• Percival Puggina
  • 31/03/2017
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EMPODERAMENTO FEMININO É TOTALITARISMO SEXISTA

 

 O vocábulo "empoderamento" é dos mais horrorosos neologismos criados pela novilíngua esquerdista. Além de ser uma palavra desajeitada, carrega consigo aquela desonestidade intelectual que constitui trade mark do esquerdismo articulado e militante. Sempre que a escrevo, o corretor automático do word sublinha em vermelho, asseverando-me que não existe no nosso vocabulário. Contudo, a despeito da informação do dicionário, ela entrou em vigência, tem vigor e cobra reverências na novilíngua esquerdista.

 Há um esquerdismo honesto. Ele é alimentado por exóticas convicções e por uma fé que joga ao mar cordilheiras de realidade, montanhas de péssimas experiências históricas, mas é credor do respeito que merecem as severas convicções de quem as tem. Em contrapartida, há um esquerdismo militante profundamente desonesto, que conhece a realidade, fatos e tratos da história, que tem perfeita noção de seus fracassos e limitações, mas se mantém laborioso na faina do proselitismo, em vista do poder.

 É o caso de um certo feminismo que usa e abusa do termo empoderamento. Antes de qualquer consideração sobre essa apropriação parece importante afirmar e reafirmar a dignidade da mulher, o respeito e o autorrespeito que a dignidade impõe, especialmente, no plano dos direitos naturais. Não se trata de uma suposta igualdade dos sexos, porque isso seria lutar contra as desigualdades que a natureza providenciou, mas da igual dignidade de todos os seres humanos, independentemente das diferenças sexuais (o esquerdismo militante dirá "gênero").

Não se confunda empoderamento com reconhecimento de direitos. O sufixo "mento", derivado do latim "mentum", expressa o resultado de uma ação. Empoderamento, então, significa a obtenção de poder como ápice de algo que se faz. Ora, salvo circunstâncias muito particulares, o acesso ao poder independe gestos de boa vontade, e - menos ainda - de doações voluntárias. Poder, capacidade de mando, é um natural objeto de disputa. Mulheres das quais se diz "empoderadas", na vida pública ou no mundo dos negócios, alcançaram seus bastiões de comando por terem suplantado outros e outras que visavam a mesma posição. A justiça e a equidade se satisfazem plenamente se quem chegar ao poder o houver alcançado de modo legítimo, segundo as regras vigentes. Jamais por ser homem ou mulher. Exemplificando: a chanceler alemã Angela Merkel e a primeira-ministra do Reino Unido Thereza May chefiam os respectivos governos porque conquistaram a posição de liderança dentro de seus partidos. Dilma Rousseff foi empoderada por Lula. Viram no que deu?

Todo movimento que tenha em mira o puro e simples empoderamento feminino está fora da ordem natural em uma sociedade democrática. É ensaio totalitário sexista.

 

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.


 


Leonardo Melanino -   08/04/2017 19:07:20

Como sempre digo, todos os extremos são-nos maléficos, como feminismos e machismos, por exemplo. Nenhum sexo é inferior a outro nem seu contrário.

André Carvalho -   07/04/2017 18:42:05

As mulheres estão tão preocupadas, mas tão preocupadas em se igualarem aos homens, que vale até igualá-los no que eles têm de pior.

Cláudio Maciel Rodrigues -   02/04/2017 18:14:47

Na verdade , a esquerda militante traduziu à sua maneira a palavra inglesa " empowerment " , que numa tradução livre seria "fortalecimento". Coisas do esquerdismo profundamente desonesto como muito bem voce observou.

Carlos Edison Fernandes Domingues -   02/04/2017 12:40:24

PUGGINA ! Para aqueles que alardeiam a expressão "empoderamento feminino" só existe um ponto de apoio; que é uma pílula. Carlos Edison Domingues

Francisco Moura -   02/04/2017 01:41:14

Parabéns Puggina, você, como ninguém, consegue captar de forma brilhante a realidade dos nossos dias, e traduzi-la com sutileza e elegância, um dos melhores escritores do País. Que Deus o abençoe.

