. A probabilidade de existir um filho "torto" numa familia torta é muito maior do que termos um filho "torto" numa familia "reta". Os maus exemplos do APEDEUTA BÊBADO e da ANTA são responsáveis por milhões de brasileiros "tortos". Destaquei uma frase do seu excelente artigo "...Indonésia, um país onde esse mal deve ter proporções pequenas,...". Posso estar enganado, mas o problema das drogas lá é maior ou igual ao nosso, com a diferença que lá são consumidas, proporcionalmente, as drogas mais "nobres": cocaina e heroina (informação sujeita a pesquisa e confirmação). Acho que isso é um dos motivos pelos quais o governo aplica a solução radical, a pena de morte. Importante saber que: i) o viciado em determinada droga não é inibido pelo preço: é indiferente roubar e/ou matar um ou dez para conseguir a grana necessária para sustentar o vicio. ii) a Indonésia é um arquipélago, o que dificulta a fiscalização. Um abraço, Gustavo.

Zaqueu -   21/01/2015 20:00:04

O blog Alerta Total traz uma montagem que diz: "CONTRAPEDIDO DE CLEMÊNCIA. O presidente da Indonésia pede a Dilma clemência pela vida do povo trabalhador brasileiro que tem a pena de morte decretada por falta de saúde, segurança e justiça." Entre as muitas coisas que nos causam indignação estão: o silêncio cúmplice de Lula e Dilma quanto aos direitos humanos em Cuba e na Venezuela. A comoração de Lula , Franklin Martins e Fidel quando da morte do preso político Orlando Zapata em 2010. O caso dos boxeadores que pediram asilo político, negado pelo Brasil. Hoje esses esportistas vivem à míngua em Cuba. Tudo isso não mexe com a sensibilidade dos amantes das ditaduras mas a morte do brasileiro na Indonésia causa comoção nacional. Seria cômico...