Percival Puggina
Estou longe do Parcão de Porto Alegre, neste domingo que espero seja restaurador. Talvez devesse dizer que estou em férias, talvez devesse realmente estar em férias. Mas não consigo desligar-me das aflições de meu país.
Como não ver a democracia capturada? Como não me sentir esbofeteado ao ouvir Lula recomendar a seu companheiro, irmão, camarada Nicolas Maduro que “construísse a sua narrativa”? Como não saber que estamos ferrados nesse universo das ficções, das narrativas?
Temos a ficção do presidente da Câmara, de que os “congressistas estão insatisfeitos” e de que, supostamente, cabe ao governo satisfazê-los. Temos as muitas narrativas com que o STF faz o que bem entende, alegando a excepcionalidade e a urgência do interesse nacional. Temos as narrativas que levaram Lula a ser inocentado na última instância da Globo e as narrativas da mídia que durante quatro anos atribuiu a Bolsonaro o desejo de fazer aquilo que o STF cansa de fazer e que, agora, Lula faz. Temos tribunal cassando mandato de senador em um minuto, reverente à narrativa do ministro relator. E temos o senador Pacheco, um omisso que nem narrativa tem para sua omissão.
Bastam-me estes fatos para não tirar os olhos da estrada por onde nos estão levando e, por tais razões, minha alma estará no Parcão. Estou dizendo presente, do modo que posso. Não me afastariam desse dever cívico divisões, decepções nem malquerenças. Que venham os que ficaram em cima do muro, os que não saíram de casa no dia 30 de outubro, os que por “nojinho” do presidente votaram num nojento de carteirinha, aqueles que o jornalismo militante levou pelo nariz para onde quis. Que venham os arrependidos e os que sequer se arrependeram, como a turma do MBL.
Não me importa quem lute pela liberdade e pela dignidade dos cidadãos, contanto que o faça, que se exponha, que mostre o rosto e grite contra aquilo que rejeita. Se trata de dizer não à injustiça, à prepotência, às ameaças. Para dizer isto basta ser humano, não dobrar a espinha, não andar de bojo e não trazer os joelhos encardidos (como exclamou Cyrano de Bergerac, o inesquecível personagem de Edmond Rostand).
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Menelau Santos - 06/06/2023 22:49:05
Professor, o Sr. observou muito bem, o Sr. Pacheco é uma pessoa tão vazia que nem narrativa tem. A única coisa que ele tem é um bom lugar na lata do lixo da história da política brasileira.Ana Maria Sanches - 05/06/2023 19:51:46
Perfeito, como sempre, amigo Puggina! Tem gente que se recusou a participar do movimento também aqui em Sampa por ter sido inciativa do MBL. Desculpa esfarrapada e tola! Não me importa o MBL, seu oportunismo ou o que quer que seja. É nosso dever protestar contra o que está aí! Ao Parcão, à Paulista, às ruas, patriotas conservadores e liberais na defesa do que acreditamos ser o melhor para nosso país! Abaixo esse sistema nefasto que se insurge contra nossas liberdades e direitos naturais. 👏🏻👏🏻👏🏻MARIA INÊS DE SOUZA MEDEIROS - 05/06/2023 18:56:57
Fui ao Parcão como sempre. Não vamos nos curvar aos desmandos desse governo de vingança e de conchavos nem à tirania desse stf e ste (por enquanto em minúsculas mesmo). Sem medo.paulo bongiovanni - 05/06/2023 17:34:43
Pois é. Imagine se o povo fosse novamente proibido de sair ass ruas.. Mas o Crime já foi cometido e os culpados deverão ser julgados. A Arapuca armada contra os eleitores dos outros partidos foi um crime contra a Ordem pregada na CFederal.. E o povo foi agredido e pessoas morreram.... Crime de Tirania confesso...marisa van de putte - 05/06/2023 12:50:02
Senhor Puggina. Eu gostaria de dar um"deixa pra la" no Brasil, porem nao posso. Amo e respeito o pais em que nasci. Confesso que eu chorei ao ler seu artigo. E lamentavel tudo que esta acontecendo com o pais. "A razao vos e dada para discernir o bem do mal," Dante Alighieri. Nao a razao que justifique os defensores de Lula.Tânia Regina Azambuja de Souza - 05/06/2023 09:26:09
Nos resta, felizmente, irmos as ruas para lutarmos por Democracia e Liberdade 🇧🇷elayne aparecida pereira - 05/06/2023 07:54:29
Perfeita análise! Se deixarmos o medo nos vencer logo os esquerdopatas conseguirão dominar a TODOS.