• Percival Puggina
  • 07/03/2020
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ESTRANHA DEMOCRACIA SERIA A NOSSA!

 

 Estranha democracia seria a nossa se não pudéssemos expressar opinião no leito vulgar das ruas e no underground das redes sociais. Desqualificada seria nossa democracia se ministros do STF, congressistas, jornalistas e veículos de comunicação fossem imunes à crítica, como pretendem. E note-se: cobram essa imunidade, sem conceder reciprocidade, enquanto criticam todos, especialmente a sociedade e o presidente da República.

 A vitória de Bolsonaro aprofundou a cisão política entre os brasileiros. Gerou uma onda nacional e internacional de inconformidades e aplausos a que nem o papa ficou imune. Ainda que Bolsonaro fosse o príncipe perfeito, coisa que nunca foi, a onda se formaria. Valeriam contra ele (como escrevi outro dia) as razões expostas pelo lobo ao cordeiro, narradas por Esopo há 25 séculos. O fato quase milagroso de haver vencido a eleição presidencial nos dois turnos, sem dinheiro e sem tempo de TV, parece nada haver ensinado a olhos cegos e ouvidos surdos, sobre as razões dessa vitória.

Um dia será necessário fazer a necropsia da capacidade de análise que em 28 de outubro de 2018 morreu de morte súbita, sem flores nem amores. Houvesse sobrevivido, teria facilmente reconhecido o fato de que aquela data assinalou uma opção democrática do eleitorado por posição política em quase tudo divergente da que hegemonizara o país desde a Constituinte de 1988. Cinquenta e sete milhões de eleitores optaram por combate à impunidade e à criminalidade, por rigor da lei penal e pela celeridade dos processos penais, por educação sem partido, pela proteção da família e da inocência das crianças, pelo direito de defesa, contra a ditadura do politicamente correto e contra o socialismo que nos quebrou enquanto se instalava. Em consonância com a posição unânime da mídia, a maioria do eleitorado de 2018 quis expurgar de nossas práticas políticas a compra de votos para proporcionar ao governo apoio parlamentar.

Em vão! A maior parte do Congresso e do STF, ao longo de todo o ano de 2019, evidenciou querer outro presidente e outro programa. A “maioria de conveniência” do Supremo continuou em seu afã de amestrar a opinião pública. A maioria do Congresso emitiu todos os sinais de uma enferma nostalgia pelas anteriores práticas políticas, pelos cargos, pelas emendas, pelas oportunidades de negócio. Em sucessivos atos de vingança contra a Lava Jato, ampliaram de modo criativo e infatigável as notórias dificuldades da persecução penal. Legalmente inocente, imaculada como anjinhos de Rafael, a fina flor da corrupção corre mundo mentindo sobre o Brasil.

No dia 15 de março, as ruas expressarão seu repúdio a esse turismo despudorado, a essa ideologia que desejam impor sem voto. Maldiremos, também, a retórica espertalhona que tenta confundir o repúdio a certos membros das instituições com repúdio às próprias instituições. Paradoxalmente, querem que isso valha para si, mas não serve à instituição da presidência quando eles mesmos atacam o presidente. Dá-me a virtude da paciência, Senhor!

A prova dos nove do que aqui está dito seria juntada aos autos do processo histórico se o presidente repetisse as práticas anteriores e comprasse 300 unidades de voto parlamentar do blocão, ou do centrão. A bom preço, até os anjinhos de Rafael voltariam para a gaiola.

 

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* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Dirceu Guerra -   16/03/2020 17:18:08

Boa tarde. Muito boa cronica sobre os fatos recentes e passados. A quadrilha em seu incansável despudor por aquilo que é de fato bom para o povo, continua dentro e fora do país fazendo estrepolias, mentindo mais que antes e prestando um grande desserviço à nação, as nossas custas. Seu comentário carece de novas palavras.

