• Érico Valduga
  • 07/07/2011
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É VELHO: SE FICAR O BICHO COME, SE CORRER O BICHO PEGA

É VELHO: SE FICAR O BICHO COME, SE CORRER O BICHO PEGA Érico Valduga, em Periscópio Somente um político de prestígio e de habilidade invulgares pode liderar um governo de coalizão no presidencialismo sem prejuízos à ética pública Se o chefe do Executivo precisa dos votos do PR no Congresso, e por isto o partido enfeudou o ministério dos Transportes (orçamento de R$ 21.5 bilhões), a renúncia de Alfredo Nascimento é apenas mais um episódio escabroso do brete em que estamos metidos por força dos métodos gerados pelo presidencialismo imperial e pelo voto proporcional. A forma de governo e o sistema eleitoral facilitam a impunidade política e penal, e praticamente tornam o governante refém da coalizão que garante a aprovação de seus projetos no Legislativo. Nem bem o amazonense confirmou, na manhã de ontem, sua saída do governo, acossado por novas e graves denúncias de rápido enriquecimento de familiares e assessores, à tarde o Senado aprovou (46 votos a 18) a tal flexibilização na contratação de obras da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, em que não haverá licitações formais e os preços serão sigilosos até que o processo de contratação seja concluído. Quer dizer, a porteira aberta está aberta. Pretendem alguns que a presidente Dilma passa menos a mão pela cabeça de seus malfeitores do que o fazia o sindicalista que a antecedeu (e que pretende voltar ao Palácio do Planalto em 2014). Pode ser, mas passa, porque passar é método da gestão em que não se pode brigar com legendas da base de apoio. É do partido aliado, por acordo que obriga as partes, a indicação de quem o representa no Executivo, como forma de pagamento dos votos no Legislativo. Por que existiu o Mensalão, prezados leitores? Foi a moeda de Lula, em negócio com dinheiro vivo, deputado por deputado. O resultado foi o maior escândalo de corrupção da história do país. Até agora. Hoje, o dinheiro flui dos superfaturamentos de preços e aditivos nos contratos com órgãos da União, para os caixas 1 e 2 das agremiações e dos parlamentares. E irá continuar como moeda de Dilma e de qualquer outro presidente da República, em maior ou menor grau.