ENVENENANDO AS ALMAS DAS CRIAN?S - www.escolasempartido.org
No cap?lo 3º do livro did?co “Portugu?Linguagens - 5º ano”, de autoria de William Roberto Cereja e Thereza Cochar (Editora Atual, pertencente ao grupo Saraiva - clique aqui para ver), os estudantes encontram, logo abaixo do t?lo – “O gosto amargo da desigualdade” –, o seguinte par?afo:
Voc?lguma vez j?e sentiu injusti?o? Seu amigo com duas bicicletas, uma delas novinha, e voc?em bicicleta tem... Sua amiga com uma cole? inteirinha da Barbie, e voc?ue n?ganha um brinquedo novo h?uito tempo... Se vai reclamar com a m? l?em ela dizendo: ‘N?reclama de barriga cheia, tem gente pior do que voc?. Ser?ue h?usti?no mundo em que vivemos?
A resposta negativa ?presentada sob a forma de um texto, em estilo pretensamente liter?o, seguido de uma bateria de perguntas destinadas a ati? o “pensamento cr?co” dos alunos (supondo-se, ?laro, que crian? de 10 anos possuam conhecimento e maturidade para pensar criticamente).
O texto consiste, resumidamente, no seguinte: ao ver o filho entretido com um globo terrestre, o pai lhe confessa a sua “birra contra geografia”, atribuindo a avers?a uma professora que tivera no gin?o.
Um dia, conta o pai, a professora Dinah resolveu dar aos alunos uma aula pr?ca sobre a distribui? de renda no Brasil. Dizendo que o conte?de uma caixa de doces representava a riqueza do pa? a professora come? a distribuir os doces entre os alunos, dando a uns mais que a outros. Os primeiros da lista de chamada ganharam apenas um doce; da letra G at? M, dois doces; de N a T, tr? Vanessa e V?r ganharam seis, e Zilda, finalmente, ganhou a metade da caixa, 24 doces. A satisfa? inicial dos primeiros se transformava em revolta ?edida que percebiam a melhor sorte dos ?mos:
“- Ningu?na sala conseguia acreditar que a Dinah tava fazendo aquilo com a gente. At?aquele dia, todo mundo era doido com ela, ?a professora, simp?ca, engra?a, bonita tamb?”
A hist? termina com o filho, frustrado, entregando ao pai o globo terrestre:
“- Toma esse neg?. Se a geografia ?ssim desse jeito que voc??alando, eu n?vou querer aprender tamb?n?.
Seguem os questionamentos:
– A distribui? dos doces promovida pela professora serviu para ilustrar como ?eita a distribui? de riquezas no Brasil. Associe os elementos da aula ao que eles correspondem no pa?
• a caixa de [doces] • os patr? os empres?os, o governo, etc.
• os alunos • o povo
• a professora • a riqueza
– Dos alunos da sala, quem voc?cha que reclamou mais? E quem voc?cha que n?reclamou? Por qu?
– Na opini?da maioria dos alunos, como a professora deveria ter distribu? os doces?
– A distribui? de doces feita pela professora ilustra a situa? de distribui? de renda entre os brasileiros. De acordo com o exemplo:
a) Quem fica com a metade da riqueza produzida no pa?
b) Para quem fica a outra metade?
c) Na sua opini? a minoria privilegiada reclama da situa??
d) E os outros, deveriam reclamar? Por qu?
– Dona Dinah, pela aula pr?ca que deu, talvez n?tenha agradado a todos os alunos. No entanto, voc?cha que eles aprenderam o que ?istribui? de renda?
– No final do texto, Mateus diz ao pai: “Toma esse neg?!”. E come?a dormir sem o globo terrestre.
a) O que voc?cha que o menino est?entindo pelo globo nesse momento?
b) Na sua opini? ?ela geografia que ele deveria ter esse sentimento?
– Segundo o narrador, a turma tinha entre onze e doze anos e n?estava interessada no assunto distribui? de renda. Na sua opini? existe uma idade certa para uma pessoa come? a conhecer os problemas do pa? Se sim, qual? Por qu?
