• Percival Puggina
  • 13/10/2014
  • Compartilhe:

ESTADO, EDUCADOR MORAL?

Você lembra da frase símbolo do Fórum Social Mundial? Ela se espalhava pela cidade sempre que o evento ocorria aqui em Porto Alegre. "Um outro mundo é possível!", berravam, em tinta vermelha, os muros da capital. Outro mundo não é a mesma coisa que mundo melhor. Melhorá-lo, sim, claro, sempre. Ele será melhor com pessoas melhores, cultivando bons valores morais. Contudo, na visão dos discípulos de Marx e dos adoradores de Che que querem o tal outro mundo, é necessário destruir este e substituí-lo por algo ao seu gosto. Ou não? É daí e de nenhum outro lugar que procedem muitos dos males que bombardeiam a Civilização Ocidental e seus pilares.

 No início deste mês, li excelente artigo assinado por Paulo Vasconcelos Jacobina. No texto, o autor, que é Procurador da República, combate o conceito infiltrado no ambiente intelectual de que não existe um "direito natural" aplicável ao ser humano e decorrente de sua natureza. O mundo pós-moderno, ao considerar tal ideia ultrapassada e intolerável, franqueia as portas ao relativismo moral, primogênito da pós-modernidade, cadeira de balanço das consciências sem rumo nem prumo. Segundo ele, nada, absolutamente nada se deduz do ser em relação ao seu dever ser. Será que os bons pais e mães que me leem concordarão com isso ao contemplarem sua amorosa função pedagógica para com os filhos? No entanto, esse mal ataca e prospera, conduzido pela letargia das consciências que, em vez de ajustarem os atos ao naturalmente bom e justo, conformam a lei aos seus atos.

 Se não existir um Direito que se possa extrair da natureza do ser humano, tudo será segundo o que estiver legislado, sem que haja qualquer sentido em nos interrogarmos a respeito de seus fundamentos morais. É por isso que temos ouvido falar tanto em "empoderamento", neologismo parido na maternidade do relativismo moral, infectada pelos vícios que corroem a vida social. Empoderamento é aquisição de força para impor a lei. Ele está no cerne do debate político brasileiro nestes tempos de disputa eleitoral. É ele que explica, por exemplo, o famigerado Decreto Nº 8.243 (que cria os conselhos populares, ou sovietes, dentro da administração federal). É ele que explica, também, a ação de grupos que tentam tomar a laicidade do Estado pelo seu avesso, fazendo com que deixe de ser uma proteção dos cidadãos e suas crenças para convertê-la em escudo protetor do Estado contra as opiniões das pessoas. E o que é pior, como muito bem afirmou o autor mencionado acima, transformando o Estado em grande "educador moral", coisa que ele não é nem deve ser.

Zero Hora, 12/10/2014


Vanderlino H Ramage -   19/10/2014 11:50:40

A questão não é o Estado mínimo ou máximo, mas apenas o Estado necessário.

Nilton F. R. Hack -   18/10/2014 19:46:25

Não é outro o propósito da Sra. presidente senão o de nos levar para o outro mundo possível, com sua campanha por uma constituinte exclusiva. Além do decreto 8243 vem mais maldades.

Otávio Alexandre Marcon -   18/10/2014 16:44:09

A generosa indicação do autor à Paulo Vasconcelos Jacobina me fez busca o artigo citado, cujo link é este http://www.zenit.org/pt/articles/etica-estado-religiao-e-razao Os conceitos nestes dois artigos tratados situam-se em um plano tão essencial e profundo que corresponde a um fio condutor capaz de ligar até mesmo coisas aparentemente incomunicáveis, como psicanálise, política, ciência, estado e o direito de educar os seus filhos. A falsificada noção de inexistência de finalidade no ser e a consequente profissão de insubsistência de valores no ente, conduziu a construções tão danosas, parciais e falaciosas como a compreensão Freudiana do homem, a Teoria da Evolução Aleatória, o Marxismo e toda a sorte de estados totalitários. Quem não acreditar, que se arrisque a conhecer Karl Popper. Parabéns Sr. Puggina pelo artigo.

