ELEITORADO FICHA SUJA
ELEITORADO FICHA SUJA
Percival Puggina
A eleição de políticos com ficha suja nada tem a ver com pobreza, ou etnias, ou padrões regionais de conduta. No Brasil inteiro elegem-se pessoas envolvidas em escândalos. Jader Barbalho não seria eleito se não fossem tão minguadas as exigências éticas de parcela expressiva do eleitorado.
É inadmissível crer, como tem sido afirmado, que os 1,8 milhões de eleitores do novo senador sejam pessoas que a miséria destituiu de vontade própria. Ninguém das elites daquele Estado votou nele? Sua campanha foi financiada por matutos coletores de borracha na mata? E quem elegeu José Roberto Arruda em Brasília, onde estão a mais alta renda per capita e o maior IDH do Brasil? Todos miseráveis candangos? Quem elegeu e reelegeu João Paulo Cunha como o deputado federal mais votado do PT de São Paulo? Os desempregados? E quem fez dele presidente da CCJ da Câmara dos Deputados? Os pobretões do parlamento?
São rasteiras e moralmente desprezíveis as motivações de voto de parcela significativa do eleitorado. Faz um discurso moralista na mesa do bar e coloca na urna um voto indecente.