A assim chamada classe política, há muitos anos, vem perdendo prestígio. Não é para menos. Os espaços de decisão nos parlamentos foram gradualmente sendo tomados de assalto por pessoas e grupos que conferem caráter criminoso a essa atividade. No sentido amplo da palavra - note-se - criminosos na vida pública não são apenas aqueles que se valem de métodos ilícitos para ascender na escalada financeira ou política. São-no igualmente os que usam de seu poder de decisão cuidando exclusivamente do interesse próprio, ou acovardando-se ante grupos de pressão, ou negociando apoios em troca de votos contra o bem comum. O crime que estes últimos cometem, embora não esteja capitulado em lei alguma, ofende a moral e exerce sobre o erário efeito mais devastador do que a corrupção. Seria ainda maior a insatisfação contra os políticos se os eleitores prestassem atenção à insensata criação de despesas, à concessão de privilégios a alguns às custas do que é de todos e ao pouco caso de tantos homens públicos para com seus deveres funcionais.
À sombra dessa realidade, prospera entre os eleitores uma rejeição "aos políticos" que se faz acompanhar, por vezes, da decisão de não mais votar. "Já me desiludi com tantos!", exclamava-se recentemente um amigo com quem conversava sobre isso. Aquela frase levou-me a uma reflexão que, em seguida, me trouxe às linhas que agora escrevo. Pus-me a listar os candidatos a cargos legislativos nos quais votei ao longo dos anos, até onde a lembrança alcançava. E - surpresa! - não encontrei uma única razão para arrependimento. Alguns se elegeram, outros não, mas todos tinham e mantiveram as qualidades que me levaram a lhes conferir confiança e voto. Aliás, em eleições parlamentares (deputados estaduais e federais, e vereadores), nunca me faltaram bons nomes em quem votar. O que muitas vezes faltou a tantos deles foram votos para obter o mandato que buscavam. Eu tinha um voto para dar e alguns a orientar, mas para os demais candidatos não tinha o que fazer.
Não tinha o que fazer, até hoje. O Brasil precisa que deixemos de lado a inibição. Entre as muitas coisas de que a nação carece, de que a vida pública está a exigir, estão muitos desses homens e mulheres que, por falta de voto, frustram suas vocações enquanto, na mesma proporção, a representação política perde qualidade.
O motivo pelo qual nunca me arrependi dos votos que dei está no fato de sempre os haver direcionado para pessoas cujos princípios, valores, ideais e convicções conhecia e compartilhava. A finalidade deste artigo, então, é disponibilizar pequena lista de candidatos que integram meu círculo de relações com proximidade e convivência. São pessoas nas quais eu votaria se tivesse vários votos a dar. Obviamente, existem muitos bons nomes nas listas de diversos partidos. Alguns, inclusive, são pessoas que conheço, mas com as quais mantenho um nível menor de relacionamento.
Os primeiros listados a seguir por ordem alfabética são membros do grupo Pensar +, candidatos a prefeito e a vereador de Porto Alegre, e têm o apoio do grupo. A prefeito: Fábio Ostermann e Nelson Marchezan. A vereador: Fernanda Barth, Felipe Camozzato e Ricardo Gomes. Também concorrem, e os destaco como merecedores de confiança: Fernando Coronel, João Carlos Nedel e Mônica Leal.
Os espaços da política são inóspitos às pessoas de bem. Por isso nos faltam estadistas. Então, quando pessoas assim se dispõem a atuar nesses ambientes, o melhor que podemos fazer é apoiá-las de modo decidido para que alcancem os votos necessários. Faça isso você também, esteja em que recanto deste país estiver. O Brasil precisa tanto dos bons quanto de livrar-se dos maus.
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Genaro Faria - 15/09/2016 11:56:10
CONVIDADO DE HONRA? - O saudoso Nelson Rodrigues dizia que o maior problema do Brasil é que "a ignorância perdeu a modéstia". Tinha toda razão o genial escritor, jornalista e dramaturgo recifense, radicado no Rio de Janeiro. Mas poderia ter acrescentado que a ignorância perdeu a modéstia e passou a dominar o cenário sentada num trono. O que ele diria, no entanto, de um ignorante chefe da maior organização criminosa de todos os tempos ser recebido, com honras de chefe de estado, como convidado especial da presidente da mais alta corte judicial do país? Talvez ele reescrevesse sua famosa peça, A Mulher sem Pecado.IvoHM - 14/09/2016 20:22:00
Caro Percival, o que você acha do Valter Nagelstein? Me parece bastante correto.Odilon Rocha - 14/09/2016 14:44:36
Caríssimo Professor Como voto em João Pessoa, PB, comentarei o CONVIDADO DE HONRA?, do Fique Sabendo. É impressionante o desplante, frieza, para não dizer algo chulo e escatológico, c....e andando, e o total desrespeito conosco. Ora! Se ela fez uma discurso todo empolado, tecendo loas ao povo e seus méritos, como, então, permite a presença do "cara" (segundo Obama 'Bin Laden')? A presença do patético e criminoso Lula simplesmente anulou tudo o que disse! Começa mal,...muito mal!, esta senhora! O Brasil vai de mal a pior nas mãos de quem está pouco se lixando para o País. Não são brasileiros; não se importam com a Nação tanto quanto se importam com suas destacadas posições que lhes rendem bons depósitos bancários, fora privilégios. E eu sempre me esforçando para acreditar que um dia teremos bois saudáveis para tirar a carreta do atoleiro! O esforço foi para o beleléu! Há muito. Um forte abraço OdilonGenaro Faria - 14/09/2016 13:34:18
Caríssimo Puggina, que bela e oportuna iniciativa! Mesmo numa campanha municipal, o que mais se percebe é uma imensa quantidade de eleitores descrentes ou desorientados quanto aos candidatos que se apresentam ao pleito para lhes pedir votos. Em minha cidade, no entanto, o eleitor já aprendeu que deve evitar sufragar os candidatos de partidos que dão sustentação política à quadrilha que nos assaltou. Um bom e previdente critério, mas é apenas o começo. Nós bem sabemos que há mais velhacos na política do que sonha nossa vã filosofia. E a especialidade de um vigarista é se passar por honesto ao escrutínio dos menos avisados. Estes que são, infelizmente, a maioria da população. Seu Grupo Pensar + está fazendo o que outros grupos congêneres deveriam fazer: informar o eleitor sobre o políticos que têm a vocação de um homem público, que é a de servir. Parabéns!