Pe. Diego Baltz -   14/10/2014 20:36:35

Os defensores da famigerada doutrina comunista, que molda a seu bel prazer o conceito de "Um outro mundo possível", não suportam opiniões que lhe sejam contrárias. É por isso que alardeiam à toda voz que "são loucos fascistas os que aceitam a existência de princípios perenes". Sorrateiramente, como verdadeiras pestes demoníacas, disfarçadas e camufladas com tons de "bom mocismo em nome do social, da causa dos menos favorecidos e do politicamente correto", espalham o boato de que o mundo seria melhor se, e somente se, fosse seguido o certame ditado por eles próprios. Fruto deste pensamento literalmente idiota, surgem as escolas e universidades atuais, pululantes de cabecinhas vazias, que repetem à socapa a melodia inebriante pronunciada por "professores" ébrios de Gramsci e sua corja. O "Mundo melhor " proposto pelos ideólogos deste naipe é o mundo no qual aberrações como Mao são elevadas à categoria de Mestres, onde padres traem a Cristo com sua verborragia de "paz e amor" em vez de ensinarem a Verdade e onde nulidades intelectuais são tidos como gênios. Não, a este tipo de "Mundo Melhor" eu não vou me curvar. É preferível morrer pela Fé do que ser conivente e viver nas agradabilidades de Satã.

léo guedes -   14/10/2014 12:49:45

Difícil não comentar o comentário do sr. Metanino. De acordo com a sua visão o Estado deve ser o ente que supre tudo a todos. Para que se possa concordar com ele é necessário que façam parte do Estado todos os altruístas, todos os santos, todos os iluminados. Quem olhar com os próprios olhos - parece redundância, mas há quem prefira acreditar no discurso alheio do que nos próprios olhos - verá que o que se considera público está virado numa lata de lixo, fora o fato de que a corrupção aumenta com o tamanho do Estado. Mas parece que o sr. Metanino é um crente, com todo direito a sê-lo. Sobre o artigo observo que há um propósito de destituir Deus de Seu Reino e substitui-lo pelos mortais, exatamente àqueles que são arrogantes, orgulhosos, pedantes, soberbos. Assim, do Direito Natural, passa-se ao Direito Positivo, onde a força e o poder do legislador determina o destino dos homens. Se tirarmos uma foto das ciências físicas, exatamente esta que parte de incansáveis experiências para afirmar alguma certeza, pois se sabe que ela nunca é definitiva, exceto às leis imutáveis, atrelada que está ao seu próprio processo de aperfeiçoamento, o que se poderá dizer das inúmeras correntes que se pretendem como orientador da vida do homem dirigindo homens. Como dizia minha avó, caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém. Desde que a galinha esteja sã e a cautela não seja sinônimo de excessivo medo.

Leonardo Melanino -   13/10/2014 22:54:00

Senhor PERCIVAL PUGGINA, quero avisá-lo que nem tudo deve ser estatizado da mesma forma que nem tudo deve ser privatizado. As Saúdes devem continuar sendo áreas estatais, assim como os Bancos Centrais, as Cidadanias, os Combates às Fomes, as Culturas, as Defesas, os Desenvolvimentos, os Direitos Humanos, as Economias, as Educações, os Empregos e os Trabalhos, os Esportes, as Famílias, as Justiças, os Meios-Ambientes, as Previdências, as Reformas Agrárias, as Relações Exteriores, as Seguranças e assim sucessivamente, segundo diz a CRFB de 1988. Por isso, defendamos todos os nossos Órgãos Estatais (Agências Reguladoras, Ministérios e assim sucessivamente) e fortaleçamo-los, pois eles são importantes em nossa Sociedade Brasileira. Agradeço-lhe de todo o meu coração! Desejo-lhe uma Próspera Eleição Presidencial de 2014! Obrigado!

celso -   13/10/2014 19:27:42

Esse convescote socialista ou comunista que ocorria em Porto Alegre, tornou-se desnecessário com a chegada deles ao poder, aqui e em países das Américas. E o outro mundo possível é o que temos no momento. Serve?

Odilon Rocha -   13/10/2014 17:50:11

Prezado Percival Já opinei outras vezes sobre esse assunto aqui e em outros espaços. À "um outro mundo é possível" , campanha lançada por uns 'fanáticos' - bem espertos! - que se julgam donos do mundo, eu lançaria outra assim : "Sim, possível, sem vocês!". Como ainda tem gente nesse mundão que cai no conto do vigário! Abraço