• Percival Puggina
  • 09/10/2015
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ENTÃO, VÍTIMA BOA É A VÍTIMA MORTA?


 Causou polêmica a recente pesquisa sobre o que pensam os brasileiros da frase "Bandido bom é bandido morto". A informação de que 50% concordam com tal afirmação alvoroçou determinados grupos de opinião, especialmente os seletivos defensores de direitos humanos dos criminosos. A frase e os que a ela aderem foram agraciados com vários adjetivos depreciativos: violentos, racistas, vingativos, destituídos de sentimentos de solidariedade e por aí afora. Significativo saber que a frase tem apoio de 44% dos pretos e 48% dos pardos. Também é significativo saber que ela não significa adesão a esquadrões da morte ou a linchamentos. Expressa, apenas, o fato de que a criminalidade saturou a tolerância social. E assim deveria ser entendida pelas autoridades.

 Apesar de não conseguir, por profundo antagonismo com minha formação católica, endossar essa opinião, eu quero afirmar que dela não se pode dizer que seja desumana ou irracional. É da natureza humana, perante o medo que lhe impõe o potencial agressor, desejar sua eliminação do mundo dos vivos, seja ele uma fera no mato, seja uma fera na cidade. O medo é um sentimento muito forte para que suas consequências na psicologia social sejam desqualificadas com motivações ideológicas. Tampouco se deve dizer que seja não razoável, irracional. Num país em que ocorrem quase 60 mil homicídios por ano, o número de bandidos mortos é muito menor do que o número das vítimas que produzem. Portanto, aritmeticamente, cada bandido na lista dos mortos gera um número significativo de não vítimas.

Em nosso país, na contramão das expectativas sociais, o presidente do Supremo Tribunal Federal anuncia como grande feito a criação de audiências de custódia que permitirão colocar em liberdade, mediante condições, criminosos presos que, apesar de presos em flagrante, só serão encarcerados após o julgamento definitivo. Para ele é uma iniciativa ótima! E note-se: muitos magistrados, independentemente das novidades aportadas pelo ministro Lewandowsky, já vêm adotando esse procedimento alegando a precariedade do sistema penitenciário.

Disparate? Absurdo? Sim, mas disparate e absurdo ainda maior é o fato de que, em nosso país, os estudos sobre o assunto se detêm no grande número de presos e não no número infinitamente maior de vítimas. Estas são esquecidas sempre que se trata da criminalidade em nosso país. A soltura de criminosos presos em flagrante é algo tão desconexo com o mundo dos fatos que me leva à frase título deste artigo. Será, então, que vítima boa é a vítima morta? É a eliminada, que não dá queixa, que sequer suscita investigação? Por que nossas autoridades, junto com esses intelectuais de meia prateleira e com esses políticos corretores de interesses não reconhecem o estrago feito e nos devolvem o Brasil?

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 


Gustavo Pereira dos Santos -   12/10/2015 13:19:56

Não consigo parar de rir do comentário do Paulo Tietê. RSRSRSRSRS. CHAMA O SAMU. RSRSRSSRSRSRS.

Ricardo -   11/10/2015 22:00:57

Respondendo à sua pergunta, meu caro Puggina: SIM, para "eles", vítima boa é vítima morta (de preferência morta com muito sofrimento e agonia). Algumas pessoas acham que a maioria dos nossos governantes e políticos são incompetentes quando o assunto é fazer leis que favoreçam as pessoas de bem no nosso Brasil. Eu, por outro lado, já cheguei a uma conclusão diferente: eles fazem o que fazem de propósito, tendo como objetivo final a morte e a destruição de tudo o de bom que possa existir no nosso país. Ou seja: eles só vem para roubar, matar e destruir, fazendo a vontade do "pai espiritual" deles: o Diabo.

Paulo Tietê -   11/10/2015 19:47:03

Perfeito o artigo. Na pesquisa faltou perguntar aos 50%, quantos deles, parentes ou conhecidos seus já foram vítima de bandidos. Alguns anos atrás, havia um padre (Se não me engano: Augusto Dalvit), que tinha um programa na rádio Guaíba onde costumava dizer que os criminosos precisavam de compreensão e educação e não punição . Num final de ano, o Arcebispo de POA foi assaltado e deixado nu no bairro Partenon ( O policial que o atendeu, falou pelo rádio da corporação: Já começou a borracheira. Está aqui um velho tarado, pelado, dizendo que é o Arcebispo de POA). No dia seguinte, em seu programa de rádio padre bradava que "os culpados deveriam ser identificados e severamente punidos". Como sempre: pimenta nos olhos dos outros é refresco...