BRENO -   01/04/2017 18:34:32

EmpoLeiramento. kkkk

Ismael de Oliveira Façanha -   01/04/2017 17:55:17

O escritor Percival tem estilo sutil para tratar temas pesados. E nessa questão do FEMINISMO, eu já prefiro dar nome aos bois. O feminismo, tão caro ao PSOL e à "esquerda mau caráter", ideologizou para fins políticos os "sentimentos de castração e da INVEJA do pênis", tão bem descritos por Sigmund Freud, que os descobriu já em 1920. Essa pulsão "inferioritária" de imitação do macho, leva muitas mulheres à fumar, frequentar academias, praticar MMA e muay thay, envergar farda, e provarem as cerejas do bolo, que são a COMPLETA LIBERDADE SEXUAL e o poder além do bem e do mal sobre os "SEUS" bebês intra uterinos. Mas que pérfida hoteleira esta, a que mata seus hóspedes no silêncio da noite! O GÊNESIS nomeia a mulher AJUDADORA do Homem, e o apóstolo dos gentios, Paulo, escreveu que a esposa deveria em tudo ser submissa ao marido, e, nas reuniões, antes ouvir do que falar. Portanto, NÃO É BOM NEM NATURAL A MULHER TENTAR SER UMA VERSÃO "COVER" DO HOMEM. É Deus, criador da Natureza, e não eu, que assim dispõe.

cloe -   01/04/2017 16:37:36

Caro Percival. Plenamente de acordo com estas colocações. Fico muito triste quando amigas, que se consideram inteligentes, falam em empoderamento, querendo impor suas idéias feministas. Já ganhei antipatia ao tentar expor meus pensamentos. Muitas vezes faço o papel de ouvinte ....

Joma Bastos -   01/04/2017 16:32:00

O EMPODERAMENTO FEMININO, no meu ponto de vista, está mais ligado ao desenvolvimento social da mulher e à igualdade de oportunidades que a mulher tem na sociedade atual e que não existiam algumas décadas atrás. A mulher de hoje sente-se com maior liberdade de conjuntura, para ter a oportunidade de melhor estudar e trabalhar em prol da sociedade em igualdade de circunstâncias com qualquer indivíduo. Infelizmente em terras brasileiras, ainda vivemos muito atrasados no que respeita à possibilidade da mulher se formar academicamente e obter mérito pela sua qualidade individual, visto que muitas esposas foram e ainda são destinadas a somente viverem em seus lares para quase exclusivamente cuidarem de seus filhos. Nem os maridos queriam e ainda muitos não desejam deixar suas esposas terem formação acadêmica superior e quando a têm, muitas vezes servem apenas de status para a família ao ter uma cônjuge, uma mãe, um familiar com um curso universitário. Quanto à chanceler alemã Angela Merkel e à primeira-ministra do Reino Unido Thereza May, elas nasceram e viveram em países socialmente desenvolvidos, onde tiverem oportunidades de singrarem profissionalmente, algo que não acontece com o atraso cultural e social deste Brasil e da maioria dos países da América Latina. Um Ótimo Final de Semana!

Luzinete -   01/04/2017 14:21:56

Gostei muito da forma que colocou esse termo. Minha filha vem usando e eu disse a ela que o poder não é assim que funciona e ela me soltou um: __Até você mãe! As jovens influenciadas por esse esquerdismo desonesto saem a luta com armas de brinquedos e espero que não se machuquem com esse empoderamento irreal.

Dalton Catunda Rocha -   01/04/2017 11:02:01

Em resumo. Luta de classes morta; luta de raças posta.

Odilon Rocha -   01/04/2017 03:32:30

Caro Professor Nunca nos últimos tempos assistimos a tantos devaneios e comportamentos tão estapafúrdios por parte da esquerda como outrora. Prefiro o embate guerrilheiro, não por seus resultados e consequências. Óbvio.

Genaro Faria -   31/03/2017 18:16:22

Já houve, mas não pode mais existir um esquerdista honesto. Ou ele é desonesto ou é idiota. Tudo onde a esquerda põe a mão é para distorcer, dividir, usar ao seu bel prazer ou instrumentalizar para tomar ou se perpetuar no poder.