– Os alunos que ganharam menos doces sentiram-se revoltados com a divis?feita pela professora.
a) Na vida real, como voc?cha que se sentem as pessoas que t?uma renda muito baixa? Por qu?
b) Que consequ?ias a baixa renda traz para a vida das pessoas? D?xemplos.
c) Na sua opini? as pessoas s?culpadas por terem uma renda baixa?
– Muitas pessoas acham que uma das causas da viol?ia social (roubos, furtos e sequestros, por exemplo) ? m?istribui? de renda. O que voc?cha disso? Voc?oncorda com essa opini?
Vejam voc?a que n?l chegou a educa? no Brasil.
Decididos a “despertar a consci?ia cr?ca” dos seus pequenos leitores – miss?suprema de todo professor/escritor amestrado na bigorna freireana (ademais, se o livro n?for “cr?co”, a editora n?quer, porque o MEC n?aprova, os professores n?adotam e o governo n?compra) –, mas cientes, ao mesmo tempo, da incapacidade das crian? para compreender minimamente, em termos cient?cos, o tema da desigualdade social, Cerej?e Therezinha (permitam-me a liberdade euf?a) optaram por uma abordagem emocional do problema. Afinal, devem ter ponderado, embora os alunos n?tenham idade para entender o que ? o que produz a desigualdade na distribui? das riquezas, nada os impede de odiar desde logo essa coisa, o que quer que ela seja.
A dupla de escritores assumiu, desse modo, o seguinte desafio (como eles gostam de dizer) “pol?co-pedag?o”: criar uma empatia entre os alunos e as “v?mas da injusti?social”; induzi-los a acreditar que toda desigualdade ?njusta, de sorte que para acabar com a injusti??reciso acabar com a desigualdade; e predisp?s, enfim, a aceitar ou apoiar a bandeira do igualitarismo socialista.
Como na cabe?de Cerej?e Therezinha vida de pobre consiste em sentir inveja de rico, era necess?o lembrar ?crian? como ?riste n?ter uma bicicleta, quando o amigo tem duas, ou n?ter uma boneca, quando a amiga tem v?as. Mas, em vez de chamar essa tristeza pelo nome que ela tem desde os tempos de Caim, o livro a ela se refere como “sentimento de injusti?.
Assim, al?de transmitir ?crian? uma vis?ideologicamente distorcida – e portanto falsa – dos mecanismos de produ? e distribui? da riqueza na sociedade e da realidade vivida por uma pessoa pobre, a dupla Cerej?e Therezinha as ensina a mentir para si mesmas, a fingir que sentem o que n?sentem e a berrar “injusti?” ao menor sintoma de inveja – pr?a ou de terceiro (essa ?ma presumida) – provocada por alguma desigualdade.
Como se v?isto n??ma aula, ?ma inicia? nos mist?os do esquerdismo militante!
Ou seja, no Brasil de hoje, os autores de livros did?cos j??se contentam em fazer a cabe?dos estudantes; eles querem danar as suas almas.
Trata-se, em ess?ia, de uma par? sat?ca da par?la dos trabalhadores da vinha, onde Cristo nos ensina, entre tantas outras coisas, que n?existe correla? necess?a entre desigualdade e injusti?e que ?le pr?o – o justo por excel?ia – a maior, sen?a ?a, fonte de desigualdades do universo. “Amigo, n?fui injusto contigo. N?combinaste um den?o? Toma o que ?eu e vai. Eu quero dar a este ?mo o mesmo que a ti. N?tenho o direito de fazer o que eu quero com o que ?eu?”
Que a palavra “sat?ca” – o esclarecimento ?o fil?o Olavo de Carvalho – “n?se compreenda como insulto ou for?de express? ?termo t?ico, para designar precisamente o de que se trata. Qualquer estudioso de m?icas e religi?comparadas sabe que as pr?cas de dessensibiliza? moral s?o componente mais t?co das chamadas ‘inicia?s sat?cas’. Enquanto o novi?crist?ou budista aprende a arcar primeiro com o peso do pr?o mal, depois com o dos pecados alheios e por fim com o mal do mundo, o asceta sat?co tanto mais se exalta no orgulho de uma sobre-humanidade ilus? quanto mais se torna incapaz de sentir o mal que faz”.
