• Érico Valduga
  • 28/03/2011
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ESTA NÃO É A JUSTIÇA QUE PRECISAMOS

ESTA NÃO É A JUSTIÇA QUE PRECISAMOS Érico Valduga em Periscópio Data vênia, esta não é a Justiça que precisamos. Pode haver exemplo mais claro da impunidade que protege os corruptos do que a prescrição do crime? Nosso legado, prezados leitores, é a hipocrisia Que país estamos legando para os nossos descendentes, no qual os ladrões do dinheiro público, com nome e sobrenome, escapam de punição por causa das prescrições dos códigos processuais? É o caso de 22 dos 38 réus do Mensalão por formação de quadrilha, crime que prescreverá em agosto próximo, segundo informou a matéria do repórter Felipe Recondo publicada na edição de ontem do Estadão, reproduzida neste site e por Periscópio. Aliás, o jornalista informou que o episódio foi o maior escândalo da ?era Lula?. Está enganado: trata-se do maior escândalo desde a proclamação da República no Brasil, e caminha para a impunidade que, tornada regra pela Justiça inepta e lenta, é a principal responsável pela posição do nosso país como um dos líderes de todos os rankings da corrupção no mundo. O que é pior, se algo ainda pode ser pior, é que diversos processados já foram como que reabilitados por seus partidos e pela sociedade brasileira (no caso, quem cala, consente) antes da decisão judicial. Milhões de reais dos cidadãos, atendidos em média por serviços de saúde e educação de quinta categoria, por alegada falta de recursos nos cofres públicos, foram comprovadamente desviados para bolsos privados. E nós não nos espantamos, tanto que o tema recebe tratamento marginal nos meios de comunicação. Não nos espantamos mais, ao ponto de um ex-presidente da República, o mesmo que afirmou desconhecer a roubalheira verificada em seu primeiro mandato, declarar que a sua principal missão, a partir de janeiro de 2011, seria m ostrar que o Mensalão ?é uma farsa?. Farsa? O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), que foi obrigado a renunciar à presidência da Câmara dos Deputados, confessou ? confessou, sim, depois de tentar mentir ? que a sua mulher recebeu R$ 150 mil em dinheiro vivo, quantia proveniente do operador da impressionante maracutaia, Marcos Valério. Fazia parte da quadrilha e por isto é réu. Mas, a provar que a cultura da impunidade lavra nas instituições, em meio à cumplicidade cínica de eleitos e eleitores, ele acaba de ser escolhido pelo seu partido para a presidência da comissão permanente mais importante da Casa de cuja direção foi apeado, a de Constituição e Justiça, nada menos. Isto é farsa.