• Percival Puggina
  • 09/05/2023
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Espelho mágico, espelho nosso...

 

Percival Puggina

         Não é incomum que um “remédio” mal indicado mate o paciente. Isso também pode acontecer com as leis humanas. Lei errada pode produzir efeitos piores do que os males a combater.

Um verdadeiro mostruário disso está disponível no PL Nº 2630, mostrengo jurídico que recebeu nome glorioso: “Lei brasileira da liberdade, responsabilidade e transparência na internet”. Deveriam os tambores rufar, os sinos repicar e as clarinadas ressoar, mas o nome não colou. A esquerda já foi bem mais competente em batizar suas criaturas. O petismo 2023 não criou até um “Arcabouço fiscal”? Dividiram-se, então, os apelidos para a nova criatura, predominando “PL da censura”, na voz da oposição e “PL das Fake News”, na voz do governo.

Dizem por aí, bons e maus autores, que o parlamento é um espelho da sociedade. Ora, nós sabemos que no Brasil saído das urnas a sociedade é massa informe, contida, intimidada, receosa e submetida a prudente silêncio. Como poderia seu espelho refletir algo diferente? Sempre que se permitir a um poder, civil ou militar, o direito de mandar sem jamais ser contestado, sempre que não houver freios nem contrapesos, sempre que a Constituição for usada como lojinha de conveniência, o resto será exatamente isso: resto.

Felizmente, assim como na sociedade, há uma parcela de seu espelho que resiste com bravura e recebe eloquente louvor  dos representados. São congressistas pelos respectivos estados, mas se tornam nacionalmente conhecidos. Não obstante, nós e eles estamos reduzidos a uma condição minoritária.

Foi por estarem as coisas nesse pé, que a Câmara dos Deputados, a toque de caixa e por ampla maioria, aprovou regime de urgência para votação do empacotado e volumoso PL da Censura, recheado de jabotis. Quem pedisse tempo para lê-lo ouvia de seu líder “Não, não, não. Lê depois!”.

Por que deu chabu na hora de votar o pacote inteiro? A sociedade, percebendo que, a pretexto de impedir abusos, avultavam os meios de repressão e censura, gritou a seu espelho: “Espelho mágico, espelho meu, olha o que vais fazer!”. Verdade que as plataformas entraram na campanha, ajudaram a propagação, incomodaram os plantonistas do arbítrio, mas o pacote só retornará se aberto, esmiuçado, desossado. E o que mais incomoda os brutamontes empacotadores: fatiado, para que só as fatias aproveitáveis sejam utilizadas. Contanto que a sociedade faça sua parte e a magia do espelho funcione, claro.

Em meio a tanta notícia horrível, algo dissidente, diferente, deve ser saudado, estudado e aproveitado como experiência.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 

 

 

 

 

 


Antonio Fallavena -   11/05/2023 22:22:06

Enquanto só criticarmos e não oferecermos e não mostrarmos como poderia/deveria ser a proposta, não construímos barreiras para defesa da democracia! Quem acompanha redes sociais (não, necessariamente, participa delas), não tem ideia do que servem para desinformação, mentiras e ataques gratuitos. Quem luta contra uma regulação séria e necessária, está ajudando a mantermos desinformados e deixando usarem grande parte de nossa sociedade, desinformada e desqualificada, termina por ajudar a esquerda e a falsa direita. Quem sabe, assim como muito tem feito, usamos nossos conhecimentos e energias para ajudar na construção de um País de verdade! Faço parte de um grupo, que constrói espaço ao debate e a proposições. Entendemos ser esta a forma de contribuirmos!

Gerson Lutz Hallam -   11/05/2023 10:25:52

Estamos vivendo tempos surreais, distópicos, inimagináveis em um sistema democrático do dito estado de direito, causa estranheza e surpresa o silencio das Instituições como Ministério Público, o dito fiscal das leis, a OAB que se diz baloarte da defesa dos direitos, a própria Magistratura, todos em uma omissão covarde e atentatoria a democracia, onde todos deveriam se lançar em sua defesa. Já vivemos a ruptura Institucional. Será que somente nos restará a desobediência civil? Certo é, que teremos que resistir e combater firmes e unidos os desmandos desta ditadura de toga, e do governo que se instalou no poder, que não reconhece as liberdades e direitos dos cidadãos. Os iguais devem formar fileiras e mostrar resiliência, resistência e ações contra este sistema que esta tentando calar a voz da liberdade.

AFONSO PIRES FARIA -   11/05/2023 09:01:36

Este PL é somente um "boi de piranha", ou um "bode na sala". Enquanto os parlamentares e o povo se diverte derrotando as tentativas de sua implantação, o governo com a mão pútrida do judiciário, faz o serviço à margem da lei.

José Fausto Gomes Ferreira -   11/05/2023 08:55:16

Enquanto o povo não souber exigir dos Deputados e Senadores o que é bom para o Brasil e seus habitantes, iremos sofrer em todos os sentidos. O problema é, que tem região, que so elege canalhas. Quer exemplos? A regiao do nordeste, o pessoal do Rio de Janeiro, em todos os Governadores foram presos, deixou de votar em Daniel Silveira e elegeram o lesa-pátria Romário. Os canalhas elegem bandidos e os cidadãos de bem sofrem. Quaisquer países em que os componentes dos Ministros da Cortes são bandidos, canalhas e lesas-pátria, a injustiça, a liberdade serão tolhidas.

Luiz R. Vilela -   10/05/2023 11:29:37

"Não concordo com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dize-las." François Marie Arouet, o iluminado Voltaire, é a quem atribuem esta frase, que deveria ser o Pai Nosso, ou a Ave Maria de todo o regime político e ideológico que se diz DEMOCRÁTICO. "Fala que te escuto", deveria ser o principio básico de todo homem público, que tenha cargo representativo político e de comando. Calar o cidadão só tem um objetivo, evitar que os malfeitos cheguem ao conhecimento do povo, e o malfeitor seja penalizado nas urnas, porque em se tratando do nosso pais, político nunca é penalizado, principalmente se for "situacionista". A era do iluminismo já passou a muito, desde o fim do império romano até o inicio do renascimento, o mundo viveu nas trevas, agora, mesmo com o avanço da ciência, o convívio político parece dar sinais de voltar as essas mesmas trevas. Devemos estar preparados para os novos tempos, porque o obscurantismo se prepara para erradicar a luz.

Manoel Luiz Candemil -   09/05/2023 16:06:59

Não estará esse projeto de lei sendo utilizado para prender atenção dos cidadãos brasileiros, uma vez que o tema preocupa, enquanto atividades paralelas são executadas?