Vem da? sentimento de superioridade moral da milit?ia esquerdista que h?ais de trinta anos deposita seus ovos nas cabe? dos estudantes brasileiros, parasitando, como solit?as ideol?as, o nosso sistema de ensino.
Chamo a aten? para a mal?a empregada na montagem do experimento (pouco importa se fict?o ou real): se a professora houvesse distribu? os doces em conformidade com o desempenho alcan?o pelos alunos, eles entenderiam perfeitamente a raz?da desigualdade. Dificilmente algum deles se revoltaria. Mas, se isto fosse feito, o tiro sairia pela culatra, pois as crian? tamb?aceitariam com absoluta naturalidade o fato de na sociedade uns ganharem mais e outros menos. Para isso n?acontecer, a distribui? tinha de ser gratuita. S?sim o sentimento de inveja (que se pretendia instrumentalizar) n?seria contido pela percep? intuitiva de que, por justi?mesmo, uns de fato merecem receber mais e outros menos.
A coisa toda ??p?ida e t?covarde que somos levados a pensar – sobretudo ?ista das perguntas, que parecem haver sido formuladas por pessoas com o mesmo n?l de conhecimento e maturidade do p?co a que s?dirigidas – que os autores n?t?capacidade para perceber a gravidade do delito que est?cometendo contra crian? totalmente indefesas. Sem descartar essa possibilidade – o que fa?em benef?o dos pr?os autores –, h?az?de sobra para atribuir esse crime a uma causa mais profunda e mais geral.
“Hoje em dia – escreve Eduardo Chaves, Professor Titular de Filosofia da Educa? da Universidade Estadual de Campinas (http://chaves.com.br/TEXTSELF/PHILOS/Inveja-new.htm) –,
“o sentimento pelo qual a inveja pretende passar, a maior parte do tempo, ? de justi?– n?a justi?no sentido cl?ico, que significa dar a cada um o que lhe ?evido, mas a justi?em um sentido novo e deturpado, qualificado de ‘social’, que significa dar a cada um parcela igual da produ? de todos – ou seja, igualitarismo. (...)
Um postulado fundamental da ‘justi?social’ ?ue uma sociedade ?anto mais justa quanto mais igualit?a (n?s? termos de oportunidades, mas tamb?em termos materiais, ou de fato). ‘Justi?social’ ?portanto, o conceito pol?co chave para o invejoso, pois lhe permite mascarar de justi?(algo nobre, ao qual ningu?se op?seu desejo de que os outros percam aquilo que t?e que ele deseja para si, mas n?tem compet?ia ou ?n para obter. (...)
A luta pelo igualitarismo se tornou verdadeira cruzada a se alimentar do sentimento de inveja. V?as ideologias procuram lhe dar suporte. A marxista ?hoje, a principal delas. A desigualdade ?pontada como arbitr?a e mesmo ilegal, como decorrente de explora? de muitos por poucos. Assim, o que ?penas desigualdade passa a ser visto como iniq?de. (...)
O igualitarismo tornou-se o ? dos invejosos.”
O que vemos nesse livro de Portugu?– inclu? pelos especialistas do MEC no Guia do Livro Did?co de 2008 – ? prepara? do terreno; ? fumiga? que pretende exterminar ou debilitar as defesas morais instintivas das crian? contra o ataque da milit?ia socialista que as aguarda nas s?es subsequentes.
Mas, por favor, que ningu?desconfie da bondade desses educadores. Afinal, eles n?querem nada para si; s?apenas “trabalhadores do ensino” (como eles tamb?gostam de dizer), tentando contribuir para a constru? de uma sociedade mais justa. Vejam a Dinah: “?a professora, simp?ca, engra?a, bonita tamb?. Ora, quem somos n?ara discordar?
Assim postas as coisas, s?s resta pedir a Deus que proteja as crian? brasileiras da bondade militante dos seus professores.
* Coordenador do site www.escolasempartido.org