Décio Antônio Damin -   11/10/2015 19:31:10

Claro que está tudo errado! Porém o choque entre as pessoas se torna inevitável na medida em que a população do planeta atinge a sua capacidade máxima e começa a luta pelo espaço vital! Os países desenvolvidos, econômica e culturalmente, perceberam isto e neles a limitação natural do número de filhos está ocorrendo! Como alimentar, educar, dar padrão de vida a um número crescente e desenfreado da população? Essas ocorrências no varejo são muito ruins e preocupantes e devem ser energicamente combatidas mas, penso, a derrota é inevitável se não houver uma mudança na abordagem do problema populacional. Tomara que eu esteja equivocado!

Edmundo Veiga -   11/10/2015 14:27:04

Infelizmente a fração de opinião de maior visibilidade nos meios de divulgação de nossa terra tem enorme compaixão pelos criminosos e transgressores e profundo desprezo e desconsideração pelas vítimas dos primeiros. Chega-se a pagar "bolsa presidiário" para a família dos criminosos e nenhum auxílio para a família das vítimas. Certamente a origem de nossa criminalidade desenfreada está na ausência aqui de justiça rápida que puna de maneira proporcional os delitos praticados. A impunidade tem efeito multiplicador na criação de novos transgressores uma vez que os maus se dão bem na quase totalidade dos casos, tornando-se exemplo de sucesso a ser imitado. A punição física imediata praticada em alguns paises para punir pequenos delitos, em lugar de ser proibida como ocorre aqui, é extremamente eficaz e barata, associando na mente dos culpados, causa com efeito. Prender por pequenos delitos, criminosos iniciantes em nossas cadeias imundas e assim mais superlotadas, os faz se graduarem para praticar crimes no futuro de muito maior gravidade. Melhor seria dar-lhes públicamente chibatadas. Manter transgressores condenados soltos por anos após o crime, enquanto se esgotam todas as possíveis chicanas jurídicas protelatórias é estímulo à formação de outros criminosos. Nem falar dos 30 anos como limite máximo de tempo de detenção, passível de redução para 1/6 da pena o que na prática torna 5 anos o máximo de tempo de prisão não importa a gravidade do crime. Esta falta de justiça gera medo e inconformismo por parte do cidadão comum. Não é a toa que grande parte da população aplaude quando um bandido flagrado é justiçado e morto ou espancado pelo próprio público que testemunhou o ato delituoso.

Gustavo Pereira dos Santos -   11/10/2015 13:47:37

Em tempo, meu primo atira muito bem, desde os 18 anos. Está com 55 anos, nunca feriu ninguém.

Gustavo Pereira dos Santos -   11/10/2015 08:27:45

Bobeei, cheguei tarde, nada a acrescentar. Publiquei na minha linha do tempo do FB. Data Venia, eu tenho um primo dentista que mora num sitio nos arredores de Phoenix, Arizona. Nunca fui lá, mas vi fotos e quem foi me disse que ele tem um arsenal em casa, desde armas de caça até metralhadoras. Posso pedir pra ele lhe receber e dar um treinamento gratuito.

Artus James Lampert Dressler -   10/10/2015 21:25:37

Como o problema agora é de sobrevivência dos bons que sejam imolados todos os maus; quantos mais o forem mais será minha oportunidade de continuar vivo, ainda que para isso precise ficar gradeado dentro de casa enquanto eles me espreitam esperando oportunidade para me caçarem pelas ruas desta "civilizada" depredada e retrógada capiital.

Janio Kerling Cacau -   10/10/2015 19:36:25

Como comentou a Maria-Maria, as leis atuais só beneficiam bandidos e foram feitas por eles. Infelizmente eu sou mais radical apesar de ser cristão, mas também parodiando um general americano, perdoar é com DEUS eu só quero que a sociedade antecipe o encontro. Portanto, sou favorável a pena de morte. Matou, estuprou, tem que morrer. E não precisa nem gastar dinheiro com bala e com enterro, encha um avião e soltem todos em alto mar, antes de-lhes uma boa dose de purgante. Se conseguirem nadar e chegar a algum lugar seguro, é porque DEUS quis e morrem afogados ou virarem comida de tubarões e baleias orcas, é porque DEUS já não os queria mesmo. Na minha cidade tinha um apresentador de programa policial que dizia: BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO, ENTERRADO EM PÉ PARA NÃO OCUPAR ESPAÇO.