Mauricio Moraes de Azevedo -   12/03/2020 20:47:33

Prezado Puggina, Com todos os percalços,e a "demora" do Brasil ser o melhor pais do mundo, lá estaremos com minha camisa amarela, para unirmos numa corrente pra frente, que com certeza ,nos levará para onde a decisão dos 57 milhões desejam. . QUEREMOS PAZ QUEREMOS ORDEM QUEREMOS PROGRESSO DIA 15 DE MARÇO Parabéns Puggina Mauricio

Pedro Ubiratan Machado de Campos -   09/03/2020 20:11:16

Mesmo Jó, a paciência encarnada, clamou aos céus por seus infortúnios, e foi atendido após submeter-se a todas as provas que o Diabo lhe infligiu. Creio que o clamor do povo brasileiro, tão infamado por escribas sacripantas e atacado por abutres rapaces também ,afinal, chegou aos céus e nem poderia ser diferente cristianíssimo que é. Os iluministas que nos enxergam como profanos alijados de seus conventículos donde tramam nossas desgraças estão estupefatos e dementes, castigo que precede a condenação dos que atentam contra Deus.De fato estão cegos e surdos guiando-se uns aos outros em direção ao abismo onde serão precipitados como os porcos possessos descritos na Bíblia sagrada. É, a meu ver, o que os aguarda após o 15 de Março fatídico que tanto temem e com sobejas razões.

Décio Antônio Damin -   09/03/2020 16:50:35

SIM, devemos ir à rua e protestar, gritar até mesmo contra a nossa incapacidade laboral e cidadã de atingir uma qualificação que nos leve em direção ao primeiro mundo! Está a nossa democracia capengando, e isto é que nós devemos tentar melhorar! Democracia, sim! Mais democracia? Sim, mais e mais...Mais trabalho? Sim! Maior produtividade? Sim! Menos sonegação? Sim! Mais amor ao país e menos individualismo? SIM! De qualquer maneira temos de começar por algum lugar, e , por isto, devemos ir às ruas no dia 15 para exigir respeito às instituições. e respeito "Das Instituições"!!

Menelau Santos -   09/03/2020 14:14:48

"Imunidade sem reciprocidade", é isso mesmo, muito bem assinalou o professor. Hoje partimos para o vale-tudo. O jornalista José Maria Trindade disse outro dia, muito bem, nem na categoria de luta vale-tudo tudo vale. Há regras. Agora tem o presidente da câmara viajando para discutir pauta parlamentarista. O Sr. Alckimin fazendo discursso pró-parlamentarismo abertamente, FHC apoiando. Que é isso? Que democracia é esta que quando se perde democraticamente se quer mudar o jogo? FHC já esqueceu do "FORA FHC" do PT? Recado para o leitor que disse que o governo é inoperante. Favor assistir a entrevista do ministro Tarcisio de Freitas na Jovem Pan. Deu um show de conhecimento, capacidade técnica e ética. O governo não é inoperante, mesmo diante de uma mídia paralisante.

Ezequiel da Luz -   08/03/2020 18:29:40

Os políticos que ainda continuam no poder sempre se articularam fazendo leis para eles, continuam com o mesmo propósito. O governo Bolsonaro, infelizmente, por sua postulacao de combate a corrupcao, criação de cenários favoraveis ao desenvolvimento sustentável e outras propostas de resgate a dignidade do povo; com esse congresso, senado e Supremo, não conseguirá. Somente com grande mobilização popular, com o apoio das forças armadas contra essa grande quadrilha instalada no poder, será possivel o resgate do Brasil que o povo merece.

ODILON ROCHA -   08/03/2020 14:13:04

Caro Professor É o velho método. Conspurcam e prostituem a democracia ao modo deles, para seus fins ignóbeis. E depois, prato feito, nos acusam de antidemocráticos, por estarmos mostrando o quanto estamos acordados, vigilantes. Não aceitam! Sabemos o porquê. Estamos só no início, bem no início, de uma longa luta. Deus nos proteja e nos dê, como o senhor bem colocou, a virtude da paciência.

Caio -   08/03/2020 14:10:22

Pior, cobram resultados desse governo de meses, como se os governos de esquerda desse país tivessem sido eficientes, mesmo com toda liberdade e tolerância de setores da sociedade que resultou em diversos escândalos de corrupção. Não se deve esquecer que apesar da intolerância e falta de apoio, neste governo, já se tem resultados positivos em todos os aspectos. Reclamar desse governo no atual estágio Não assiste razão.

