• Percival Puggina
  • 16/08/2015
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EU VOU!

 

 O Brasil é um navio sem rumo nem prumo. Não está apenas à deriva. É um navio cuja tripulação joga as culpas do extravio no estaleiro, nas estrelas, nos ventos, nas ondas e, claro, nos passageiros de olhos azuis. O que nos reduz alternativas a essa crise é estarmos sob um governo alheio aos males que causou. Somos governados por quem chegou ao poder mentindo sobre o passado, mentindo sobre o presente e, agora, mente sobre o futuro. E é um navio sem prumo, o Brasil, porque adernou com o peso do Estado. Nada que não viesse sendo anunciado desde os tempos em que Lula, na metade de seu segundo mandato, decidiu que a manutenção do poder valia qualquer irresponsabilidade. Então, irresponsabilidade e meia: apontou como sucessora a companheira Dilma, gerentona, mãe do PAC e seu alegado braço direito. Pedra cantada para dar no que deu.

Muito já escrevi e falei sobre o conforto das instituições. A nação ia sem rumo nem prumo e as instituições só estavam interessadas em ampliar vantagens. Desatenção ao leme e maior peso agregado ao Estado. Deus, porém, escreve direito por linhas tortas, mesmo num barco desaprumado. E eis que surgem, da vastidão continental e populacional do país, ali, na capital do Paraná, um juiz, alguns promotores e policiais federais. Eles se recusam à zona de conforto e começam a fazer o que devia estar sendo feito há dez anos. Tiveram o mérito de perceber mais risco em nada fazer do que na missão que abraçaram. Já são quase três dezenas de colaborações premiadas (e olha que uma não pode repetir o que qualquer outra já tenha relatado!).

Há muitos anos, muitos mesmo, o Congresso Nacional dava sinais de morte cerebral. Ou de ser uma casa onde cada um cuidava de si e o Tesouro Nacional cuidava de todos. Pois a operação desencadeada em Curitiba levou o povo às ruas em 15 de março e desacomodou o parlamento. Queiramos ou não, ainda que com tanta presença constrangedora, ali está o coração, debilitado mas ainda vivo, daquilo que, como extensão do conceito, talvez se possa chamar de democracia brasileira. É ao parlamento que o Brasil, de todas as cores, falará nas manifestações de hoje. Porque, como escreveu alguém, cujo nome gostaria de saber: "A bondade que nunca repreende não é bondade: é passividade. A paciência que nunca se esgota não é paciência: é subserviência. A serenidade que nunca se desmancha não é serenidade: é indiferença. A tolerância que nunca replica não é tolerância: é desumanidade." O futuro do Brasil não passará na tevê. Não acontecerá no sofá. Estará se manifestando pacífica e civicamente nas ruas, neste domingo.
 

Especial para Zero Hora, 16 de agosto de 2015


Robson Nunes Da Silva -   16/08/2015 22:24:13

Posso dizer, não com orgulho, mas com imensa satisfação e alegria: EU ESTAVA LÁ. Nada melhor que estar em paz com sua consciência.

Odilon Rocha -   16/08/2015 20:52:17

Caro Professor Aproveitando a oportunidade por estar em SP, eu e minha cara metade fizemos questão de participar da manifestação. E que manifestação! Uma Paulista lotada não é brincadeira. É VONTADE! Os brasileiros sabem que não há um governo perfeito. Mas também sabem julgar, muito bem, quando um governo é incompetente, ladravaz, corrupto em escala nunca vista, vexaminosa, trazendo prejuízo para todos. Sabem desconfiar quando um governo está de namoro com países de regime anti-democrático, ameaçando adotar medidas iguais. O nosso povo vem surpreendendo esses trogloditas imorais e o nefasto Foro de SP com suas atitudes pacíficas e de total repúdio ao que querem nos empurrar goela abaixo. Por essa não esperavam. Não podemos arrefecer ânimos. Para cima deles!

Gustavo Pereira dos Santos -   16/08/2015 03:59:40

Em tempo, reduzirei a cervejinha e o cigarrinho AO suficiente para sobreviver. CONSUMISMO ZERO E O GOVERNO CAI.

Gustavo Pereira dos Santos -   16/08/2015 03:26:14

A crise é a mais grave do que a maioria pensa, urge defenestrar a ANTA, o PORCO e o PT. O povo não sairá das ruas até que isso aconteça. Recomendo poupar, consumir o mínimo possivel e aguardar "a queda da Bastilha". Reduzirei minha cervejinha e meu cigarrinho ao suficiente pra me manter vivo. Haja depressão! Deu vontade de vomitar a leitura de ZH de hoje. Like sempre, escaparam Marco Aurelio e Dr. Percival.

Henrique Nassif -   16/08/2015 03:04:46

Estaremos presentes! A Nação Brasileira merece um futuro melhor! Digo Nação pois somos todos irmãos e irmãs! Temos costumes, tradições que nos unem! Quando a morte de um Brasileiro (a) no SUS tocar o Brasileiro (a) que usa a rede privada de saúde, seremos uma Nação de fato; quando um velhinho morrer sem benefícios, e chorarmos sua partida como se um familiar fosse, seremos uma Nação! Quando o dinheiro público for sagrado para todos aqueles que o utilizam, seremos uma Nação! Quando o D-us do Preâmbulo da Nossa Carta Magna abençoar a todos sem ressalvas, seremos uma Nação abençoada!!!

Genaro Faria -   16/08/2015 01:17:16

Há vinte anos nós não teríamos caído nesta esparrela. Os sinais vitais do nosso caráter, nossas instituições e certo pudor da imprensa que não se permitia desinformar, mas informar não o permitiriam. Ainda podíamos sonhar com o futuro, ao invés de temê-lo. Foi necessário que três mandatários, dois com os mandatos duplicados e esta última a ponto de repetir o feito dos dois anteriores, cuidaram diligentemente de solapar a resistência e minar os fundamentos da defesa de uma sociedade livre. E aqui nos encontramos, um tanto desmoralizados. Muitos preferindo fazer de conta que é só um pesadelo que vai passar se fizerem como o avestruz: enterrar a cabeça na areia. O estamento que domina o poder se defende. Afora uns gatos pingados, honrosas e raras exceções, a ideia de um mandatário deposto pela vontade popular apavora a maior parte de seus membros. Eles sabem que o povo, quando se levanta, arroja ao chão até ditadores sanguinários como Kadafi, Mussolini e quantos tenham a audácia de arrostá-lo. Não esperemos pelos políticos. Façamos por nós mesmos o que somente a nós pertence fazer.