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   10/10/2015 19:20:55

É incrível como o esquerdismo brasileiro consegue promover estratégica distorção da concepção dos Direitos Humanos, de acordo com a própria visão e ambição de poder: Para professores, estudantes de nível médio e superior, leitores e formadores de opinião em geral, "ensinam" que toda criminalidade deriva da "exclusão social" e, portanto, bandidos nada mais são do que "excluídos" da sociedade capitalista, que usaram da violência como "último recurso" à situação supostamente de extremo abandono e desespero. Portanto, em tais condições, teriam maior direito à proteção do Estado do que as próprias vítimas, já que estas, em sua maioria, seriam parte do"sistema opressor". Porém, para parcela ainda mais abrangente da população ( e neste caso há conivência e combinação precisa do marxismo com outras correntes de esquerda), além desta forma mais intelectualizada de distorção, deixam, de maneira sutil, perpassar a impressão de que tal mecanismo internacional nada mais é do que uma imposição de países estrangeiros (principalmente os EUA) para "sabotar" nossa estrutura social e estatal, com a finalidade exclusiva de consolidar seu domínio sobre nosso país. Pois digo que, ainda mais incrível que a manipulação ideológica esquerdista dos Direitos Humanos e seus componentes é o fato de que, mesmo cientes do que estava acontecendo durante todos estes anos , fomos simplesmente assistindo à banda passar e, somente agora, com a popularização das redes sociais, estamos conseguindo dar a um número mais significativo de cidadãos comuns a oportunidade de refletir sobre tamanho embuste.

Dirceu Guerra -   10/10/2015 19:03:19

Diria que, diante desse posicionamento do judiciário, quanto a soltura do preso, as famílias que tiverem alguém de seu assassinado por um ban dido solto, entre com queixa crime contra o magistrado que o soltou, responsabilizando-o senão pelo todo, ao menos por grande parte do crime. Que tenha que indenizar os familiares da vítima e caso o mesmo fosse o provedor da família, que o magistrado passe a prover a família de igual valor. Quem sabe dessa forma mudem o foco, dando atenção as pessoas de bem e não a bandidios. Pena de morte a todos os assassinos cruéis sejam de toga ou não.

Ricardo J M Lino -   10/10/2015 16:50:56

Caro Puggina. Teu comentário deveria ser reproduzido por toda crônica escrita e falada, ma acho que a maioria também esta comprometida com este governo e os direitos humanos, porque não seria desumanos, acho que para melhorar os direitos do povo do bem precisaria começar principalmente pelos juízes, STS e ministro da justiça, juntamente com o relato verdadeiro dos órgãos da imprensa, não só acusando policias sem analisar e verificar se realmente ouve covardia ou foi em legitima defesa.

maria-maria -   10/10/2015 15:05:30

Nada ocorre sem que seja programado para instalar o caos. As leis desta sbórnia são feitas por bandidos para seus iguais .Simples assim.

Carlo Germani -   10/10/2015 01:38:29

Caro Puggina,A Ascensão do petismo-comunismo ao poder,com o aval da Oligarquia Financeira Mundial ("os senhores donos do mundo") e de FHC/PSDB,é claro,com a revolução Gramsciana (a tomada do poder por dentro do Estado e da sociedade), programou TODO o caos generalizado que aí está no país. A violência urbana desde sempre é método padrão dos comunistas (vide o terror de Lênin e Stalin).Na verdade,não são 60 mil assassinatos/ano no Brasil.São mais de 100 mil,porque as estatísticas são parciais.E os que morrem dias,semanas,meses depois da agressão? E o mais estarrecedor é a "adaptação" da sociedade a essa "guerra civil".Carros blindados,cercas elétricas,alarmes de todos os tipos,vigilância cães ferozes,...,e para coroar essa fraude a aceiatção passiva ao estatuto do desarmamento. A combinação ideologia (petista-comunista e a meta de poder ditatorial e totalitário) + tráfico de drogas + juventude sem futuro + conivência e subserviência da grande imprensa e mídia em geral + (...) = terror urbano e social. Tudo palnejado e excutado para assim ser. PS:Aplicam a máxima Problema,Reação,Solução. Para quê? Para o golpe ditatorial e totalitário.E para tal o caos generalizado para que a sociedade exausta suplique por solução.