Luiz R. Vilela -   08/03/2020 10:25:05

Diziam, lá nas antigas, que quando alguém, isso durante o regime militar, falava para o ex governador carioca e já falecido Carlos Lacerda, que o Brasil deveria ser redemocratizado, ele tinha um acesso de fúria e perguntava ao seu interlocutor, quando foi que o Brasil teve democracia. Provavelmente achava que nunca, pois sempre vivemos de conchavos políticos, quarteladas e outros meios em que era ignorada sempre a vontade popular. Hoje também vivemos uma ditadura, a dos políticos. São ditadores sim, ignoram tudo que seja demanda popular, não levam em conta o desejo do povo, e que foi justamente o que os elegeu, pois na época da campanha, eram estes desejos, suas bandeiras. Democracia plena, tem por base dois princípios fundamentais, o voto facultativo e a candidatura independente. Com o voto facultativo, veriam os políticos a quanta anda a popularidade e aceitação deles com o povo, porque descontente, não votaria. Com a candidatura independente, ai sim qualquer cidadão poderia ser candidato sem ser submetido a outra ditadura, a dos donos dos partidos, e por consequência também deveria acabar a "eleição proporcional", maior burla a vontade do eleitor, que vota num, mas elege outro, normalmente indivíduos sem qualificação. No Brasil o caciquismo partidário é feroz, pessoas que não se elegeriam para síndico do seu condomínio, são proprietárias de bancadas inteiras no congresso. É a ditadura partidária, e quem não se submete é expulso do partido. Estamos de volta a "democracia relativa", aquela dos militares, só que agora regida pelos políticos. Como nos tempos das "diretas já", também devemos nos manifestar contra justamente isto que esta ai, quando um STF, muda o entendimento da lei para livrar da prisão, um indivíduo já condenado, mas que foi ele o nomeador de seus juízes. Impondo magistrados "carimbados", será sempre agraciado com os "favores da lei", isso é velho e bem nosso. A imprensa que tanto grita pela sua liberdade de criticar, não aceita a mínima critica que sofre, sempre alega censura, mas se "receber" para não falar mal, tudo bem, assim como foi no passado recente. Portanto não saberia dizer o que seja uma democracia verdadeira, eu e muitos, nunca vimos uma.

FERNANDO A O PRIETO -   08/03/2020 09:00:43

Certamente Bolsonaro não é o "príncipe perfeito", mas as alternativas são piores... E a imprensa, os "especialistas", os "comentaristas" que tanto o criticam, são (não digo perfeitos, pois a perfeição não existe neste mundo) mas pelo menos, bons no que fazem? Os que criticam o atual presidente por falar demais (e ele fala...) e por proteger os filhos mimados ( o que ele realmente faz...), onde estavam no tempo de Lula e Dilma? Qual o motivo dessa parcialidade? Porque não reconhecer o bom trabalho de alguns ministros, por exemplo? E o apego às verdades morais e valores cristãos, o que Lula ("a alma mais honesta...") nem sequer se dava ao trabalho de mostrar? Mesmo que esse apego não seja de todo sincero, há, pelo menos, uma demostração de coragem, em nosso mundo em que o "relativismo" moral predomina... Ao menos nisso, as Igrejas deveriam mostrar sua aprovação, ao invés de apoiar Lula...

Mercia Tomar -   08/03/2020 02:42:42

Plenamente de acordo, só não concordam aqueles que perderam a mamata e são milhões.

Elionard Teixeira Jales -   08/03/2020 01:53:30

Estarei domingo nas manifestações/Recife. Quero mostrar meu repúdio aos membros do STF e do Parlamento brasileiro. Instituições fundamentais para o desenvolvimento da Nação, mas infectada de canalhas, criminosos e corruptos , com raríssimas exerções.

adão Silva Oliveira -   08/03/2020 00:20:14

Oxalá!!!!!!! Difícil fazer manifestação com um PIB de 1,1%. Um INSS com uma fila jamais vista de "aguardando análise". Querendo ou não, estamos diante de um governo inoperante. Não adianta não tomar gol, e ficar tudo no zero a zero. Desculpem. Isto não leva a lugar nenhum...

José Carlos Carneiro sortica -   07/03/2020 21:22:08

Muito bem o muito certo o que ele diz neste comentário...estou de pleno acordo e assim será com certeza

Luciano Grando -   07/03/2020 17:35:00

Brilhante análise, parabéns. Dia 15 vamos as ruas contra os antidemocraticos.