Ricardo Moriya Soares -   09/10/2015 18:51:55

Ainda sobre a questão dos "nossos" juízes que despejam criminosos e assassinos diariamente no seio da sociedade, me vem à cabeça a imagem de Benjamin Netanyahu encarando em silêncio os hipócritas no plenário da ONU... e no Brasil muitos hipócritas: juízes de todas as instâncias, bancários em greve prejudicando os mais pobres (que precisam usar fisicamente a agência bancária), agentes da Receita Federal que tem orgasmos ao autuar pessoas de bem que compraram bens com seu próprio dinheiro, ONGs que defendem abertamente bandidos ao invés das reais vítimas, etc. E todos eles com o mesmo argumento nefasto: estou apenas fazendo meu trabalho, amparado pela lei... assim como os juízes, fiscais e agentes que operavam na Alemanha entre 1933 e 1945, e que mandaram milhões de judeus, ciganos e outras "minorias indesejáveis" para o extermínio...

Genaro Faria -   09/10/2015 17:51:05

De todas as crises que as esquerdas autoproclamadas progressistas e revolucionárias conseguiram instalar em nosso país, a mais deletéria é esta que dispõe, em campos opostos, esses sábios que ocupam cátedras, púlpitos, edições de jornais, e o povo conservador em sua imensa maioria. O país de um só povo, uma só língua, predominantemente cristão e cantado em prosa e verso como cordial, como que pelo desencanto de um feitiço de bruxa muito má, passou a falar dois idiomas de raízes completamente distintas, a adorar deuses inimigos entre si e perdeu, assim, a unidade que desfrutava antes de entrar nessa torre de Babel. Os devotos que se pretendem humanistas são, na verdade, hipócritas que procuram esconder, sob o manto de uma falsa fraternidade, o desprestígio da lei e o estado falimentar da segurança pública e do sistema prisional. O que se verifica, e eles inutilmente querem escamotear, é que o monopólio estatal da aplicação da lei não funciona como deveria para garantir aos cidadãos do país o direito elementar de ir e vir em liberdade, e até mesmo o de morar em casas que não precisam estar cercadas de muralhas e equipadas com toda uma parafernália eletrônica de segurança. Então, para não admitirem o fracasso de suas políticas - das quais o Estatuto da Infância e da Juventude e a maioridade penal aos 18 anos são os exemplos mais eloquentes - eles passam a atribuir a culpa à intolerância da classe média e à tal dívida social, o vertiginoso crescimento dos índices de violência. A pergunta que me faço é se tudo isso é fruto da ignorância pura e simples ou se há mais do que incompetência e incúria por parte desses "iluminados".

Data Venia -   09/10/2015 17:30:15

NÃO ESTAMOS LIDANDO COM UM PARTIDO CORRUPTO, MAS COM UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: "Recebi várias ameaças. Recebi telefonemas de gente dizendo que ia acabar comigo. Chamei a Polícia Federal. Agora tenho andado com proteção. É claro que me sinto ameaçado. Eu não estou enfrentando meia dúzia de pessoas. Estou enfrentando uma estrutura de milhares de pessoas que têm cargos, que querem permanecer onde estão." Augusto Nardes http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,nardes-diz-que-ha-fortes-indicios-de-que-pedaladas-continuaram-em-2015,1776601

Ismael de Oliveira Façanha -   09/10/2015 14:45:28

Os paladinos dos direitos humanos em nosso País preocupam-se com o bem estar dos bandidos sob o poder do Estado, pregam o afrouxamento das punições, mas não se preocupam nada com os direitos dos cidadãos à paz, à integridade física, à liberdade. Obcecados pelo mito da luta de classes, vem no bandido, no facínora, uma vítima escura da opressão da classe "rica"; sempre os pobres lançados à injusta miséria pelos seus algozes, os malvados ricos. Se um Inocente há dois mil anos padeceu morte de Cruz nas mãos dos sacerdotes do Templo, outros inocentes morrem pelas ruas brasileiras morte de Sarjeta, ignorados pelos regentes da CNBB.

Ricardo Moriya Soares -   09/10/2015 14:36:19

O texto está um excepcional, concordo 150% e ainda irei divulgar vossas palavras para muitos conhecidos meus (muitos deles injustiçados pela nossa patética justiça!). Parabéns Mestre!